Quando o jogo que terá um dinossauro como personagem principal chegar ao público autista, um caminho de intenso aprendizado terá sido percorrido. A ideia de desenvolver um jogo virtual para os autistas surgiu após uma visita dos acadêmicos do curso de Design da Faculdade Anglicana de Erechim (FAE) à Aquarela Pró-Autista e agora conta com o suporte do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas para ser efetivada.
Assim tem sido desde o início do ano de 2019: de um lado uma boa ideia; do outro estudantes dispostos a adotar projetos para colocar a teoria aprendida em sala de aula em prática, dando vida a ideias. Já no terceiro semestre, os estudantes de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da FAE começam a desenvolver projetos e, ao final do curso, cada acadêmico terá sido responsável por tirar cinco ideias do papel.
“O fato de ser uma proposta que tem a preocupação de ajudar o próximo nos motivou a escolher este projeto. Participar desta experiência tem sido uma grande oportunidade de colocar os aprendizados do curso em prática”, enfatiza o acadêmico Ariel Bonetti, que está no nível 4 e será um dos responsáveis por desenvolver o jogo proposto por Matheus Willian da Silva. “Apesar de ser virtual, este jogo trará desafios sociais ao jogador, proporcionando experiências físicas como dar um abraço em um amigo, por exemplo, para auxiliar na dificuldade de interação dos autistas”, explica o proprietário do projeto.
O caminho que agora une os dois estudantes de cursos diferentes é o mesmo que conecta representantes de cerca de 20 empresas e entidades de Erechim e região, que estiveram na FAE no início do ano letivo para uma conversa inicial com os estudantes, onde foram apresentados os 27 projetos que serão concluídos até a metade do mês de novembro.
Para o MyClub, os acadêmicos estão trabalhando num projeto de geolocalização precisa, que vai ajudar a empresa a encurtar a ampla esteira de desenvolvimento que possui hoje. “Esta também será uma oportunidade de tornar a nossa empresa mais vista pelos desenvolvedores e de conhecer o nível de profissionais que a FAE está entregando para o mercado de trabalho. Importante ressaltar que toda a nossa estrutura foi colocada à disposição dos
alunos para que possam solucionar, junto aos nossos desenvolvedores, qualquer dificuldade técnica que encontrarem”, enfatiza o MyClub.
Como um canal importante na articulação da teoria com a prática, integrando os conhecimentos e competências tratadas nas diferentes disciplinas do curso, os projetos interdisciplinares a serem executados por acadêmicos do 4º e 6º semestres terão prazo de seis meses para serem concluídos. Já os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) estão sendo desenvolvidos deste o início deste ano. Durante todo o período de desenvolvimento, os estudantes são orientados por professores do curso e participam de reuniões com os proprietários dos projetos, que também podem acompanhar e dialogar sobre as evoluções das propostas via internet. Ao final, requisitos como comprometimento, assiduidade, responsabilidade e respeito aos prazos de entrega são transformados em notas para os estudantes.
“A principal intenção dos projetos é criar significado para as teorias que são repassadas em sala. Um dos principais desafios que temos agora é deixar a linguagem técnica mais acessível aos proprietários dos projetos, para facilitar a comunicação entre as partes”, destaca o coordenador do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da FAE, professor Rogério Ciotti.
Uma das principais novidades, desde a implantação desta nova modalidade de avaliação dos alunos, foi o feedback dos proprietários e dos alunos, que contribuiu para melhorias na sistematização dos processos. Para o assessor de Projeto, Processo e Qualidade da Sicredi UniEstados, Iran Joel Bandurka, “notamos que nossa missão ia além da participação como proprietários de projetos e, por isso, trouxemos um pouco dos conhecimentos que aplicamos diariamente na área de gerência de projetos para melhorias desde o encaminhamento dos projetos até a etapa de avaliação”, conta Iran.
A Advocacia Kist, empresa de consultoria jurídica, também foi consultada para a assinatura de um termo que deixa claro, por exemplo, ao concedente e aos alunos, que a instituição não tem interesse na propriedade do código, mas sim em proporcionar experiências concretas para os alunos.