Memórias da Aldeia – Ver o jogo no Barbieri

Meu pai, Nesio Chiaparini, nasceu em Linha 5,Gaurama, em 1929. Seu pai, José Chiaparini, chegou a Paiol Grande, em 1918, procedente de Garibaldi(RS). Veio junto com o sogro da família Sacomori em busca de um pedaço de Terra como centenas de migrantes e imigrantes.

No último sábado, véspera do Dia das Mães, tive uma conversa com o meu velho, que me contou várias histórias da Linha 4, Balisa e Gaurama.

Falou-me saudoso do tempo que frequentou a Escola em Balisa, cujo professor se chamava Ernesto Bogoni, que usava a tradicional vara de marmelo e o milho destinado aos alunos “malandros e indisciplinados”. Quando o aluno errava, ou não sabia responder, o velho mestre arrematava dizendo: “Senta e descansa o espírito…”

Recordou que a família Barbieri era procedente das Terras Velhas, responsáveis por comprar no município de Gaurama muitas colônias de pinheiros e instalaram uma serraria, moinho, barbaquá (primitiva indústria de erva mate) e uma cancha de carreira. Mais tarde, construíram uma escola (brizoleta) e formaram um time de futebol, chique…

Era uma família abonada que comprava e vendia mercadorias dos moradores das Linhas 4,5,7, Balisa e Gaurama. Foi a primeira família a possuir um automóvel naquela região. A madeira serrada era conduzida inicialmente com carroças, mais tarde em caminhões por estradas poeirentas, lamacentas e pedregosas, até a Estação Ferroviária de Balisa.

Meu avô era amigo do Sílvio Barbieri e Luiz Barbieri, e nos fins de semana iam jogar cartas na bodega do sr. Eduardo Pezzamiglio, em Balisa. Participavam as famílias: Borsoi,Pilotto, Tonin, Parmigiani, e muitas outras daquelas redondezas. Um dos fatores primordiais que contribuiu para o progresso daquela região foi a Ferrovia, que passava por Balisa. Havia um intenso movimento e uma intensa integração entre as Linhas… Nesse contexto ocorriam festas, bailes, namoros, noivados, casamentos….Meu avô, tinha uma casa enorme onde eram realizados frequentes bailes… e algumas brigas, segundo me confessou meu pai.

Quando menino, conheci o sr. Celso Barbieri, que passava seguidamente em nossa casa com um jipe e vários cachorros… Tinha por hábito caçar perdizes, abundantes na região, naquela época. Acordávamos quando criança, bem cedinho em Linha 5, com o apito vibrante da Serraria dos Barbieri. Dedico essas mal traçadas linhas à minha amiga e colega de magistério, Maria Adelaide Barbieri, que sempre me incentivou…

Por Enori Chiaparini

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