Desde as primeiras horas desta terça-feira, (20), está ocorrendo uma mobilização de forma pacífica em Erechim no entroncamento das ERS 135 com a BR 153 proximidades do Posto da Polícia Rodoviária Estadual.
O ato é organizado pelos Sindicato Rural de Erechim e de outras cidades da região do Alto Uruguai, com o apoio da Farsul.
A Farsul realizou um estudo técnico com o objetivo de mensurar os impactos econômicos decorrentes das perdas de produtividade nas lavouras dos quatro principais grãos cultivados no estado: arroz, milho, soja e trigo. Diversos fatores influenciaram a pesquisa que foi comparada com a safra de 2021, que apresentou um regime hídrico dentro da normalidade e um rendimento médio representativo do potencial produtivo regional.

O estudo identificou que, caso as condições climáticas tivessem permanecido dentro da normalidade, a produção total dos quatro grãos no período analisado teria alcançado 187,97 milhões de toneladas. Contudo, o volume efetivamente colhido foi de apenas 147,35 milhões de toneladas, resultando em uma perda acumulada de 40,6 milhões de toneladas.
O estudo aponta, que, caso o Rio Grande do Sul tivesse mantido níveis de produvitivdade considerados normais entre 2020 e 2024, o faturamento total com as culturas de arroz, milho, soja e trigo teria alcançado R$ 425,4 bilhões. No entanto, o valor efetivamente obtido pelos produtores foi de apenas R$ 318,8 bilhões. Isso representa uma perda acumulada de R$ 106,6 bilhões em receita no período analisado.
A gravidade do cenário se intensifica ainda mais em 2025, ano que já apresenta nova adversidade climática e mais significativa. Dados apontam que o volume de chuvas no estado ficou 36% abaixo da média histórica. Além disso, estima-se uma queda de 17,9% na produção de soja em relação à safra de 2024 – que já foi um ano de perdas.
O Presidente do Sindicato Rural de Erechim Alan Tormen salienta que os altos níveis de endividamento acumulados, somados à capacidade limitada dos últimos programas de prorrogação, já que foram deixados de fora os recursos livres, têm mantido a carteira de crédito do setor em um patamar elevado de vulnerabilidade. O Cenário evidencia a urgência de adoção por parte do governo Federal, de medidas mais estruturantes, capazes de promover a sustentabilidade financeira de médio e longo prazos para o produtor rural Gaúcho.
Nem mesmo a forte chuva da manhã desta terça-feira, impediu a presença de produtores rurais no evento que serve para chamar a atenção do governo federal para o atual nível de endividamento do setor, como forma de pressão para que se estabeleçam medidas alternativas para mitigar o risco crescente de insolvência. Essa realidade impõe limites à eficácia das soluções tradicionais de renegociação e postergação de dívidas, exigindo uma abordagem mais segmentada e estruturante por parte da política pública.
A ideia proposta pela FARSUAL é a criação de uma linha de crédito emergencial destinada à reestruturação das dívidas acumuladas pelos produtores junto a instituições financeiras, cerealistas, cooperativas e revendas de insumos. Essa medida visa restabelecer a capacidade de pagamento dos produtores rurais, condição indispensável para a retomada da produção, restauração do capital de giro e preservação da base produtiva do Estado. A linha de crédito seria estruturada com recursos do Fundo Social do Pré-Sal (FSPS) como fonte de funding, assegurando ao fundo uma remuneração alinhada ao teto da meta de inflação oficial do Brasil (IPCA), garantindo neutralidade fiscal da operação para o Tesouro Nacional e apresentando os recursos para que se possa dar marcha ao PL 320/25.
Por: Edson Machado – Jornal Boa Vista
Informações: Farsul