Terra sem Lei

Operação envolvendo quase 300 policiais militares e soldados do Exército foi realizada na reserva indígena do Votouro, entre Benjamin Constant do Sul e Faxinalzinho, na quinta-feira, 02 de agosto.

A ação conjunta, a maior já desencadeada nas áreas indígenas da região, objetivou cumprir 14 mandados de prisão preventiva e 18 de busca e apreensão. 

De acordo com a Polícia Federal, as investigações que levaram ao desencadeamento da operação denominada “Terra Sem Lei”, iniciaram no mês de março, “a partir do homicídio de um indígena dentro da reserva.

 

 

Posteriormente, em maio, o sobrinho do prefeito de Benjamin Constant do Sul foi morto na região, e o próprio prefeito foi mantido em cárcere privado e torturado, fatos que também passaram a ser objetos de inquérito da Polícia Federal”. Os crimes investigados na Operação Terra Sem Lei são: homicídio, tentativa de homicídio, incêndio criminoso, rixa qualificada, organização criminosa, cárcere privado e tortura.

 

Efetivo chama atenção em Erechim

Para os erechinenses, o dia que antecedeu a operação foi atípico. No meio da tarde um helicóptero da Brigada Militar começou sobrevoar a cidade e logo em seguida, dezenas de viaturas da Polícia Federal foram vistas chegando à cidade pelos dois lados da BR 153. Em seguida começou a correr em grupos de whatsapp possíveis ações que estariam acontecendo em bairros do município.

 

Mais tarde novas viaturas da Polícia Federal chegaram a Erechim e se uniram a dezenas de outras da Brigada Militar. Com a chegada de dois caminhões do Exército Brasileiro, transportando soldados armados, houve quem afirmasse que estaria tendo início uma intervenção militar. Ao final da quarta-feira, as buscas por informações concretas, realizada pelos repórteres apurou que a operação aconteceria no dia

seguinte.

 

A Operação

Os repórteres acordaram ainda na madrugada para poder acompanhar o efetivo, que pretendia chegar ao Votouro junto com o nascer do dia. Conforme o comboio de viaturas avançava pela área indígena, grupos iam se deslocando para destinos específicos. Todas as saídas e entradas da reserva foram bloqueadas e ninguém atravessava as barreiras antes de ser identificado e se necessário ter o veículo revistado. Ao mesmo tempo, os policiais iniciavam o cumprimento dos mandados e o helicóptero da Brigada Militar sobrevoava o local para evitar possíveis fugas para as áreas de mata.

Usando detectores de metal, soldados do Exército efetuavam buscas pelas paredes e telhados das casas e ao longo dos terrenos, verificando a possível existência de armas, inclusive fuzis, enterradas ou em esconderijos, mas nada teria sido encontrado. Dos 14 mandados de prisão, três teriam sido cumpridos, entre eles o do cacique, Eliseu Garcia, que conseguiu se esconder no interior da reserva, mas se entregou no final da manhã. Garcia também é suspeito de movimentar cerca de R$ 30 milhões por ano em arrendamento de terras e partilhas de produção agrícola com produtores e granjeiros da área. O grupo armado que, supostamente seria comandado por ele, teria deixado a reserva ainda durante a madrugada e não foi localizado. Já os índios que há poucos meses fugiram do local por medo da violência, segue acampado em Passo Fundo.

Por Alan Dias

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