O diretor da Universidade Federal Fronteira Sul, Campus de Erechim, Luís Fernando Santos Corrêa da Silva, foi o entrevistado do programa Hora Extra desta quarta-feira, 10. Ele avaliou as demissões em massa no INEP e falou dos riscos dessas exonerações para o ENEM que ocorre nos dias 21 e 28 de novembro. Luís Fernando avaliou também a diminuição no número de participantes no Exame Nacional do Ensino Médio.
Ele afirmou que as demissões são um fato bastante preocupante por serem servidores públicos que ocupavam cargos comissionados em funções essenciais para o Enem e para outros programas de avaliação do INEP, como o próprio ENAD que mede um dos indicadores dos cursos superiores.
É um fato profundamente lamentável pela forma como ocorreu e isso está muito vinculado ao perfil da atual gestão do INEP. O que se menciona é que não há uma competência técnica do ponto de vista da gestão para realizar essa série de avaliações que o órgão acaba sendo responsável. Não há uma divisão de responsabilidade pelos êxitos e principalmente pelos equívocos que são realizados durante esse processo, além de casos de assédio moral que estão sendo reiteradamente feitos pelo presidente do INEP e que são relatados por esses servidores”.
Para Luís Fernando Santos Corrêa da Silva o que é mais preocupante é o pedido de exoneração do diretor de logística que seria o responsável pela distribuição das provas do Enem.
O diretor do campus Erechim da UFFS falou também sobre a diminuição no número de participantes do ENEM em 2021. “Nós tivemos mais de 8 milhões de estudantes realizando a prova e neste ano teremos pouco mais de 3 milhões o que é um decréscimo de mais de 50%”. Para ele dois fatores primordiais explicam essa diminuição. “O primeiro é que vivemos um período de crise econômica e nesses períodos o destino do estudante do ensino médio das camadas populares acaba sendo o mercado de trabalho de modo complementar a renda da família e auxiliar no sustento da casa e outro elemento que precisa ser destacado é que a política de isenção do Enem acabou se modificando nos últimos anos, tornando essa isenção mais difícil para os jovens mais carentes. É uma dificuldade porque o pagamento da inscrição acarreta em um aporte financeiro em um momento de crise, com preços elevados e muitos acabam optando por não realizar o Enem”.
Luis Fernando acredita que os há riscos para o ENEM tanto na aplicação de provas quanto nas etapas seguintes do exame.
O que parece mais preocupante é os pós prova, porque temos etapas que envolvem correção e isso parte justamente desta equipe que pediu exoneração. A demissão em si, depende de publicação no Diário Oficial e é muito provável que isso ocorra logo depois do encerramento desta etapa”.
O diretor da UFFS explicou que as o ingresso dos estudantes na universidade no próximo ano depende das etapas seguintes ao exame, porque elas envolvem não só o cronograma do ENEM, mas das Universidades que consideram a nota do Enem para ingresso no ensino superior.
É importante que estas notas estejam à disposição no máximo no início de fevereiro para que as universidades possam fazer o chamamento dos candidatos, as matrículas e possam começar o seu ano letivo” concluiu.