Vítima da Kiss se emociona ao falar sobre momento em que tentava sair da boate na noite do incêndio
O segundo depoimento deste domingo, 05, no julgamento dos réus no processo da Boate Kiss foi carregado de emoção. Um sobrevivente da tragédia contou detalhes de como lutou pela vida na noite do incêndio ocorrido em Santa Maria.
Delvani Rosso iniciou seu depoimento contando sobre sua chegada a Boate Kiss. Ele é natural de Manoel Viana e estava visitando amigos em Santa Maria. Entrou na boate por volta da 1h e ao acessar o local já percebeu que estava muito quente.
O sobrevivente carrega em todo o corpo as marcas das queimaduras sofridas durante o incêndio no interior da Kiss. Ele estava com o irmão e mais cinco amigos na boate, três deles morreram. Sobre as dificuldades de sair ele disse “tu era empurrado para onde a massa ia”.
Sobre os momentos em que buscava a porta de saída da boate, Rosso deu detalhes que emocionaram a muitos no salão do júri. Alguns passaram mal e foram levados para atendimento médico.
Meus joelhos começaram a enfraquecer. Quando eu fui caindo eu fui me despedindo da minha família e meus amigos e pedindo perdão por alguma coisa que eu tivesse feito. Caí no chão e sentia queimar. Coloquei as mãos no rosto e desmaiei”, diz Rosso.
Ele contou que o irmão ajudou a retirar vítimas de dentro da boate. “Os homens ele puxava pelo cinto e as mulheres pelos cabelos porque se pegasse pelos braços ele tirava o couro”, afirmou Delvani. Ele contou que acordou em choque, urrando por socorro.
O sobrevivente ficou um mês em coma e teve três paradas respiratórias. “Tenho algumas lembranças de quando estava no hospital de Caridade. Estava imóvel, todo enfaixado, só conseguia olhar e pensar. Eu era um prisioneiro do meu corpo”, disse.
Ao ser questionado sobre sequelas, sobrevivente Delvani Rosso pede para mostrar as marcas que carrega no corpo. Durante seu depoimento os números passaram a ganhar nomes. Henrique, Cassio e Jacó são alguns dos amigos de Delvani que morreram na tragédia da Boate Kiss.
Delvani contou que ouviu que os seguranças trancaram as portas achando que havia ocorrido uma briga. O irmão da vítima relatou que foram dois ou três minutos e que se tivessem aberto antes muitas pessoas poderiam ter se salvado. Ele concluiu sua fala contando que nunca foi procurado por nenhum dos acusados após a tragédia.