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No Marrocos

A partir desta semana, a coluna produzirá conteúdos exclusivos direto do Marrocos – país africano que combina características do mundo árabe, berbere e europeu.

Dono de impressionante diversidade cultural e arquitetônica, aliado a uma beleza natural fora do comum, o Marrocos é mais do que um destino exótico – é um local ímpar para quem busca novas aventuras, um melhor entendimento humano e, claro, boas histórias.

Pelos próximos dias, eu e você, caro leitor, passaremos por Marraqueche; por Chefchaouen (a cidade azul); e pelo Deserto do Saara, entre outros locais incríveis. Sinta-se à vontade para embarcar nesta viagem, que iniciamos apresentando a identidade marroquina. Boa leitura.

A identidade marroquina

O Marrocos é uma nação rica em história. Antes dos berberes, cartagineses, romanos, vândalos, bizantinos, o país foi habitado por homens e mulheres que deixaram as suas marcas pintadas nas paredes das rochas da cadeia de montanhas do Atlas.

O próprio nome “Marrocos” surge, presumivelmente, durante a dinastia que governou o país entre 1554-1659 – resultante da contração do nome da cidade de Marraqueche.

O Estado de Marrocos é uma criação islâmica. Consiste num reino que nasceu em 788 em Oualili (Volubilis), onde Idriss I foi proclamado pela população e onde fez o juramento do Corão Beia, um pacto vinculativo do rei para com o seu povo e do povo para com o seu rei. Rei, aliás, que até hoje está presente no vida da população – com imagens distribuídas em cada canto do país.

Aliás, a nação marroquina assenta em três princípios fundamentais que se refletem no lema: “Deus, Pátria, Rei”. O que distingue o Marrocos dos demais países muçulmanos é a presença do Chefe de Estado como Comandante dos Fiéis, o rei Mohammed VI, cuja família governa o país desde 1640 (descendentes direto do Profeta Maomé, contam os historiadores locais).

Separado da Europa por um pequeno estreito de 14 quilômetros de distância, Marrocos pertence ao mundo do Mediterrâneo e, ao mesmo tempo, do Atlântico. Cruzamento geográfico, histórico, cultural e até mesmo “civilizacional”, Marrocos é um exemplo único em África.

A população é árabe e berbere.

A montanha é naturalmente o berço da civilização berbere, mas nem todos os berberes vivem nas terras altas.

Chegada em três tempos

Os árabes chegaram a Marrocos em três vagas: os conquistadores dos séculos VII-VIII; os do século XII, da etnia Beni Hilal com origem na Arábia; e, finalmente, os grupos dos séculos XII-XIV, liderados pela etnia Beni Maqil. Estes três grandes grupos dividiram-se naturalmente em muitas tribos.

O verdadeiro início da história de Marrocos regista-se com o Islamismo que, além de permitir a criação de um Estado, introduziu a língua árabe, a língua da religião e, automaticamente, o instrumento de comunicação e cultura. Se Marrocos foi rapidamente convertido ao islamismo, só muito mais tarde foi arabizado.

O fundador da nação marroquina, Idriss I, conseguiu formar um estado independente dos dois pólos mais importantes do mundo muçulmano da época, Bagdad e Córdoba. A unidade nacional entre os dois componentes humanos de Marrocos foi simbolicamente selada quando Idriss casou com Kenza, a filha do chefe berbere, que vivia na região Oualili (Volubilis).

Em 809, o seu filho Idriss II criou a primeira capital de Marrocos em Fez, onde foi construída a universidade mais antiga do mundo islâmico, a Qaraouyine.

No passado, as fronteiras de Marrocos ultrapassavam largamente as atuais, tanto a Leste como a Sul. Desfalcada das suas províncias Subsaarianas durante a partilha colonial, Marrocos recuperou a independência em 1956, tomando posse do Saara, reafirmando assim a sua unidade nacional.

