“Vamos conseguir fazer algo inédito em Erechim, o êxodo urbano”, disse Bruna Dariva
Um marco para a história da agricultura familiar
A agricultura familiar, em específico o agronegócio que envolve toda a cadeia produtiva, tem sido a grande aposta para o futuro. Não podia ser diferente, é considerado o setor mais competitivo da economia brasileira. Dentro deste contexto e com intuito de mostrar caminhos, o Instituto Jaci De Lazzari, colocou-se a disposição para apoiar e contribuir com conhecimento, para que alguns sonhos dos pequenos agricultores de Erechim e região, tornem-se realidade. O instituto irá auxiliar um grupo de agricultores em intercâmbios, estudos, implementação da ISO e demais programas de qualidade e incentivo na Itália. Durante a semana, estabeleceu-se uma conversa com a presidente da Associação da Feira Central do Produtor de Erechim e, embaixadora da campanha ‘Mulheres Rurais’ na Região Sul do Brasil, Bruna Dariva, que ficou responsável por criar um grupo disposto a ‘modificar’ a história da agricultura no município.
“Crescemos quando várias pessoas se juntam, acreditam num sonho”
Bruna, 29 anos, é produtora de queijos naturais, todos com leite homeopatizado, no interior de Erechim. Produz cerca de 600 quilos de queijo por semana. Há sete anos ela retornou ao campo, assumindo a propriedade dos pais, enquanto os mesmos passaram a residir no meio urbano e auxiliam nas atividades. Ela também é sonhadora e, apaixonada pela agricultura familiar. “Sonho grande e a agricultura é o combustível. Acredito que nós jovens somos responsáveis pela mudança, está em nossas mãos toda à transformação em levar saúde à mesa das pessoas, em tirar do papel tantas ideias. Estamos trabalhando com o projeto de uma fábrica de leite orgânico, onde ficamos responsáveis com o processamento, fortalecendo a cadeia ao nosso redor, pois não se cresce sozinho. Crescemos quando várias pessoas se juntam, acreditam num sonho, fortalecendo as famílias, fazendo com que a renda chegue a todas, gerando renda e qualidade de vida”, disse entusiasmada.“O mundo agro vive a era de grandes oportunidades”
Bruna vê nesta iniciativa, com apoio do instituto, a oportunidade de mostrar aos agricultores que é possível trabalhar sem agrotóxicos, permanecer no campo com qualidade de vida, com todos os benefícios e, chegar aos 70 anos sem ter câncer. “De pequenos vamos ser grandes. Essa viagem será o antes e o depois da agricultura familiar, porque hoje está todo mundo fazendo igual aprendeu há 50 anos, como os avôs faziam. Vamos trazer inovação para o campo, o mundo agro vive a era de grandes oportunidades. Ir para a Itália e ver como eles são organizados em cooperativas, conhecer o mercado, o que está sendo produzido, será enriquecedor. Além dos produtores, as cooperativas também farão parte, para compreenderem como é a organização da produção, para que depois possam distribuir o que cada um vai plantar. Dessa forma, a produção vai girar o ano inteiro, não só na época de safra, gerando desperdício e dificuldades financeiras”, destacou Bruna.
Tornar propriedades rentáveis
Ela também acredita que com conhecimento e direcionamento, será possível fazer algo inédito no município. “Vamos vivenciar o êxodo urbano, os jovens vão ver a mudança e voltar para as suas propriedades. Essa oportunidade que está sendo proporcionada de estudo, parceria, de vivenciar na prática a área no qual o agricultor tem mais afinidade, é, um salto para o desenvolvimento econômico. Vamos conhecer e depois implantar padrões de qualidade, tornar propriedades rentáveis. Os produtores têm a maior boa vontade de trabalhar e fazer melhor, mas não sabem por onde começar”, disse.
Fortalecer a agricultura para as próximas gerações
Ainda comentou que muitas mudanças já foram realizadas. “Recentemente tivemos a experiência dos agricultores que foram para a França e visitaram uma propriedade que trabalha com a cadeia do leite. Eles ficaram maravilhados e estão mudando a história dos seus municípios. Com a oportunidade de ir para a Itália, não vamos como turistas, mas com o intuito de promover a mudança, estudar e disseminar a ideia. É a chance de melhorar toda a cadeia, mexer em todas as áreas e fortalecer para as próximas gerações”, finalizou Bruna.
Por Carla Emanuele