Mais de 40 membros das 7 Paróquias da cidade de Erechim e Áurea, Itatiba e Severiano de Almeida receberam certificado de conclusão do Curso de Servidores no final de missa no Santuário de Fátima, nesta terça-feira, festa de São Josafá, grande promotor da unidade dos cristãos,natural da Ucrânia e martirizado na Rússia em 1623.
A missa foi presidida pelo Administrador Diocesana e concelebrada pelo Diretor da Escola Diocesana e Coordenador de Pastoral, Pe. Maicon Malacarne, e – padres, com a participação de três diáconos.
Na missa, houve oração por Dom Girônimo Zanandréa, recentemente falecido, e pelas necessidades da Diocese que aguarda a nomeação de seu novo Bispo.
No início da celebração, Pe. Maicon apresentou os concluintes do curso, com as pessoas das respectivas comunidades e padres que os acompanhavam. No final, conduziu a entrega do certificado de conclusão do curso aos seus participantes, cumprimentando-os e exortando-os a continuarem a sua formação e a cultivarem o espírito do serviço.
Na homilia, o Administrador Diocesano se referiu ao enfoque da liturgia no mês de novembro, as realidades últimas da vida, convidando à renovação da esperança na peregrinação terrestre para a vida em plenitude junto do Pai. Destacou a leitura do dia que falava da imortalidade e o evangelho que lembrava que os seguidores de Cristo devem viver seus compromissos e por fim considerar-se servos inúteis. Observou também que o curso habilita seus participantes a um ministério na Igreja, que deve ser vivido forma gratuita, desprendida, sem esperar elogios, gratificações, sem nenhum ar de superioridade, de autopromoção, de concorrência para vem quem faz melhor, mas todos procurando servir da melhor forma possível a comunidade. Exercê-lo de forma colegiada, em harmonia com outros ministros, agentes de pastoral, lideranças e em plena comunhão com o pároco e constante formação permanente, tendo à frente Cristo, que veio para servir e Maria que se declarou a serva de Deus.
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Íntegra da homilia
No mês de novembro, no qual ocorrem os últimos domingos do tempo comum, a liturgia nos convida a aprofundarmos as realidades últimas da vida, a dimensão escatológica de nossa existência, o horizonte amplo de nossa peregrinação terrestre.
E ela nos apresenta um final maravilhoso, a vida plena em Deus. Assim, com todo realismo possível, olhamos com otimismo e renovada esperança para o futuro. Não caminhamos para o nada, mas para a plenitude. Não recordamos a realidade implacável da morte e a certeza do julgamento com medo.
Caminhamos confiantes, ancorados na fé e na esperança, praticando o amor a Deus e aos irmãos e irmãs.
Caminhamos edificados pelo testemunho dos santos e mártires, como São Josafá, hoje celebrado. Ao ser martirizado, disse: “Vós me odiais até a morte, e eu vos levo no coração”.
Caminhamos na certeza da imortalidade, proclamada na leitura desta celebração. Nossa vida está nas mãos de Deus, Confiando nele compreenderemos a verdade e perseverando no amor, ficaremos junto dele, porque ele nos garante a graça e a misericórdia.
Caminhamos para o Pai com fé simples, humilde e gratuita. É o que Cristo ensina com a parábola do Evangelho de hoje. Fala de um homem que trabalha no campo de outro. E aqui não se trata de transpormos literalmente o texto ao campo das relações de trabalho, de empregador e empregado. Fazê-lo seria manipular o texto traindo os direitos dos trabalhadores, já tão reduzidos na economia de mercado sem ser nada economia de solidariedade.
O Evangelho diz que depois de cumprir o que lhe foi mandado, não faz mais que sua obrigação. Por isso, o patrão não lhe deve agradecimento. E a conclusão de Jesus: assim deve ser convosco: depois de fazerdes tudo o que vos foi mandado, dizei: somos servos inúteis. Fizemos o que devíamos fazer.
Significa que o seguidor de Cristo trabalha pelo Reino de forma gratuita, em total disponibilidade, sem esperar nada em troca. O serviço de Deus não se rege por contrato de trabalho. Não que o trabalho do discípulo na obra de Deus não tenha valor ou que ele não o valorize. Mas ele tem tanto mais valor quanto mais gratuito. Assim estaremos retribuindo a Ele que nos ama gratuitamente.
Ser servo inútil significa renunciar a toda busca de recompensa ou de vantagem pessoal. Agir pela simples alegria de fazer o bem. Pela felicidade de agir gratuitamente, pois assim estaremos desfrutando do bem que realizamos e estaremos agradecendo a Deus por podermos fazer o bem. Significa também não lançar diante de Deus ações realizadas, supostos merecimentos ou direitos. Significa reconhecer que se algo fazemos não era mais do que obrigação ou era retribuição a Deus que nos deu muito mais. Neste espírito de gratuidade e generosidade a serviço do Reino estaremos celebrando a alegria de servir. E estaremos imitando Cristo que se fez o servo de todos.
São Bernardo de Claraval dizia: “O verdadeiro amor não fica sem recompensa, mas não ama nem vive para a mesma”.
Isto, naturalmente, é completamente oposto à mentalidade consumista, comercial, lucrativa que marcou e impera sempre mais na sociedade atual.
Esta passagem do evangelho é coincidentemente oportuna para este ato de conclusão do curso de servidores que habilita vocês a um ministério na comunidade cristã. Ela nos dá o espírito com que devemos exercê-lo. De forma gratuita, desprendida, sem esperar elogios, gratificações, sem nenhum ar de superioridade, de autopromoção de concorrência para vem quem faz melhor, mas todos procurando servir da melhor forma possível a comunidade. Exercê-lo de forma colegiada, em harmonia com outros ministros, agentes de pastoral, lideranças e em plena comunhão com o pároco e em constante formação permanente.
Para entendermos melhor esta passagem, lembremos para Cristo: ele assegurou que veio para servir e não ser servido. Olhemos para Maria que se declara a serva do Senhor.