Debates encerrados: Agora jurados decidem futuro dos réus no caso da Boate Kiss
A fase dos debates no julgamento dos réus no processo da Boate Kiss foi encerrada por voltas das 16h desta sexta-feira, 10. Ministério Público e advogados de defesa se confrontaram em 4 horas de réplica e tréplica.
O assistente da acusação Amadeu Weinmann abriu a réplica solicitada pelo MP dizendo que a condenação dos réus não é o que ele pedia, mas é o que a humanidade precisa, afirmou.
Depois falou o promotor David Medina que defendeu que os jurados mantenham o crime de dolo eventual, rejeitando a desclassificação, para que os acusados recebam condenações proporcionais ao ocorrido na Boate Kiss. Ele criticou a carta psicografada trazida pela defesa de Marcelo dos Santos no dia de ontem (09).
Não estamos aqui num espaço religioso. Este não é o momento e este não é o espaço”, afirmou. Medina fez mensão a atuação de Jean Severo que rasgou livro de sua autoria no plenário.
“Aqui se pega um trabalho de um profissional de vários meses, que tem a dedicatória a um filho como eu fiz e rasga na frente do autor. Pra que? Para ganhar Ibope?”, questionou.
A promotora Lucia Callegari encerrou o espaço da acusação mostrando um vídeo com cenas fortes do interior da boate após a tragédia:
Condenem os quatro! Eles têm responsabilidade e não podem passar ilesos! A história não pode ser repetida! Todos nós choramos por Santa Maria, mas não podemos chorar de novo. Se desclassificarem ou absolverem, estarão dizendo: façam, que não dá nada!”
A tréplica da defesa foi iniciada pela advogada Tatiana Borsa que disse que a condenação do vocalista da Banda Gurizada Fandangueira é uma injustiça. “A gente não quer vingança, quer justiça, e justiça é absolver Marcelo”, disse a defensora.
Por várias vezes ela pediu a absolvição de seu cliente.
Foi uma fatalidade, ninguém anuiu com o resultado”.
Advogado Mário Cipriani, defensor de Mauro Hoffman defendeu a absolvição de Mauro por ausência de conduta ou desclassificação para crime culposo. Disse que se quer criar uma responsabilização por contrato social.
Mais comedido do que normalmente é, Jean Severo diz que Luciano não pode ser condenado.
Levantem as nádegas da cadeira e vão visitar a boate. Quatro anos sentados em cima do TAC. Tinham que estar aqui sentadinhos”, diz o advogado se referindo ao MP.
Ontem David Medina citou Chico Buarque, hoje Bruno Menezes citou Caetano Veloso. Jean Severo usou frase atribuída a Gildo de Freitas: “Todo gaúcho é gritão”. Severo finalizou dizendo que ama a liberdade, e ama defender o pobre. “Porque essa é minha vocação”, diz Severo. Ele sentiu-se mal após sua fala e foi atendido por uma equipe médica.
Jader Marques é defensor de Elissandro Spohr e fechou a tréplica. Advogado faz cronologia sobre a Kiss, dizendo que reclamações sobre o som são anteriores à entrada de Elissandro. “Toda a história da Kiss está dentro do TAC. Alguém está errado”.
Defensor critica acusação do Ministério Público, que não trouxe agentes públicos para o banco dos réus. “Restaram os quatro”. Defesa argumentou que Elissandro não assumiu o risco de produzir o resultado, porque não imaginava o uso dos fogos, o que significa ausência de dolo.
Jader finalizou dizendo “Condenem qualquer um deles pelo certo, e o certo não é dolo”.
Às 16h05min, após uma breve reunião com MP e representantes das bancadas de defesa, o juiz Orlando Faccini determinou intervalo de 20min antes da reunião na sala secreta que vai definir o futuro dos quatro réus.