Ocorreu no dia 11 de fevereiro a primeira reunião entre representantes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim e a empresa contratada para a construção de uma usina solar fotovoltaica. A UFFS foi contemplada com aproximadamente R$ 1,7 milhão por meio de um edital do Ministério da Educação (MEC), que prevê a construção de sistemas fotovoltaicos em Instituições Federais de Ensino. A usina será construída em uma área próxima ao Restaurante Universitário e deverá suprir a demanda de energia dos campi Erechim, Passo Fundo e Cerro Largo.
Conforme o professor Marcelo Esposito, a potência da usina será de aproximadamente 400 quilowatts pico. “A empresa contratada é de Belo Horizonte e a ideia é de que ela execute a obra no prazo de 10 meses”, conta o docente. O Campus Erechim receberá 22 kits de placas de 18,48 quilowatts pico cada um. “O tamanho da área ocupada pela usina pode variar de 3.400 a 5.000 metros quadrados, dependendo do projeto final que ainda será apresentado pela empresa, que tem de dois a três meses para apresentar o projeto elétrico a ser encaminhado para aprovação da RGE. Nos meses de maio e junho começam a chegar os materiais em Erechim e, depois, ocorre a instalação”, informa Marcelo.
Segundo o docente, foi feito um levantamento em todos os campi da UFFS para mapear quais teriam pessoas interessadas em trabalhar com a questão da energia solar fotovoltaica. “O único professor que tem pesquisas e formação na área sou eu. Um dos motivos de a usina vir para o Campus Erechim é o fato de que já há uma planta de pequeno porte instalada aqui e que está sob minha responsabilidade”, diz o professor.
A reunião do dia 11 ocorreu em um dos laboratórios da Universidade. Participaram, além de servidores do Campus, servidores da Reitoria e também representantes da empresa contratada. A empresa já construiu outras usinas em outras Instituições Federais de Ensino pelo país. Além de acertar detalhes do cronograma da obra, a reunião serviu para que as equipes pudessem verificar a área do Campus onde serão instalados os equipamentos.
A expectativa para a construção da usina é grande. Não apenas por dar conta da demanda de energia, mas também porque a novidade servirá para o incremento das atividades acadêmicas, conforme explica o professor Marcelo. “Na parte de consultoria, por exemplo, pode-se, junto com a empresa júnior do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, a EngTech, termos projetos de consultoria para construção de usinas de maior porte fora da Universidade. Ou seja, estamos falando também do cunho mais didático, pedagógico, de pesquisa e de prover conhecimento para a indústria, dialogando com a comunidade”, afirma o docente.
O diretor do Campus Erechim, Luís Fernando Santos Corrêa da Silva, também participou da reunião na semana passada. Ele destaca que a Instituição tem um compromisso histórico com a sustentabilidade. “A produção de energia limpa acaba se inserindo nesse compromisso que a UFFS tem com a comunidade regional”, comenta. “A implantação dessa usina de energia fotovoltaica acabou surgindo a partir de uma determinação do MEC, que tem por objetivo reduzir os custos com energia elétrica dos campi de Universidades e Institutos Federais. Mas aqui no nosso caso, mais particularmente, é muito importante destacar que essa usina poderá ser utilizada no âmbito da pesquisa e da extensão. Além de termos um benefício econômico com a implantação dessa usina, nós vamos ter o benefício acadêmico, que pode contribuir de forma decisiva principalmente para o curso de Engenharia Ambiental e Sanitária.”
Energias renováveis no RS
O professor Marcelo Esposito explica que, hoje, a energia eólica e a solar são as principais fontes de energia considerando as questões ambientais. “A vantagem destas em relação à energia hidrelétrica, que é a que tem mais aqui em nossa região, reside principalmente no fato de que elas não requerem área alagada, por exemplo. A hidrelétrica precisa ter sistemas que consomem uso de óleo e de outros agentes químicos que certamente influenciam o meio ambiente. A grande vantagem de não ter uma área alagada também está na redução do impacto com a comunidade. Não é preciso tirar as pessoas do lugar em que elas vivem”, diz o professor. As placas da usina fotovoltaica não produzem nenhum resíduo para o meio ambiente. “Já as termelétricas, que queimam carvão e produzem bastante material particulado com relação à atmosfera, também poluem o solo quando elas devolvem as cinzas para seu depósito”, acrescenta Marcelo, mestre e doutor em Engenharia Química pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
“O Rio Grande do Sul ainda tem muito a crescer quando o assunto é energia limpa. Teremos um conceito claro de energia limpa quando não precisarmos mais de termelétricas no caso do nosso estado. Há sim a necessidade de complementação de energias. Mas um estado que é rico em rios e recursos hídricos, rico em ventos”, diz o docente da UFFS.
“Quando se investe em usinas termelétricas a carvão, é sinal que há uma deficiência muito grande com relação a energia renovável – que eu espero que, a longo prazo, ela passe a ser totalmente renovável, com geração distribuída, e que cada usuário possa produzir a sua energia na sua residência”, pontua Marcelo. “No momento em que tivermos a geração distribuída com toda sua legislação clara para todos os cidadãos, aí sim certamente vamos falar de energia renovável de fluxo contínuo, que vai se perpetuar pra sempre”, finaliza.