Visando à qualificação do cultivo da nogueira Noz Pecã na região do Alto Uruguai, a Emater/RS-Ascar e a Prefeitura de Erechim, através da Secretaria da Agricultura, promoveram Encontro de Produtores e Técnicos nesta quinta-feira (16/08), na propriedade do produtor Julio Kotliarenko. Cerca de 90 pessoas, entre produtores e técnicos, participaram do evento, marcado por palestras técnicas e orientações didáticas. Após a abertura do evento, às 9h, que contou com a presença do secretário municipal da Agricultura de Erechim, Leandro Basso, e lideranças locais e regionais, a programação seguiu com as palestras.
Os engenheiros agrônomos e assistentes técnicos regionais da Emater/RS-Ascar em Sistemas de Produção Vegetal, Luiz Ângelo Poletto e Alfredo Schons. Poletto apresentou um panorama da situação da fruta na região e Schons palestrou sobre implantação do pomar, polinização e nutrição. Segundo Poletto, na região do Alto Uruguai são cultivados 45,7 hectares, com produção estimada em 20 toneladas, envolvendo 33 produtores. “Há potencial, principalmente pelo bom preço pago na região pelas agroindústrias e padarias”, afirmouj.
Na formação do pomar, Alfredo Schons destacou a importância da adubação para a formação da amêndoa e do enchimento, escolha da área, proteção com quebravento e irrigação. O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar chamou atenção de outros fatores importantes, como clima e exigência de horas frio de algumas variedades. Outra opção de cultivo da nogueira pecã recomendada é no sistema consorciado silvipastoril.
Na sequência, palestraram os pesquisadores Marcelo Sulzbacher, do Centro de Ciências Rurais (CCR), e Diniz Fronza, do Colégio Politécnico da UFSM. Fronza falou sobre as potencialidades da nogueira pecã, manejo da cultura (poda, irrigação, pragas, doenças, colheita, secagem, embalagens, além de exigências e mercado futuro), destacando um conjunto de medidas de manejo da cultura que pode trazer rendimento econômico ao produtor. Dentre as formas de manejo, chamou atenção para a poda correta, para proporcionar aumento da produção e do rendimento, além de facilitar o manejo da cultura, luminosidade e ventilação e destacou a importância do coroamento em volta da planta, com cobertura de palhada, entre outros materiais, para proteção da nogueira.
O pesquisador Marcelo Sulzbacher falou da Importância da matéria orgânica, microrrizas e potencialidades das trufas. Ele relatou que, juntamente com o pesquisador Fronza, encontrou as verdadeiras trufas (Tuber sp) junto aos pomares de nogueira-pecã da região Central do Estado. O pesquisador explicou que as trufas são cogumelos subterrâneos muito raros, utilizados na culinária. Muitas destas espécies de fungos são comestíveis e utilizadas nos restaurantes europeus, podendo chegar a custar R$ 2 mil o quilo. Segundo ele, geralmente, são utilizados animais treinados, como cachorros, para a localização das mesmas, pois desenvolvem-se abaixo da superfície do solo. Sulzbacher e Froza estão inoculando estas trufas em mudas de nogueira para avaliar o desenvolvimento em várias regiões do Estado. O objetivo da pesquisa, segundo ele, é ampliar a renda para os produtores de nozes.
Sulzbacher explicou ainda como se comportam os fungos e as vantagens destes organismos, com ênfase para o grupo das micorriza. A presença de fungos significa que o pomar está bem manejado, observou. Entre as práticas de manejo, reforçou a importância da cobertura vegetal como vital no crescimento da planta.
Prática
As recomendações sobre muda, plantio, condução e manejo do pomar e fungos foram demonstradas em três estações, na propriedade do produtor Julio Kotliarenko, onde ele cultiva pomar com 130 árvores de nogueira. As orientações foram repassadas pelos palestrantes Alfredo Schons, Marcelo Sulzbacher e Diniz Fronza. No local, técnicos e produtores fizeram perguntas e esclareceram dúvidas. A atividade também foi acompanhada pelo técnico agrícola da Secretaria Municipal da Agricultura, Tobias Biasi.