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Respeito, visibilidade e luta: 1º Diversidade em Debate reúne grande público

Erechim viveu um momento histórico na noite última sexta-feira (29). A chuva e o frio não até assustaram, mas não intimidaram o público, que lotou o plenário da Câmara de Vereadores decorado com as cores da luta para prestigiar e participar de uma importante e cada vez mais necessária discussão. Organizado pelo coletivo Erexim Diversidade, foi realizado o 1º Diversidade em Debate, com o objetivo de conhecer as demandas da comunidade LGBTI do município, bem como lutar por direitos e políticas públicas e buscar entender o porquê de tanto ódio contra esta população.

Participaram como debatedores convidados pelo coletivo o psicólogo Thiago Peppes, o defensor público da vara da família e juventude Angelo Trevisan, o historiador André Ribeiro, a normalista Bruna Guimarães e o médico Edezio Detoni. Também foram convidados os 17 representantes do Poder Legislativo erechinense, dos quais apenas as vereadoras Sandra Picoli e Eni Scandolara e o vereador Alderi Oldra se fizeram presentes. O Poder Executivo, igualmente convidado, não enviou representante.

Que vivemos tempos difíceis para qualquer minoria já não é mais novidade para ninguém. No entanto, como expôs André em seu pronunciamento na tribuna, esta perseguição aos LGBTIs não é de hoje, e muitas vezes é amparada no discurso religioso. “Um dos primeiros códigos de punição aos homossexuais encontra-se na bíblia, em Levítico: ‘com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é’. Sabemos que a punição nesses casos era morte por apedrejamento. Cito esta referência para que entendamos como essas ideias perpassam o tempo e chegam até hoje, pois muitas vezes alguns fazem uso desta mesma escritura para justificar a violência contra nossa população”, explicou.

A necessidade de mais espaços para discussão e uma maior reflexão acerca do que dizem as minorias foi defendida por Bruna, a fim de evitar que a violência sofrida por estas pessoas deixe de ser apenas verbal. “O que nós queremos não é apenas lembrar do legado das pessoas mortas, mas também fazer com que elas não morram mais. Não basta apenas lembrarmos delas depois que morreram, e aí discutir o que elas tanto nos diziam em vida”, refletiu.

Respeito à Constituição e apoio familiar

Em sua fala, Angelo reforçou a importância da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de março deste ano, que diz que transexuais e transgêneros poderão mudar de nome sem a necessidade de cirurgia. O defensor frisou, ainda, que, se a Constituição fosse devidamente respeitada, teríamos um cenário diferente em nosso país. “A luta é difícil, mas a Constituição, que é nossa norma máxima, estabelece uma sociedade sem qualquer tipo de discriminação, seja de origem, raça, cor, gênero, sexo, orientação… A partir disso devem ser interpretadas todas as outras normas e decisões”, enfatizou.

Pai de uma filha homossexual, Edezio destacou a necessidade de não se reforçar preconceitos contra a população LGBTI, e, além de expressar o orgulho que sente por sua filha, valorizou o papel da família no apoio a estas pessoas. “Precisamos falar de

amor. O preconceito é tão forte que eu vejo aqui poucos pais. Os pais têm que ser os primeiros a apoiar. Não só a apoiar, mas lutar junto e se colocarem ao lado”.

Já o psicólogo Thiago Peppes abordou questões como os principais conceitos referentes à diversidade, gênero e ao próprio movimento LGBTI. Em sua fala na tribuna, ele condenou o binarismo existente na sociedade, que não permite, muitas vezes, uma fuga do que é considerado um padrão. “Ou é masculino, ou é feminino; ou é forte, ou é frágil; azul ou rosa; gordo ou magro; rico ou pobre. A nossa sociedade é movida por esse pensamento, ela é binária. Ou você é isso, ou você é aquilo. Quem transitar no meio termo é taxado como anormal, como doente, como pecador, como criminoso”, rechaçou.

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