País de identidade plural, Marrocos prepara-se agora para caminhar rumo à modernidade, sem perder a sua alma: árabe, berbere, saraui, africana e ocidental.

 

Ficha técnica – Marrocos: 

Área: 710.850 km²

Capital: Rabat

População: 34,1 milhões de habitantes (estimativa 2017)

Moeda: Dirham

Nome Oficial: Reino do Marrocos

Nacionalidade: marroquina

Data Nacional: 18 de novembro – Dia da Independência.

Governo: Monarquia parlamentarista

Geografia

Localização: noroeste do Continente Africano

Cidade Principais: Casablanca, Rabat, Marraqueche e Fès

Densidade Demográfica: 47,97 hab./km2 (ano de 2017)

Fuso Horário: + 3h

Dados Culturais

População: árabes marroquinos 70% e berberes 30%

Idioma: árabe (oficial), berbere francês e espanhol.

Religião: islamismo 98,7%, cristianismo 1,1% e outras religiões 0,2%.

IDH: 0,647 (Pnud) – índice de desenvolvimento humano médio (ano de 2015)

Depois de 20 anos, o Marrocos volta à Copa do Mundo na Rússia, em 2018

Economia

Produtos Agrícolas: trigo, cevada, frutas cítricas (laranja, limão, abacaxi), beterraba, tomate e batata.

Pecuária: bovinos, caprinos, aves e ovinos.

Mineração: fosforito, ácido fosfórico e carvão.

Indústria: fertilizantes, refino de petróleo, alimentícia e tecidos.

PIB (nominal): US$ 104,7 bilhões (ano de 2016)

Renda per capita:  US$ 3.250 (ano de 2016).

 

Você sabia?

Beneficiado por uma localização estratégica no coração do Mediterrâneo, o Marrocos tem um potencial enorme em energia solar – irradiação de 5 kWh por m2/dia e 3 mil horas de sol por ano. Graças a isso, o governo monárquico do país inaugurou em Ouarzazate, em 2009, ousado projeto de energia solar – que faz parte de estratégia energética nacional visando a redução da dependência nacional de energia, com a perspectiva de economizar combustível (anualmente um milhão de toneladas de petróleo). Além disso, sustenta o rei, o que se procura é a preservação do meio ambiente, limitando as emissões de gases com efeito estufa, evitando a emissão de 3,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. Desenvolver uma indústria de dessalinização através da energia solar, criar sinergias entre várias regiões e novos empregos também estão nos planos dos comandantes do país.

O projeto fornecerá uma capacidade de produção anual de 4.500 GW, ou seja, 18% da produção nacional atual. Cinco locais foram identificados para o lançamento da proposta: Ouarzazate, Mathar BNI Ain, Al Oued Foum, Bojador e Tah Sebkhat.Em termos técnicos, estão sendo utilizadas as mais avançadas tecnologias disponíveis, enquanto é realizado um monitoramento pró-ativo para acompanhar o desenvolvimento. Será criado um Centro de investigação no domínio do ambiente, energia e materiais promovendo assim a transferência de know-how e tecnologia. O pacote de financiamento do projeto prevê um orçamento de 9 milhões de dólares e requer o apoio de parceiros públicos e privados no âmbito do financiamento em condições preferenciais e não preferenciais.

No plano institucional, uma agência marroquina de energia solar será também criada,  com o Estado como maior acionista, para garantir a implementação estratégica das ações. A conclusão do projeto está prevista para o fim de 2019.

Artesanato marroquino

Para quem gosta de artesanato, Marrocos é uma perdição. Muitas cores, texturas e pechinchas. Sim, prepare-se para negociar, porque os comerciantes do país só assim sabem fazer negócio.

Os souks são os locais tradicionais de venda de produtos regionais, tanto de roupa, como decoração ou comida.

