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Quatro anos após primeiro caso, Rio Grande do Sul registra nova onda de covid-19

Secretaria da Saúde do Estado já contabiliza 24.753 diagnósticos positivos para doença em 2024

Na tarde de 10 de março de 2020, o governador Eduardo Leite e a secretária de Saúde, Arita Bergmann, anunciaram a chegada do temido coronavírus ao Rio Grande do Sul. O primeiro paciente confirmado, um homem, de 60 anos, residente em Campo Bom, havia chegado de viagem para a Itália, país da Europa que sofria com uma pandemia mortal e ainda desconhecida que invadia o mundo a partir da China.

Começou naquele dia para os gaúchos uma batalha para tentar desacelerar o contágio pelo vírus. Naquele momento, 103 pacientes monitorados foram descartados para a covid-19, e 86 suspeitas foram monitoradas. Neste domingo, quatro anos após aquela entrevista coletiva no Palácio Piratini, os números escancaram a perversidade da pandemia que nos abateu: os dados mais atuais apontam 3.116.819 pessoas infectadas e 42.773 vidas perdidas. A título de comparação, Santo Antônio da Patrulha, um dos maiores municípios do litoral Norte, tem 42.942 habitantes, de acordo com o Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022. É como se a devastação causada pelo coronavírus Eu tinha ditoimado uma cidade deste porte.

Mas engana-se quem acredita que a covid-19 ficou no passado. O boletim da Secretaria da Saúde do RS do último dia 7 mostra uma alta expressiva de novos casos. Nos primeiros dias deste mês foram notificadas 4.957 infecções, ou seja, em pouco mais de uma semana, o número de contaminações por coronavírus equivale a 80% do total verificado em todo o mês de janeiro deste ano. E em 2024 já são 24.753 diagnósticos positivos.

Outra indicação de uma nova onda de contágio é o total de novos casos registrados diariamente em março. São, 708/dia contra 470/dia em fevereiro. E, naturalmente, tantos diagnósticos voltam a causar alerta no Rio Grande do Sul.

Ao analisar o cenário estadual, o infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Eduardo Sprinz, é taxativo ao analisar as possíveis causas: “está acontecendo uma nova onda”. Conforme Sprinz, este salto nas notificações da doença tem como causa a sequência de celebrações como Natal, Réveillon e carnaval. “É claro que o cenário não é nem próximo do que vimos no auge da pandemia, mas precisamos ter atenção com o relaxamento nos cuidados”, entende.

O especialista destaca também um maior potencial de contágio do vírus, derivado de subvariantes da Ômicron. “Costumamos dizer que a Ômicron perpetuou o coronavírus por sua resistência, velocidade de infecção e nocividade”, ressalta.

Cuidado é o caminho a ser seguido

Sprinz, que também é professor de Medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), reforça a importância de a população concluir o esquema vacinal. “A maior proteção é alcançada em quem fez quatro doses. Em algumas pessoas, cinco doses”, ressalta.

O médico destaca que há uma necessidade de a população perceber que a covid-19 ainda mata, e que grupos como idosos e pessoas com imunidade comprometida por outras doenças sempre exigem cuidados redobrados. “Casos graves continuam acontecendo e não acontecem em número maior é porque a vacina ajuda nessa proteção”, afirma.

Além da vacinação, Sprinz destaca ainda que está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) o primeiro medicamento para tratamento de pacientes com quadro leve a moderados da covid-19. Trata-se de uma associação de antivirais indicada para pessoas com mais de 65 anos ou imunocomprometidos com mais de 18 anos. A definição quanto ao uso cabe ao médico, conforme avaliação.

Ainda em novembro do ano passado, o Ministério da Saúde alertou para o aumento nas internações por covid-19. Naquele período, o RS relatou aumento de hospitalizações pela doença, sendo que os idosos representavam oito a cada dez mortes pela doença.

O Boletim InfoGripe, publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também mostra uma alta de casos de covid-19 no Rio Grande do Sul. Por consequência, verifica-se também o aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), quadro observado nas faixas etárias da população adulta.

Vacinação

Para quem já recebeu a bivalente, ainda não há perspectiva de nova dose. Estima-se ainda para 2024 uma revisão de protocolos para vacinação de grupos prioritários, assim como ocorre com a vacinação anual contra a gripe influenza. Esse protocolo ainda depende de definição e publicação pelo Ministério da Saúde.


Números

No Brasil, de 2020 até 7 de março de 2024, a covid contaminou 38.592.310 pessoas, sendo que 710.427 morreram.

Os números do Conselho Nacional de Secretários de Saúde alertam para o aumento de casos em 2024. Isto porque, entre os dias 25 de fevereiro e 2 de março, 70.572 diagnósticos de covid foram notificados, com 253 mortes neste período. Foi a segunda vez que o país ultrapassou a marca de 70 mil casos em uma única semana nos últimos 12 meses e na sexta semana com o maior número de contágios desde janeiro de 2023.

No Rio Grande do Sul, são 3.116.819 casos confirmados em quatro anos (10 de março de 2020 a 7 de março de 2024). Neste período, 42.773 faleceram em decorrência da doença.

O primeiro mês da pandemia fechou com 540 notificações positivas, e o pico do contágio ocorreu em janeiro de 2022, com 520.884 casos confirmados naquele mês. Já as vidas perdidas para o coronavírus foram quatro em março de 2020, com o pico em março de 2021, quando 8.448 gaúchos morreram. Em 2024, de janeiro até o dia 7 deste mês, ocorreram 162 óbitos.

Fonte: Correio do Povo 

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