Mais de 250 pessoas participaram do IV Fórum Norte Gaúcho do Trigo

Evento foi realizado na sexta-feira, dia 27, em Estação

A principal cultura de inverno do Rio Grande do Sul,  levou  mais de 250 pessoas, entre produtores rurais, técnicos agrícolas, agrônomos e estudantes para o IV Fórum Norte Gaúcho do Trigo realizado na última sexta-feira, 27 de abril, em Vista Alegre, Estação. Com o  o objetivo de repassar conhecimento aos participantes, o evento debateu técnicas de produção, cuidados com pragas e doenças, o mercado do cereal atual e fatores que influenciam na cultura na obtenção de maior produtividade.

A cerimônia de abertura contou com a presença de representantes das entidades organizadoras do Fórum, entre elas o prefeito de Estação, Humildes de Almeida Camargo; o presidente do Sindicato Rural de Getúlio Vargas, Sidnei Beledeli; o presidente da ACCIAS, João Carlos de Andrades; o Gerente Regional Adjunto da Emater do Alto Uruguai, Marcos Gobbo; o representante da Associação dos Engenheiros Agrônomos da Regional Getúlio Vargas, Paulo Silva;  o presidente da Faculdade Ideau, Flávio Barro; além do vice-presidente do Sindicato Rural de Getúlio Vargas, Luiz Carlos da Silva; o representante da Comunidade de Vista Alegre; e do presidente do Sicredi Estação, Euzébio José Rodigheiro. O IV Fórum Norte Gaúcho ainda foi prestigiado pelos prefeitos de Getúlio Vargas – Mauricio Soligo, e Ipiranga do Sul – Mário Ceron, secretários municipais, vereadores e lideranças do meio rural. O evento contou com o patrocínio da Sicredi Estação, Prefeitura de Estação, Bayer, Biotrigo e Cotrijal.

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS

A primeira palestra foi do Engenheiro Agrônomo Mauro Rizzardi, que falou sobre “A Importância do Trigo no Manejo de Plantas Daninhas”. Após falar sobre o sistema de culturas no Rio Grande do Sul e sobre a importância da rotação de culturas, Rizzardi falou sobre as plantas daninhas, entre elas a buva, azevém e outras. Conforme falou, manejo adequado, realizado no outono/inverno, resulta em menor população e porte das plantas de buva na primavera. Segundo ele, plantas jovens são controladas com mais facilidade e a semeadura de trigo, no inverno, contribui para reduzir o porte e a população de buva na primavera. Herbicidas à base de glifosato necessitam da edição de outros herbicidas, ou da aplicação sequencial para controlar eficientemente a buva resistente. Com relação ao azevém, o palestrante falou que o manejo deve ser realizado de forma que a semeadura do trigo ocorra no limpo. De acordo com Rizzardi, a aplicação do herbicida deve ser no máximo até o início do afilhamento, sendo que o uso de herbicidas com ação de pré-emergência auxiliam no controle do azevém.

            ASSISTÊNCIA TÉCNICA DEVE MEDIR, CALCULAR, INTERPRETAR E MUDAR

Em seguida, o engenheiro agrônomo Dr. Dirceu Gassen, fez sua palestra “Outono e Inverno no Manejo de Lavouras de Verão”. Ele iniciou fazendo uma explanação sobre o crescimento de 20% que se espera que ocorra, até 2020, na produção de alimentos e fez um comparativo com a área e produção de soja e milho no Brasil; e  abordou a produção de proteína por hectare em soja, milho, trigo, arroz, bovinos, leite e frangos. Também falou sobre a área cultivada no RS – 2017/2018, sendo que soja foi de 5,692 milhões de ha, representando 88% da área cultivada; milho 0,728 milhões de ha, representando 11%; e feijão 0,063 milhões de ha, representando 1% da área.

