MODA SUSTENTÁVEL E CONSCIENTE EM ERECHIM?

Ao andar pela Avenida 7 de Setembro, antes de chegar na Praça Jaime Lago, há um letreiro bem grande em vermelho com a escrita “Varal solidário”, contendo varais amarrados às vezes com, e às vezes sem roupas, quais as pessoas podem pegar livremente.

Quando pensamos em moda, logo somos direcionados pelas grandes marcas da indústria da moda, desfiles, passarelas e modelos. O que não há dúvidas é que na moda, hoje em dia, reside também a individualidade e identidade das pessoas[1], ou seja, cada um tem ou deveria ter um jeito de vestir. Mas será que a moda é algo tão acessível a todos e a todas, para que possamos escolher o que vestir?

Um varal solidário é uma iniciativa muito necessária, afinal, não há como pessoas de baixo poder aquisitivo gastar 100 reais em uma calça jeans, como hoje é o preço de muitas lojas do comércio local. Nesse sentido, o varal solidário faz parte do que chamamos de moda sustentável e consciente, parte daquele lema de que “seu desapego pode ser a roupa nova de alguém”, e da ideia ambiental e ecológica que vai contra o consumismo de cada vez querer ter mais peças de roupa. No Brasil, em uma pesquisa feita por Guadagnucci[2], em 2019, aponta que “cerca de 175 mil toneladas de resíduos têxteis são descartados por ano, dos quais apenas 20% são reutilizados ou reciclados”, então, por que não desapegar, doar, reutilizar de maneira criativa?

Na hora de comprar, o preço é considerado um dos aspectos mais importantes, ou seja, antes de efetuar a compra, a pesquisa é grande por parte do consumidor. A busca, ao comprar hoje em dia, se dá nos desapegos, famosos brechós onde podemos adquirir diversas roupas a preços acessíveis, só não faz isso quem segue o “Consumo da ostentação”, um estudo realizado em 2015[3], em relação às roupas de marca, que varia o comportamento do consumidor em querer prestígio ou qualidade. Portanto, quem pode escolher o que vestir? Aproximadamente 50% das pessoas[4] se importam muito com o preço na hora de finalizar as compras.

Para além do consumismo, iniciativas como brechós, bazares e varais solidários, com roupas totalmente de graça ou em preços acessíveis (e com isso, quero dizer, de 5 a 20 reais, dependendo da roupa), diante desse cenário de grande descarte têxtil, é uma rede que deve crescer em pró da solidariedade. Em Erechim, também temos projetos interessantes como a Campanha do Agasalho, e as Cartas de Natal.

Entre aspas

Doações, desapegos e preços acessíveis são sempre necessários e importantes, mas, longe é a caridade de ser a solução do problema que é a desigualdade social. O ideal seria que todos e todas, pudessem de livre arbítrio e possível escolha, comprar o que combina com sua identidade e individualidade, pois acredito que o “vestir” também é dignidade humana. O vestir consciente.

Kaylani Dal Medico.

Discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UFFS Erechim.

Bolsista do Projeto de Extensão “Dizer a sua palavra”: democratização da cultura popular e da comunicação

kaylanidalmedico@hotmail.com

[1] MASSAROTTO, Ludmila Prado. Moda e identidade: o consumo simbólico do vestuário. Anais do IV Colóquio de Moda, p. 1-12, 2008.

[2] BUTTELLI, Peuckert Vivian et al. Selos de sustentabilidade da indústria da moda como um atributo de valor de compra. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação do Ponto Focal do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. 2023.

[3] SANTOS, Camila Tayná et al. Consumo de Ostentação: um estudo com a compra de roupas de marca. Qualitas Revista Eletrônica, v. 16, n. 1, 2015.

[4] GOMES, Eduardo Gomes da Silva; DOMINGUES, Deivison Augusto dos Santos; BIAZON, Victor Vinícius. Comportamento do consumidor: fatores que influenciam o poder de compra. Scientific Electronic Archives, v. 14, n. 4, 2021.

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