De estudante franciscana à professora no São José, conheça a história de Bruna Girardello

Ela iniciou a trajetória no Colégio em 1993, com 6 anos. Hoje, segue na escola inspirando e educando jovens e adolescentes. Uma de suas estudantes, aliás, foi sua irmã, Betina

A cada dia construímos nosso caminho a partir das escolhas que fazemos. A caminhada construída pela professora do Colégio Franciscano São José de Erechim, Bruna Girardello, é especial para a escola, que em 2018 completa 95 anos.

Veja os detalhes desta linda história, contada pela própria Bruna – que de aluna São José, nos idos de 1993, hoje ministra aulas de Biologia para estudantes do Ensino Médio.

“Nasci em 1987, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Meu pai se chama Flávio Augusto Girardello e minha mãe Gabriele Menegati Girardello. Tenho uma irmã que terminou o Ensino Médio no ano passado, chamada Betina.

Minha mãe é artista plástica e atualmente trabalha mais na parte de cerâmica, e também desenvolve projetos artísticos com outras pessoas da área. Meu pai é cirurgião, e há aproximadamente 2 anos trabalha também no atelier junto com minha mãe, produzindo muitas peças de cerâmica utilitárias no torno elétrico. A cerâmica acabou se tornando um “empreendimento familiar”, no qual eu também faço algumas peças e minha irmã faz as fotografias, e todos auxiliam a montar e desmontar os fornos, etiquetar as peças e fazer a parte de venda.

Quanto à vida escolar, entrei no São José na primeira série no ano de 1993, com 6 anos. Segui ali toda minha formação escolar, e as turmas do meu ano foram as primeiras a fazer os 3 anos do Ensino Médio no próprio colégio, que acabara de ser implementado.

Quando era pequena, lembro de esconder minha mochila porque não queria ir pra aula – gostava sim da escola, mas eu simplesmente amava ficar em casa. Um dia meus pais fizeram um acordo comigo: disseram que eu só precisava estudar até a oitava série (na época ainda era assim), e depois poderia fazer o que quisesse. Funcionou muito bem, nunca mais reclamei e até esqueci da história. Quando terminei a oitava série, eles olharam para mim bem sérios e disseram: “E daí, vai parar de estudar?”. Rimos muito, até porque eu nem lembrava mais do acordo.

Claro que não desisti, entrei no ensino médio e lembro desta época com mais clareza do que as anteriores, pois é a fase da vida em que começamos a nos sentir mais adultos e responsáveis, e também a época em que encontramos professores com os quais nos identificamos mais. Vários destes que foram meus professores são hoje meus colegas – a querida mãe Cleci, Enderson, Diego, Rodrigo (com quem divido a matéria) e André.

Sempre gostei muito do apoio que recebemos da equipe do colégio, e lembro que nossa formação e nossas ideias para o futuro eram de grande interesse para os professores, coordenação e psicólogos, que nos deram todo o incentivo para tomar as decisões necessárias. A proximidade e os laços que formamos com todos os que estão a nossa volta, e a facilidade com que isso acontece, para mim sempre foi o diferencial do São José. Muitos da minha turma iam para casa almoçar, e logo voltavam para a escola (mesmo sem ter aula à tarde) para tocar violão, conversar e tirar dúvidas dos conteúdos com professores que estivessem por lá. Hoje que tenho a chance de acompanhar o lado dos professores, vejo que muitos dos estudantes, anos

após terem passado por lá, continuam a voltar para visitar a equipe e contar sobre suas vidas. É um vínculo que fica para sempre.

Após minha formatura do Ensino Médio, em 2004, fiz vestibular e entrei na Universidade de Joinville – UNIVILLE – no curso de Ciências Biológicas com Habilitação em Biologia Marinha. Foram 4 anos de estudo e aprendizado maravilhosos, onde fiz amigos para a vida toda, conheci novos lugares, novas realidades, aprendi a morar sozinha e não morrer de fome, a colocar dois despertadores para tocar de manhã a fim de não perder o ônibus da faculdade (sempre gostei de dormir muito de manhã).

Após a formatura retornei a Erechim, mas minha ideia era fazer mestrado fora. No entanto, a vida dá voltas e acabei conhecendo meu marido – na época namorado – e adiando os planos de ir embora. Pesquisando, encontrei o Mestrado em Ecologia da URI e, como sempre foi uma área de interesse, fiz a seleção. Passei, cursei o mestrado e foi outra época incrível, na qual fiz grandes amigos que mudaram minha maneira de ver as coisas. Inclusive uma das minhas colegas de mestrado era professora no São José antes de mim, mas precisou sair e queria indicar uma pessoa para substitui-la. Disse a ela que eu teria interesse, e foi assim que a coordenadora Cleci me chamou para conversar.

No ano de 2015 comecei como “profe” de Biologia, mesmo ano em que minha irmã entrou no ensino médio. Sim, dei aula para a minha irmã e todos os colegas dela que conhecia desde pequeninhos! Amei a experiência.

Sigo no colégio até hoje, amo os dias de aula, e procuro fazer o máximo para repassar aos estudantes um pouco do amor que tenho pela natureza e o que podemos fazer no dia-a-dia para amenizar nosso impacto sobre ela, especialmente nesta época de oferta e consumo desenfreado de coisas que, muitas vezes, não necessitamos.

Também sou uma apaixonada pela dança, que faz parte da minha vida desde antes de eu nascer – minha mãe sempre dançou muito. Então ministro aulas de dança, na sala do ginásio do próprio Colégio Franciscano São José, em paralelo com as aulas de biologia, e fico muito feliz com o fato da escola também valorizar estas aptidões dos professores e estudantes. Há 4 anos o ensino médio do colégio realiza a Primavera Cultural, um espetáculo artístico protagonizado e organizado pelos estudantes, no qual dança, teatro, música e declamação se combinam, fazendo apresentações lindas e inesquecíveis.

O fato de o colégio comemorar 95 anos no ano em que o município comemora seu centenário (2018) já diz muito por si só. Acredito que a qualidade do ensino se reflete na sociedade, à medida que os ex-estudantes alcançam seus objetivos profissionais e começam a atuar – tanto na cidade quanto fora dela, e também do país.

Parabéns São José pela sua história, e agradeço pela oportunidade de fazer parte dela!”

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