Salário médio dos trabalhadores brasileiros recua 6,9% em 2022, acima da média mundial

Segundo a Oxfam, a queda do salário dos trabalhadores contrasta com a evolução dos dividendos de acionistas no Brasil Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O salário médio dos trabalhadores brasileiros registrou uma queda de 6,9% em 2022, acima do recuo médio de 3,19% registrado em 50 países no mesmo período, aponta um relatório da Oxfam divulgado nesta segunda-feira (1º) por ocasião do Dia do Trabalhador.

“No Brasil, a recuperação do emprego tem se dado às custas, principalmente, de trabalho informal, mais precário, com menos acesso a direitos e renda média menor”, avaliou o coordenador de Justiça Econômica da organização, Jefferson Nascimento.

Ajustados pela inflação, os números são baseados em dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e agências governamentais de estatísticas.

Segundo a organização, 1 bilhão de trabalhadores de 50 países tiveram um corte médio de US$ 685 em seus salários em 2022. A perda coletiva foi de US$ 746 bilhões em salários reais (caso os pagamentos tivessem sido reajustados pela inflação).

De acordo com o levantamento, a queda do salário dos trabalhadores contrasta com a evolução dos dividendos de acionistas no Brasil, que receberam, no ano passado, cerca de 24% a mais do que em 2021.

Segundo a Oxfam, os pagamentos feitos aos acionistas, considerados “exorbitantes”, beneficiam os mais ricos da sociedade, aumentando os níveis já altos de desigualdade.

“Os dividendos recebidos por acionistas em 2022 foram um recorde de US$ 1,56 trilhão, aumento de 10% em relação a 2021. Acionistas de empresas brasileiras receberam US$ 34 bilhões, quase o mesmo montante do que trabalhadoras e trabalhadores do País tiveram em cortes em seus salários”, informou a entidade.

“Enquanto os executivos de grandes empresas lucram com aumentos de seus salários e dividendos de ações, a grande parte da população, que é trabalhadora assalariada, tem seus salários reduzidos e mal consegue acompanhar o custo de vida em seus países. Essa desigualdade é inaceitável e, infelizmente, nada surpreendente”, afirmou a diretora-executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia.

Em janeiro deste ano, durante o Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos (Suíça), a Oxfam recomendou o aumento da taxação dos super-ricos.

Fonte: O Sul
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