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Novo Ensino Médio terá mudanças na rede estadual do RS

Alterações ocorrem após pesquisa com estudantes e professores

Mudanças no currículo do Novo Ensino Médio da rede estadual gaúcha vêm aí. As alterações são fruto de uma pesquisa realizada com alunos e professores que indicou opiniões, anseios e sugestões para melhorar o formato adotado desde a reforma dessa etapa de ensino, implementada no ano passado.

— Estamos discutindo agora, a partir da enquete que nós fizemos, o que precisa ser melhorado. Uma coisa que vamos fazer é aumentar as horas da Formação Geral Básica. Eu concordo que talvez seja positivo aumentar, mas não sou eu quem decide isso sozinha. Isso está sendo discutido na Secretaria com as regionais, com os diretores, com os professores — relatou a secretária, em entrevista a GZH.

Raquel destacou que, pessoalmente, acha que a ampliação da carga horária comum a todos os alunos pode ser positiva. A secretária observa que o modelo do Novo Ensino Médio foi pensado para funcionar em escolas de tempo integral, mas, como a maioria das instituições que oferecem a etapa ainda operam em tempo parcial – ocupando apenas um dos turnos – a metodologia acaba ficando “espremida”.

— Fica um pouco a sensação de que diminuiu a Formação Geral Básica, ou que não teve espaço para disciplina A ou disciplina B. Por isso, o governador, inclusive, assumiu esse compromisso de expansão do Ensino Médio em tempo integral. Com o tempo integral, a gente vai, aí sim, além de ampliar a Formação Geral Básica, ter muito mais espaço para iniciação científica, clubes juvenis, disciplinas eletivas — analisa a gestora.

A enquete foi respondida por 31,5 mil estudantes e 5,5 mil professores da rede estadual. Os participantes elencaram problemas como a redução da carga horária da Formação Geral Básica e a falta de formação dos docentes para dar as novas disciplinas da parte flexível do currículo. Como possíveis soluções para os apontamentos, estão, além da mudança na carga horária eletiva, a revisão do número de itinerários e trilhas e o redesenho do currículo, mantendo os terceiros anos com um período maior de FGB, para uma preparação maior para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), do qual Raquel é primeira vice-presidente, tem debatido sobre o Novo Ensino Médio junto a universidades e membros do governo federal, entre eles o ministro da Educação, Camilo Santana. As discussões ocorrem em paralelo à realização de uma consulta pública, por parte do Ministério da Educação (MEC), sobre o assunto. Os secretários defendem que não há necessidade de revogação da reforma, como tem sido reivindicado por entidades ligadas a professores e estudantes, mas é preciso haver uma coordenação nacional para a implementação do novo modelo.

— Nós fomos pegos por uma pandemia, por uma ausência do MEC e por uma mudança muito profunda nos últimos anos. O MEC precisa coordenar essa implementação no Brasil todo, inclusive para evitar desigualdades regionais. O que faltou foi uma coordenação central e apoio federal para que os Estados implementassem. Vamos aprimorar, evoluir, melhorar, isso é parte do processo de implementação. Agora, revogar, não — opina a secretária.

Currículo atual

Na rede estadual do Rio Grande do Sul, os alunos que ingressaram no 2º ano do Ensino Médio em 2023 já escolheram, na hora da matrícula, entre uma das trilhas de aprendizagem possíveis em sua escola de preferência. Essas trilhas envolverão disciplinas oferecidas no 2º e no 3º ano.

No currículo atual, os alunos do 1º ano têm 800 horas, de mil, compostas por disciplinas da FGB, e em 200 são ministradas três novas disciplinas: Projeto de Vida, Mundo do Trabalho e Cultura Digital. Já as turmas de 2º ano têm 600 horas de FGB, aumentando, assim, para 400 horas de Itinerário Formativo (IF), sendo 67 horas delas obrigatoriamente de Projeto de Vida e o restante de Aprofundamento Curricular – aquelas disciplinas que cada estudante escolherá.

No 3º ano, a ser implementado em 2024, a situação se inverte: será mais tempo de IF (600 horas), sendo 67 horas de Projeto de Vida, e menos de FGB (400 horas). O entendimento é de que quanto mais o aluno se aproxima da formatura, mais consciente ele está de qual área de atuação quer seguir.

Fonte: GZH
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