UFFS vai atuar na conservação de documentos de quando Erechim ainda era colônia
Processos crimes do início do século XX serão higienizados e catalogados por alunos do curso de História.
Documentos sobre a formação de Erechim, do início do século XX até o final dos anos 1980, serão higienizados e catalogados por acadêmicos do curso de História da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). São processos crimes que remontam aos tempos em que a cidade ainda era uma colônia e que podem auxiliar na compreensão de muitos aspectos não apenas da comunidade erechinense, mas de vários municípios do entorno.
O trabalho é um projeto de extensão realizado no Campus Erechim e coordenado pela professora Caroline Rippe. Mais de 100 caixas com documentos foram entregues à Universidade nos últimos dias.
– Esse material é vital para o entendimento da historicidade criminalística, hábitos e atuação da força policial e judiciária na região, que possui uma condição de imigração tardia peculiar em relação às demais cidades – explica Caroline.
Os processos estavam inicialmente no Arquivo Histórico Municipal, que os entregou ao Fórum. Conforme a docente da UFFS, devido à falta de espaço, o órgão só armazena documentos de até 50 anos. O que não é guardado, vai para o descarte.
– Essa incineração geralmente é uma norma-padrão da arquivística – conta a professora. – O curso de História da UFFS, junto com a gestão atual do Arquivo, julgou que o material é interessante e pode proporcionar muitas pesquisas em relação à historicidade do crime e das leis, além de possibilitar a análise da sociedade erechinense e das cidades aos arredores em épocas mais remotas.
Os processos deverão ser devolvidos ao Fórum para incineração no prazo de 3 a 5 anos. Mas antes disso acontecer, os acadêmicos da UFFS cuidarão para que as informações sejam preservadas e que seu acesso seja ampliado.
– Como a documentação está suja e bem precária, ela terá dois usos: primeiro, familiarizar os estudantes do curso de História com a instrumentalização de práticas de conservação preventiva de documentos históricos, por meio de aulas e oficinas. E, segundo: digitalizar os documentos para melhor acesso a pesquisas e escrita da História – explica Caroline.
Falta de mão de obra coloca em risco patrimônio histórico da região
Nos próximos dias ocorre a seleção dos bolsistas que atuarão para recuperar a materialidade da documentação entregue ao projeto da UFFS. Eles também serão responsáveis por ler os processos e interpretá-los. Segundo a professora, as atividades incrementam não apenas a formação dos acadêmicos, mas também repercutem no cuidado com o patrimônio histórico regional.
– Ao iniciar os alunos nas práticas museológicas da conservação preventiva e pequenos reparos, o estudante que tiver acesso a esses conhecimentos sai do curso com esse diferencial, que a ampla maioria das licenciaturas em História e muitos bacharéis não possuem no Estado. Em contrapartida, o ofício do historiador é justamente problematizar as fontes históricas, e, tendo acesso a esse material inédito, muitas oficinas de prática e desenvolvimento textual podem ser feitas dentro dos componentes curriculares ou mesmo fora deles, como atividades de pesquisa e extensão – destaca Caroline.
– Na região de Erechim e arredores constantemente são feitas demandas ao nosso curso neste quesito das boas práticas documentais e de acervos tridimensionais. É um elemento importante essa instrumentalização dos alunos, pois não apenas a docência, mas o emprego deles em arquivos, centros de memória escolar ou institucional formam um profissional mais completo. Por falta de mão de obra especializada vemos o descaso com o patrimônio histórico na região. À medida que uma educação patrimonial começa a ser feita na universidade e atinge a comunidade, esse sentimento de pertencimento histórico dos indivíduos e comunidades se torna mais claro, promovendo boas relações entre o passado e o presente – completa a docente.
Por Assessoria de Comunicação