O artesanato é o reflexo da cultura em qualquer lugar do mundo. A cultura e tradições marroquinas estão espelhadas na arte dos artesãos, passada de geração em geração. Em todas as cidades do país há artesanato à venda – com variações por cidade e região.

Conforme o site www.marrocos.com, na Capital Rabat, por exemplo, são mais vendidos bordados e tapetes; em Marraqueche destacam-se as peças de trabalho com couros (malas, carteiras e os chinelos, chamados babouches); e em Essaouira jóias, cestos e peças em madeira. Já a cidade imperial de Fez, com suas tinturarias, é conhecida por ter peças em barro azul, pratos de cobre e couros variados.

Ainda fazem parte do artesanato marroquino, as tagines de barro (leve-as embrulhadas para não partirem pelo caminho), pufs de pele e as lamparinas como as de Aladin e do seu gênio.

O turista também pode comprar os objetos que fazem parte do ritual do chá marroquino, como os copos de vidro, açucareiro e os bules de chá feitos de latão ou banhados em prata.

Ainda dentro do artesanato estão as roupas tradicionais como o kaftan, ou as echarpes que conforme as cores se identificam, mais ou menos, com diferentes regiões e efeitos. Os azuis, por exemplo, são usados pelas tribos no deserto e chamam-se “shemagh”. Também tem écharpes mais chiques, com fios de seda, feitos com diversas cores.

Os tapetes marroquinos são uma peça também cultural e fazem parte do artesanato do país.

Peças resistentes com desenhos e cores que fazem parte da cultura das tribos e que são feitos manualmente, usando materiais locais.Nos souks o turista pode, ainda, assistir ao trabalho dos ourives, ao vivo, às peças de joalharia mas também de decoração. As jóias são principalmente em ouro e prata com pedras preciosas – sendo usadas, em regra, em ocasiões festivas e importantes.

Culinária

A culinária marroquina é famosa pela sua criatividade e exotismo. As principais receitas de Marrocos como o cuscuz ou a tajine são pratos deliciosos. Caracterizada por uma mistura sutil de sabores, a cozinha marroquina é considerada uma das melhores do mundo – tendo as especiarias papel especial para unir os sabores.

Mas, detalhe: em regra, os pratos típicos são confeccionados para serem comidos com as mãos. As saladas marroquinas são preparadas cortando os legumes em pequenos cubos, e as carnes são preparadas para separar facilmente com um pedaço de pão.

A dieta marroquina é por excelência mediterrânea. Muitos legumes, carne e peixe. O pequeno-almoço (café da manhã) marroquino é abundante em panquecas, pão, queijo, azeite, e, além do chá de menta inevitável, o café..

O Cuscuz Royal

Cuscuz Royal é um prato muitas vezes usado em ocasiões especiais, como casamentos ou festividades que fazem parte da cultura local, sendo considerado por muitos a melhor receita marroquina, espelhando tudo o que é tradicional na gastronomia do país.

O Cuscus Royal é um prato de cordeiro que é cozinhado lentamente (demora cerca de 3 horas a fazer) acompanhado com cuscuz (principalmente feito de trigo duro, ou da moagem de outros grãos como cevada, milho, sorgo, arroz ou milho), legumes, amêndoas e frutas secas, sendo, ainda, rico em especiarias, podendo combinar, por exemplo, açafrão e canela.O Cuscuz Royal é um prato muito bem servido, enorme variedade de ingredientes e também de nutrientes, usado para demonstrar abundância.

É uma forma de festejar algo que é importante, seja a chegada de alguém, a partida, uma festa ligada às terras, um casamento, um nascimento, etc.

Se houver festa, o Cuscuz Royal estará lá para ser comido.

Ingredientes:

3 litros de água

500g de cuscuz

800g carne de cordeiro em cubos

15 ml óleo

1/2 repolho

2 cenouras em metades

1/2 nabo

1 cebola

Açafrão, sal, canela, açúcar

Por Salus Loch

 

 

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