A população de Erechim e região do alto Uruguai vive há mais de 40 anos com uma ferida aberta após a demolição da Igreja Matriz São José que, na época foi alegado problemas estruturais, teoria levada até o fim mesmo com o uso de dinamites. Uma dor que não cura e é carregada geração após geração.
Após este hiato de tempo, sendo sempre pautada por historiadores e artistas locais, um antigo sonho de erguer uma réplica da mesma começa a tomar forma após a doação de terreno à Mitra Diocesana. Como mentor da iniciativa, Luiz Ademar Onhatte.
Abraçada pela Mitra Diocesana de Erexim, possibilidade tem tudo para dar certo e trazer novamente, porém em outro local, um dos maiores símbolos arquitetônicos que esta cidade já teve e que, por ironia do destino, sucumbiu pela ideia do modernismo.
Audiência Pública ocorrida na noite da última quarta-feira, 30, no Plenário da Câmara Municipal de Vereadores, teve como mote a “Apresentação da Minuta do Projeto de Lei, alterando a Lei de número 6.256, de 15 de dezembro de 2016, que dispõe sobre o desenvolvimento urbano, sobre o zoneamento de uso de uso do solo urbano”, que abre as possibilidades para a execução do mesmo.
Na Mesa de Trabalhos, o Bispo Diocesano Dom José Gislon, o Chefe de Gabinete Roberto Fabiani, o secretário de Obras Vinícius Anziliero, o secretário do Planejamento José Camargo e o presidente em Exercício do Poder Legislativo, vereador Ilgue Rossetto e o vereador Alderi Oldra que presidiu os trabalhos.
Abrindo os trabalhos, Vinícius destacou que existem, dentro do Plano Diretor, as Unidades Especiais (UE). “Nestas não se pode fazer qualquer projeto, pois deve seguir as mesmas regras ambientais. Um local para se colocar algo que a comunidade quer, com regramento específico. Já existem Unidades Especiais que se definem pelo mapa oficial do município, neste caso es específico, está em pauta o processo de aprovação da réplica da Igreja Matriz São José”.
Quem irá aprovar o projeto será o Conselho da Cidade, uma área de 600 metros quadrados, localizada na rua Dom João Cláudio Colling, Loteamento Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, bairro Bandeirante, entre os bairros Cotrel e Agrícola.
Em sua manifestação, Dom Gislon lembrou que, quando chegou em Erechim ficou sabendo da história da Igreja Matriz e do sonho da comunidade em ter uma réplica. “Olhar este projeto com uma proximidade maior. Importante destacar a sensibilidade do prefeito e secretários pela importância do projeto, lembrando as comunidades que se formam, pois estas são ações que envolvem a vida das pessoas. Um projeto que vem trazer à realidade a construção da réplica”.
A vereadora Eni Scandolara destacou a sua felicidade pelo projeto que pode ser realidade. “Parabéns a sensibilidade de todos os envolvidos, se fosse nos dias de hoje a igreja ainda estaria de pé”.
Ilgue Rossetto teceu elogios a todos pela iniciativa e garantiu que o Poder Legislativo não irá medir esforços para que a obra seja uma realidade. “O projeto será aprovado por todos os 17 vereadores desta Casa”.
Alderi Oldra parabenizou a iniciativa destacando que estará ao lado de todos os envolvidos para a sua realização.
A Igreja Matriz São José foi construída por Tomaso Fávero e João Poloschi. As pedras vieram da localidade de Dourado. Foram importadas da Alemanha mais de 10 toneladas de cimento. Os três sinos fundidos em aço também vieram da Europa, batizados com os nomes de Jesus, Mariza e José.
Em 1941 era concluída a montagem do novo altar, em mármore e bronze, de arte italiana. A Igreja Matriz, de estilo romântico, medindo 45 metros de comprimento, 20de largura, 18 de altura, da nave central e 30 metros de torres, teve as suas obras iniciadas em 1927.
Em maio de 1969 começou a demolição da antiga Matriz São José. O início do processo foi no ano de 1967, tendo como motivo anunciado o fato de a igreja estar em precárias condições.