“Naquele momento, a boate apresentava condições de segurança”, afirma bombeiro que coordenou ações na noite da tragédia da Kiss

O terceiro depoente desta terça-feira, 07, foi o bombeiro militar Gerson da Rosa Pereira, 56 anos. Atualmente ele é diretor do departamento administrativo do Corpo de Bombeiros do RS. Na época dos fatos era Chefe do Estado Maior do 4 Comando Regional.

O bombeiro contou que ao chegar ao local se deparou com uma situação muito difícil. “Chegando no local imaginava uma situação difícil, mas não tão difícil como encontrei”, contou Gérson. Chorando ele disse que os filhos iriam à festa na boate Kiss, mas acabaram optando por não ir.

Ele afirmou que ao chegar ao local entrou imediatamente na boate. “A primeira coisa que eu fiz foi ingressar na boate para ter ideia e dimensão do que estava acontecendo” Gérson da Rosa Pereira descreveu como tratou administrativamente da tragédia e se emocionou ao falar sobre o local onde seriam preparados os corpos.

O bombeiro relembrou a visita da ex-presidente Dilma Roussef e da entrada do exército brasileiro na operação pós-tragédia e afirmou que foi um erro permitir a entrada da imprensa no Centro Desportivo Municipal (CDM) onde fica o Farrezão.

Gerson foi denunciado pelo MP por fraude processual. Ele rebateu as críticas e disse que foi absolvido nesse processo. A denúncia era sobre um cálculo populacional da Kiss, laudo que foi incluído na documentação após a tragédia, que apontava capacidade de 691 pessoas.

A tragédia do Gran Circo Norte-Americano de Niterói, ocorrida na década de 60 e que deixou mais de 500 mortos foi lembrada pelo Juiz Orlando Faccini que pediu para o bombeiro traçar um comparativo entre as tragédias.

Gerson da Rosa Pereira afirmou que o alvará referente ao PPCI da boate Kiss estava vencido desde 2012.

Em seu depoimento ele disse que a maioria das vítimas morreu por asfixia tóxica, em função da liberação de cianeto com a queima da espuma. Gerson lembrou que cianeto é um gás letal conhecido historicamente pelo uso nos centros de concentração no período nazista.

Sobre a cena vista no banheiro da boate onde foram encontrados vários corpos o bombeiro disse que a imagem era muito forte. “Não tenho como relatar. É uma imagem muito forte até pra um profissional de segurança”.

Segundo Gerson, pelo que exigia a legislação vigente na ocasião, a Boate Kiss não era objeto de interdição, mesmo o seu alvará de funcionamento estando vencido. “Conclui-se dizendo que os bombeiros aplicaram a norma. Naquele momento, a boate apresentava condições de segurança”, afirmou. “Segue trabalhando e aguarda a vistoria”.

Gerson, que na época era Major, foi processado e respondeu pelo delito de fraude em documentos. Chegou a ser condenado a 6 meses de detenção, com conversão da pena em prestação de serviço à comunidade, mas informou que houve a extinção da punibilidade e o processo já transitou em julgado. Ele foi acusado de fraudar documento (referente ao cálculo populacional da Boate Kiss, que seria de 691 pessoas) relacionado ao inquérito policial que apurou as causas do incêndio na boate com a intenção de confundir as autoridades. “Aquele Delegado atirou a minha dignidade num saco. Fiquei 25 anos me dedicando ao serviço público e a esta instituição. Eu tenho honra e isso foi jogado no lixo”.

Após a crítica ao delegado houve um momento de muita tensão onde o Juíz Orlando Faccini advertiu o depoente. “Respeitosamente, o senhor está depondo como testemunha. Coloque-se no seu lugar, o banco de testemunha não é um palanque”.

 

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