Tortelli presta homenagem aos trabalhadores de Erechim pelo aniversário de 100 anos do município

O deputado Altemir Tortelli (PT) homenageou, no Grande Expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa desta quinta-feira (26), os 100 anos do município de Erechim, que serão completados dia 30 de abril. Localizada no Alto Uruguai, a cidade é a segunda mais populosa do Norte do Rio Grande do Sul, com mais de 102 mil habitantes, e ocupa a 17ª posição no ranking do PIB gaúcho. “Queremos homenagear neste Grande Expediente os agricultores e os trabalhadores, que são os responsáveis pelo desenvolvimento do município, mas são sempre os últimos a serem lembrados”, afirmou o petista, na abertura de seu pronunciamento.

O parlamentar traçou um panorama da evolução do município, a partir do trabalho dos primeiros colonos que se estabeleceram em lotes de 25 hectares, formando pequenas propriedades diversificadas, que alavancaram o desenvolvimento da região. “Erechim foi projetada pelo governo de Júlio de Castilhos para a ocupação por colonos de áreas habitadas por índios e caboclos com o objetivo da produção de alimentos para a população de um Estado com a tradição da pecuária extensiva”, historiou.

Segundo Tortelli, o desenvolvimento de Erechim teve profunda relação com a ferrovia que ligou o Rio Grande do Sul a São Paulo, cortando o sertão do Alto Uruguai. A estrada de ferro partia de Itararé, em São Paulo, até Santa Maria da Boca do Monte, atravessando 2.152 quilômetros numa viagem de três dias.

A primeira leva de imigrantes estrangeiros chegou em 1912. A colônia recebeu também agricultores vindos de outras localidades do Rio Grande do Sul, como Estrela, Taquari, Montenegro, Caí, Caxias, Antônio Prado e Bento Gonçalves. “Pela ferrovia, chegaram imigrantes de 26 diferentes etnias, atraídos pelas notícias da qualidade da terra, da oferta de madeira e erva mate: italianos, poloneses, judeus, franceses, tchecos, ucranianos, austríacos, russos, suecos, romenos, lituanos, holandeses”, listou o parlamentar.

A imigração, conforme ele, produziu resultados até hoje percebidos. “A imigração tem o efeito da sociabilidade. Povos com necessidade de se reunirem, falarem o idioma da terra natal e aprenderem com outras nacionalidades”, explicou.

Ciclos econômicos

Tortelli analisou, sempre do ponto de vista dos trabalhadores, os vários ciclos econômicos que marcaram o desenvolvimento do município, da extração da erva mate e da madeira no início da colonização, passando pela produção agrícola até o processo de industrialização a partir da década de 1970. O desenvolvimento, conforme o petista, foi rápido. “Em três anos já se destacava a produção de banha e a venda de madeira para o Sudeste brasileiro, para o Centro do Estado e fronteiras da Argentina e Uruguai. As terras foram valorizadas e a região do Alto Uruguai tornou-se uma das mais ricas do Rio Grande. Em 1917, a família Pagnoncelli instalou a casa de comércio Economia do Povo, seguida pela Casa Oito, da Família Müller”, revelou.

A emancipação ocorreu em 30 de abril de 1918. “Tudo aconteceu depois que o Estado extinguiu a décima primeira aula pública para o sexo masculino. A população reagiu, exigindo a emancipação”, contou.

Em 1920, o município já agregava vinícolas, ervateiras, dezenas de serrarias, gasosaria, moinhos, pequenas oficinas, alfaiataria, carpintarias, curtumes, depósito de gasolina, funilarias, ferrarias, fábrica de canivetes e de chinelos, ourivesaria, padaria, tipografia, sapatarias e selarias, além de meia dúzia de hotéis.

O deputado afirmou ainda que Erechim foi o berço propulsor do cooperativismo, entre os anos 20 e 30, com as cooperativas da banha, trigo e leite. “Em 1957, foi inaugurada a Cotrel, a mais importante cooperativa gaúcha na sua época”, frisou.

Hoje, a produção industrial diversificada – alimentação, informática, metal mecânica, eletroeletrônica, calçadista, confecção, fundições, construção civil, madeireira, moveleira, equipamentos de previsão e rodoviários – é a principal atividade econômica do município. “São cerca de 700 empresas, reconhecidas localmente e com relações comerciais nacionais e internacionais”, pontuou.

Aulas em barraco

Tortelli afirmou ainda que a educação teve peso decisivo no desenvolvimento da comunidade. “No início, eram as comunidades que tratavam de instalar escolas em residências particulares e pagavam os professores. O Estado contribuía pouco. Assegurar estudo aos filhos significava a defesa de seus interesses, a comunicação e o domínio do Português”, enfatizou.

Ele lembrou a história do professor Carlos Mantovani, que chegou em 1917 e, em poucos dias, passou a ministrar aulas em um barraco. “Foi ele quem conquistou a criação de um grupo escolar e realizou campanha pela vinda dos irmãos maristas, que fundaram o Colégio Medianeira, e das irmãs franciscanas, que criaram o Colégio São José. A escola pública fundada por Mantovani deu origem às duas maiores escolas públicas de Erechim: a José Bonifácio e a Mantovani”, declarou.

O ensino superior foi, segundo Tortelli, o resultado de uma luta de décadas. Hoje, o município conta com núcleos da Universidade de Passo Fundo, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e o campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul.

A luta dos trabalhadores de Erechim e da região nos anos de 1980 foi, conforme o petista, de “grande importância para o surgimento de um novo sindicalismo, que passou a lutar pela Previdência Social para a mulher e pelo aumento do benefício para os homens, pelo Sistema Único de Saúde, por crédito e pelo reconhecimento da agricultura familiar como unidade de produção”. “Algumas destas bandeiras foram conquistadas na Constituição de 1988”, apontou.

Os desafios para o município, na sua avaliação, ainda são grandes. “Além de fortalecer a agricultura familiar, é preciso enfrentar os gargalos de infraestrutura de transporte, energia e acesso à informação”, defendeu.

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