Dirceu Gassen ainda falou sobre o custeio e a lógica da cultura. Ele aconselhou aos produtores para investirem sempre na estrutura do solo e na diversidade da biomassa. Segundo ele, o conhecimento aplicado por planta, em todo metro quadrado, gera rentabilidade/ha. A semeadura define o número de grãos/m2 e folhas sadias definem o peso de grãos. Gassen alertou o que é caro: replantar ou repetir, o barato que não funciona, aplicar por vingança, errar nos processos usando bons produtos, e o que é barato: capricho, fazer na hora certa, fazer bem feito, ter assistência técnica para medir, calcular, interpretar e mudar e paixão pelo que se faz.

Dirceu Gassen ainda abordou sobre solo e sua fertilidade, raízes e absorção de nutrientes, compactação, manejo de sistemas de produção, raízes, composição da folha, qualidade de semeadura e grão e alertou: nenhuma tecnologia é capaz de fazer a planta extrair do solo o que ele não tiver.

MERCADO

Ainda na parte da manhã, aconteceu a palestra do mestre em economia, Antonio da Luz, sobre “Análise e Perspectivas para o Mercado do Trigo”. Segundo ele, o preço internacional em patamares baixos vem refletindo em redução da área plantada de trigo e apesar do aumento esperado para o consumo mundial haverá maior acúmulo de estoques finais, podendo pressionar ainda mais os preços. Da Luz afirmou que os preços em baixa devem desestimular a área plantada, resultando em menor produção em 2018, e deve ser necessário recorrer aos estoques finais, a fim de atender à demanda brasileira. Conforme informou, a retração dos estoques já apresenta reflexos no preço nacional: o preço deste mês está 24% maior que abril de 2017. E alertou: olho vivo na economia, na produção argentina e nos movimentos da Rússia.

DOENÇAS

No início da tarde, o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Forcelini, falou sobre “Doenças do Trigo: Resultados da Safra 2017 e Preparação para 2018”. Ele apresentou a produção de trigo no Brasil e explanou sobre as principais doenças fúngicas em trigo, que são a ferrugem, mancha amarela e a giberela, além de manchas foliares e oídio e as indicações de manejo e tratamento. Ele falou sobre os principais problemas ocorridos na última safra e o que se espera para essa de 2018. Mostrou ensaios feitos em áreas experimentais e os resultados. Também abordou as bacterioses e as viroses em trigo e os tipos de tratamento.

NOVAS CULTIVARES

                Em seguida, foi a vez dos engenheiros agrônomos Tiago de Pauli e Ederson Henz falarem sobre “Novos Trigos para Indústria Moageira e Alimentação Animal”. Tiago de Paulo apresentou os primeiros  filhos do TBio Toruk – TBio Sonic, TBio Audaz e TBio Ponteiro -, comparando suas características, reação às doenças, pontos fortes, cuidados, posicionamento e manejo, comparando-os entre si. Já Ederson Henz falou sobre o TBio Energia I, um trigo sem aristas, com alta sanidade foliar, elevada produção de matéria natural, alta palatabilidade e elevado valor nutricional. Essa variedade estará disponível para comercialização somente em 2020. As outras cultivares apresentadas Tiago estarão disponíveis a partir do ano que vem.

PESQUISA

O Fórum encerrou com a palestra da engenheira agrônoma Kassiana Kehl, que apresentou o “Desempenho de Cultivares de Trigo no Estado do RS”. Segundo ela, dentre os experimentos conduzidos pela Unidade de Pesquisa & Desenvolvimento destaca-se o Ensaio de Cultivares em Rede que teve seu início no ano de 2008 e que leva em consideração a Lei de Proteção de Cultivares – 1997, o aumento do número de cultivares e exemplos de outros países. Essa pesquisa conta com o apoio do Sistema Farsul desde 2009. O objetivo é avaliar o desempenho agronômico de cultivares com expressividade comercial indicadas pelo Zoneamento Agrícola; disponibilizar essas informações para a Assistência Técnica e produtores, em tempo hábil, a fim de ajudar na tomada de decisão sobre que cultivar(es) indicar ou plantar.

De acordo com Kassiana, para a escolha das cultivares se leva em conta a representatividade comercial, área aprovada pelo MAPA, cultivares lançamento com área aprovada superior a 50 ha e inclusão em regiões de adaptação descritas pelo obtentor no RNC.

O IV Fórum Norte Gaúcho do Trigo encerrou com um coffe-break.

 

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