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Naruto na sala de aula: pesquisa propõe utilização do anime na abordagem de conceitos da Sociologia

Dissertação de mestrado na UFFS aplica a história do ninja como método de ensino sobre mito e cultura

Buscar uma nova metodologia de ensino capaz de reconhecer a pluralidade cultural nos estudantes: essa foi uma das inquietações que motivaram Camila De Paris a reunir Paulo Freire, Pierre Bourdieu e… Naruto. Graduada em História e Ciências Sociais, a acadêmica já havia trabalhado com o mangá no seu TCC, que lhe rendeu a publicação de um livro em 2021. Desta vez, a paixão pela história do ninja adolescente foi além, levando Camila a trabalhar com o personagem no mestrado do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação (PPGPE) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim.A dissertação de Camila, orientada pelo professor Thiago Ingrassia Pereira, é baseada na autonomia e emancipação intelectual dos estudantes, apoiando-se na proposta pedagógica da dialogicidade de Paulo Freire, na busca por “transpor o ensino monocultural e reprodutor das desigualdades sociais, reconhecendo a pluralidade cultural por meio do interculturalismo e de uma educação estruturada no imaginário sociocultural dos estudantes”.Camila quis usar mangá e o anime de Masashi Kishimoto para abordar os conceitos de mito e cultura nas aulas de Sociologia. Para tanto, ela construiu uma proposta de oficina para os alunos do Ensino Médio, utilizando uma das histórias em quadrinhos japonesas mais influentes da cultura pop.– A pesquisa advém do desafio posto à educação de trabalhar em sala de aula o multiculturalismo e a inserção das tecnologias, visto que se observa a necessidade de o currículo escolar trabalhar com a diversidade cultural, levando em conta temas atuais que fazem parte da apreciação dos estudantes. O estudo busca investigar possibilidades metodológicas pensadas em uma educação intercultural, ao visar uma didática que trabalha conceitos sobre cultura e mito em seu amplo aspecto, utilizando uma mídia popular entre os estudantes que é o mangá e anime Naruto, buscando, assim, reinventar os processos educacionais no intuito de transpor o modelo pedagógico escolar monocultural ao reconhecer-se a pluralidade cultural e novas ferramentas didáticas a serem empregadas em sala de aula – explica Camila.A acadêmica desenvolveu a oficina a partir de intervenções pedagógicas realizadas nas aulas das Ciências Sociais Aplicadas no Colégio Estadual Mário Quintana, de Barão de Cotegipe (RS), e na Escola Estadual de Ensino Médio Érico Veríssimo, de Erechim (RS). A oficina, que utiliza Naruto enquanto recurso para aplicar os conceitos da sociologia, foi viabilizada enquanto produto educacional para as escolas da 15ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE).Após a aplicação das oficinas, Camila fez um levantamento sobre a percepção dos estudantes participantes.– Pude perceber que quando o Naruto passa a fazer parte da discussão, os estudantes se sentem mais confortáveis para participar, expor suas ideias, demonstrando grande entusiasmo e curiosidade. Ao utilizar como ferramenta algo popular, conhecido e do gosto dos estudantes, eles se sentem confiantes para falar sobre os assuntos – relata Camila.– Ao falar sobre teoria, isto é, sobre cultura, etnocentrismo, relativismo cultural, os alunos se mostraram acanhados para participar e dialogar, mesmo que indagados sobre a cultura da qual fazem parte. Entretanto, quando se apresenta algo que é visto como diversão, que não carrega um “dever” de se ter um conhecimento, nem a possibilidade de falar algo errado, os estudantes sentem-se confortáveis a participar, a dialogar.A banca da dissertação foi realizada em dezembro. Em breve a pesquisa estará publicada no repositório da UFFS, que pode ser acessado em https://rd.uffs.edu.br/.Assessoria de Comunicação (Ascom)Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim

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