Lá nos anos 1958, em Severiano de Almeida, um menino ficava atento e procurava não perder nada do que os mais velhos falavam. Ouvia suas histórias, perguntava para entender e na medida em que ia crescendo, memorizava muitas coisas. Participava de tudo e procurava ouvir para entender e aprender. Há pessoas que têm um gosto especial pela história, especialmente pela história das famílias.
E foi isso que Nelcir Antoniazzi fez: guardou na memória muitas histórias e acontecimentos daqueles anos em que viveu junto aos avós Felippe e Maria, aos seus pais e a tantos tios que labutavam para sobreviver naqueles anos, quando as coisas eram bem mais difíceis.
Depois Nelcir, preocupado em continuar os estudos, foi para o seminário dos padres saletinos na cidade vizinha de Marcelino Ramos. Ao deixar a casa religiosa, continuou uma bonita trajetória de estudos: iniciou o curso de Biblioteconomia em Porto Alegre e em 1984 transferiu-se para Brasília. Ali concluiu o curso e começou a trabalhar, desempenhando trabalhos importantes na organização das bibliotecas do Ministério da Educação e Cultura, Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Saúde, Supremo Tribunal Federal (como prestador de serviços), AEUDF (Associação de Ensino Unificado do DF), e na sede nacional da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, Assessorou na organização de diversas bibliotecas, entre elas a da Universidade de Passo Fundo, URI, Erechim, entre outras. Foi conselheiro da 9ª Gestão, 1991-1993, do Conselho Regional de Biblioteconomia – (CRB-1 (DF, GO, MT e MS), sendo tesoureiro em 1991 e 1992.
E agora, com 69 anos, já aposentado e residindo em Brasília, toma uma decisão importante e começa a escrever os fatos que marcaram a história da família Antoniazzi em Severiano de Almeida. Busca o livro publicado por Alcides Gênero – que ele também ajudou a pesquisar – e organiza uma nova edição. Acrescenta agora aspectos históricos específicos da família de Agostino Antoniazzi e sua esposa Regina Minetto, nossos bisavós que vieram da Itália e inicialmente se estabeleceram em Novo Treviso, na região da Quarta Colônia de Imigração Italiana do RS.
Mais tarde, ali por volta de 1919, o nono Felippe, juntamente com amigos e parentes, migra para uma região ainda deserta no norte do Rio Grande do Sul e fundam um lugar que recebe o nome de Nova Itália – hoje ali está a bonita cidade de Severiano de Almeida. E é esta parte da história que Nelcir nos apresenta agora, com novos detalhes que não se encontram no livro de Alcides Gênero: a vida do nono Felippe e da nona Maria Vendruscolo e de sua grande família de dez filhos. Nelcir, mesmo estudando em outras cidades, sempre viveu ligado a tudo o que acontecia em Severiano de Almeida. Por isso, registrou o que acontecia por ali. Mesmo depois de residir em Brasília, volta com regularidade para o Rio Grande e acompanhava a história das nossas famílias.
E uma coisa ele confessa que não esqueceu: das histórias que o nono Felippe contava do Nanetto Pipetta, aquele personagem fictício que representava um simples imigrante italiano, e que vivia as aventuras mais inusitadas e fantásticas. A leitura do Jornal Correio Riograndense servia, além de informar os acontecimentos, também para mostrar as aventuras engraçadas deste ingênuo imigrante italiano. E que servia para reunir filhos e netos ao redor do nono Felippe que, nos intervalos da história, tirava do bolso um caixinha e se servia de uma dose de rapé – aquele fumo que aspirava pelo nariz e que nós, quando crianças, não entendíamos para que servia.
Este livro está composto por duas partes: 1. A pesquisa que o professor Alcides Gênero fez durante muitos anos, que envolve os diversos ramos da família Antoniazzi e Vendruscolo. 2. E uma segunda parte, um anexo com informações sobre a família de Maria Vendruscolo e Felippe Antoniazzi, de quem tanto eu como o Nelcir somos netos. Esta é a parte complementar, mas não menos importante, do livro de Alcides.
Esperamos que todos façam uma boa leitura. Fotografias e informações que vocês possam ter, por favor, nos enviem cópias para que possam ser repartidas com todos os integrantes desta grande família que aqui no Brasil começou com os pais de Felippe – Agostino Antoniazzi e Regina Minetto – e com os pais da nona Maria – Celeste Vendruscolo e Rosália Casagrande.
Um agradecimento especial ao Nelcir que se dispôs a registrar tantas lembranças da família Antoniazzi e de Severiano de Almeida.
Esperamos que todos façam bom proveito desta leitura.
Por Gaspar (Antoniazzi) Miotto
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