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Mesmo com dono multibilionário, Newcastle não terá vida fácil

Em outubro de 2021 foi confirmada a compra do Newcastle pelo fundo soberano da Arábia Saudita. O líder desse fundo é o príncipe Mohammed bin Salman, que tem uma fortuna pessoal de 13 bilhões de libras, à frente de um fundo de 320 bilhões de libras e membro de uma família real que pode ser considerada trilionária.

Ou seja, em uma Premier League que já tem donos com fortunas inimagináveis (e estes possuem o City, Chelsea, Arsenal, Manchester United etc), há mais um para se juntar à lista.

A notícia da compra gerou enorme repercussão. Analisando pelo âmbito esportivo, o Newcastle passou nas casas de bet a ser um dos nomes mais procurados e apostados, depois de anos de irrelevância.

Há odds até para se o Newcastle será campeão da Premier League em um futuro próximo. Isso falando de um clube que é quatro vezes campeão da Inglaterra, mas a última vez que isso aconteceu foi há quase 100 anos (1926-27). Os melhores resultados recentes são dois vices seguidos em 1995-96 e 1996-97. Nas últimas quatro edições da Premier League o time ficou em 10°, 13°, 13° e 12°, sendo que voltou da segunda divisão em 2016.

É realista imaginar que o pulo será tão grande assim para uma potência em pouco tempo?

O cenário já não é mais tão fácil

Quando Roman Abramovich comprou o Chelsea, seus petrodólares varreram o mercado e as conquistas vieram logo. Quando o Manchester City ganhou o apoio dos Emirados Árabes Unidos a ideia de um clube tornar-se dominante com a força do dinheiro internacional já era mais difundida, mas ainda assim o poderio foi tamanho que o time também tornou-se uma potência rapidamente.

Em 2021 a concorrência já é grande. Os novos donos do Newcastle com certeza têm os recursos para brigar por qualquer jogador, mas haverá disputa com as principais forças do país e da Europa e mecanismos que a UEFA e a Premier League tomaram para que apenas a força do dinheiro não crie um desequilíbrio irreversível no futebol.

O pulo do Newcastle é inevitável, mas o clube terá que encarar algumas etapas intermediárias que o Chelsea – comprado em 2003, campeão inglês em 2004-05 e 2005-06, campeão europeu em 2011/12  e o Manchester City (comprado em 2008 pela atual gestão, campeão inglês em 2011-12) – não tiveram que passar.

Convencer jogadores e treinadores sobre o novo projeto

O dinheiro sempre ajuda bastante a convencer pessoas sobre um projeto, mas bolsos fundos muitos clubes têm. O clube já passou pela procura de um novo treinador após a demissão de Steve Bruce e diversos nomes do primeiro e segundo escalão foram especulados. No fim a escolha foi por Eddie Howe, nome não tão conhecido e que treinava o Bournemouth.

Howe é o treinador para o momento já que o Newcastle tenta fugir da segunda divisão, o que seria um grande baque e já um teste para a paciência dos novos donos. Mas com certeza para os planos da equipe a busca por um treinador de elite é questão de tempo. Para citar Chelsea e Manchester City novamente, as contratações de José Mourinho e Pep Guardiola são divisores de água nas histórias de ambos os clubes.

Com um treinador desse calibre – naturalmente com alto salário e contrato longo – a chegada de jogadores será mais fácil. Mas Newcastle não é necessariamente um grande centro do futebol ou um paraíso para se morar, o que coloca o clube atrás dos times de Londres, Paris, Munique ou Barcelona e Madrid.

Mesmo Manchester, que também não é a cidade mais bela da história, tem enorme peso futebolístico com o United e agora o City duelando.

Portanto os novos donos do Newcastle com certeza saberão como resolver problemas que farem de difícil solução, mas o cenário não será tão simples como foi para outros clubes adquiridos anos atrás. Quem está empolgado com o crescimento do clube até a ponta da tabela e poderio na Europa pode ter que esperar um pouco.

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