Produtores de leite de Cruzaltense garantem resultados pela profissionalização

Numa propriedade, uma família garante uma sobra de até R$ 0,75 por litro de leite que produz e na outra, a família conseguiu um patrimônio de mais de R$ 700 mil só com a produção de leite.  O segredo está na profissionalização das pessoas que trabalham na atividade e na escolha da estratégia certa para produzir com custos baixos e numa escala que garanta uma média de rentabilidade para evitar cair no vermelho.

Na comunidade de Nossa Senhora de Lourdes, o agricultor Neri Bampi e a esposa produzem sete mil litros de leite por mês com 14 animais em lactação. Na propriedade são 27 animais no total e a própria família cria as novilhas. Atualmente a família recebe R$ 1,27 por litro e garante um lucro de quase 60%, ou seja, o custo de produção e o frete representam menos que a metade do eu recebem. Isso acontece porque a família produz leite exclusivamente à pasto. A única alimentação adicional vem da silagem de milho plantada em três hectares da propriedade. A silagem garante alimento quando a pastagem não dá conta. “Para quem tem pouca terra como nós, o leite é um excelente negócio. Para produzir grãos e ter a mesma renda, teríamos que ter mais terra”, raciocina Neri. Ele tem auxílio da prefeitura de Cruzaltense para fazer a silagem.  A Secretaria da Agricultura fornece as máquinas a preço subsidiado para os produtores de leite. “É uma boa ajuda, principalmente porque falta mão de obra na agricultura. Quando vem a máquina também vem junto o operador”, avalia o agricultor.

Na propriedade de Ildo Schmidt, os únicos insumos que vem de fora são o sal mineral e o farelo de soja, componentes da ração que a própria família produz. A fábrica de rações foi o último investimento, com o objetivo de dar autonomia para a atividade. A aveia, cevada e o milho vem da propriedade, assim como a silagem. Desta forma o custo de produção da família Schmidt é mais alto: chega a 62%, mas o que perde no custo, a família ganha na escala. Com 32 vacas produzindo a propriedade garante uma média de 850 a 1.000 litros de leite por dia, confirmando a projeção feita há oito anos.

Outra característica da propriedade é o manejo. Todos os piquetes tem água e arvores que foram plantadas para garantir sombra para o rebanho, porque Schmidt considera que o bem estar dos animais vem em primeiro lugar. O planejamento e o controle financeiro são outra característica marcante do produtor. Ele tem o controle de todos os custos, todas as metas e todas as necessidades de investimento, que são feitas de forma escalonada. Primeiro, a família comprou as ordenhadeiras, depois, investiu em irrigação de pastagens, em seguida foram instalados os silos e agora, a fábrica de rações. Sei Ildo calcula que a estrutura instalada dobrou o valor da propriedade. “100% do resultado que nós atingimos vem da gestão, nós fazemos todos os cursos que estão disponíveis, aprendemos a calcular a expectativa de retorno, os investimentos necessários e cruzando estas informações chegamos à conclusão de que a atividade é viável, por isso investimos e trabalhamos com segurança”, diz o agricultor. Ele calcula que em média a produção de leite rende quatro vezes mais do que a produção de soja, mas em anos de baixa valorização do cereal, chega a ser sete vezes mais rentável.

O secretário de agricultura do município, Moacir Rochemback, destaca o profissionalismo das duas famílias. “Eles atendem a todas as normas de sanidade e higiene, estão prontos para os novos desafios que a indústria e a legislação impõem, ou seja, são profissionais na sua atividade”.  Ildo Schmidt já visualiza um incremento de 25% na produção, a partir da análise feita pelo instrutor do ultimo curso que ele participou e a projeção da Emater, que acompanha a atividade leiteira no município. Bampi, que sempre produziu leite, pretende manter a  produção como principal atividade da propriedade.

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