Dentro da programação Outubro Rosa, o Hospital de Caridade de Erechim promoveu, na noite de 25 de outubro, o I Fórum de Debates com o tema “Câncer de Mama – da Prevenção ao Tratamento”. O evento foi realizado no Auditório do CCHC e contou com a participação de uma equipe multidisciplinar formada pelas médicas ginecologistas e mastologistas Dra. Marília Martins Lúcio e Dra. Paula Vendruscolo Tozzati, os médicos oncologistas Dr. Cesar Albuquerque Arnt e Dr. Juliano Sartori, a psicóloga Sabrina Primo Brusco e a enfermeira Neli Chiapetti Lessa.
Após as explanações, houve momento para perguntas e um emocionante depoimento de Elisângela Braga. Ela compartilhou com os presentes sua descoberta da doença, há três anos, como passou pelo tratamento, seus sentimentos e da família. Hoje, curada, junto com uma amiga também com a doença, fundou a ONG Penélopes Solidárias, ajudando outras mulheres a enfrentar o câncer de mama.
O I Fórum de Debates do Hospital de Caridade contou com apoio do Lions Clube Erechim Integração. A abertura do evento foi feita pelo diretor-presidente do HC, Cláudio Rogério Galli, que saudou a todos, agradecendo a presença, e destacou a importância da prevenção para a manutenção da saúde. Galli recebeu um certificado de agradecimento pela parceria em apoio ao evento do Outubro Rosa da presidente do Lions Clube Erechim Integração, Zeni Bearzi.
DA PREVENÇÃO AO TRATAMENTO
A primeira palestrante foi a médica ginecologista e mastologista Dra. Marília Martins Lúcio, que iniciou falando sobre a detecção do câncer de mama, medidas de prevenção – primária e secundária –, autoexame, mamografia e exame físico das mamas. Segundo ela, o autoexame ainda é indicado e ajuda na detecção precoce, porém, a mamografia detecta a doença em sua fase mais inicial, sendo, na sua avaliação, mais eficiente e um exame indispensável. A Dra. Marília abordou as medidas preventivas dietéticas e comportamentais, enfocando no que evitar, destacando alimentos gordurosos, sedentarismo, ingestão alcoólica em excesso e obesidade. Citou os fatores de risco para o câncer de mama, os grupos com riscos mais elevados para o desenvolvimento da doença e apresentou os seus 12 sintomas.
A médica ginecologista e mastologista Dra. Paula Tozatti explanou sobre o diagnóstico do câncer de mama, que inicia a partir de uma suspeita clínica e feito através de exames de imagem, como mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética, sendo a confirmação feita através da biópsia de mama. Discorreu sobre cada exame e seu papel no diagnóstico.
Ao médico oncologista Dr. César Albuquerque Arnt coube falar sobre o tratamento sistêmico do câncer de mama. Segundo ele, a decisão terapêutica está baseada em estimativas de risco de recidiva e/ou progressão, sendo objetivo o tratamento da doença oculta já disseminada, ou seja, micrometastática. No tratamento se avaliam fatores prognósticos – associados a um risco maior ou menor de recidiva – e fatores preditivos – características associadas ao benefício de um determinado tratamento. Para isso, de acordo com o médico, são avaliadas as características clínicas, patológicas, biológicas e genéticas do tumor.
Dr. César falou sobre a quimioterapia e a hormonioterapia, suas indicações, classificação, esquema, toxicidade, cuidados e efeitos colaterais. Ele ainda complementou com os futuros tratamentos que estão surgindo como terapias-alvo moleculares com melhor eficiência, nanotecnologia e a redução dos custos de tratamento com inclusão de drogas genéricas e biossimilares. O oncologista encerrou afirmando que, hoje, o tratamento de câncer de mama deve ser multidisciplinar, humanizado e individualizado.
NOVOS TRATAMENTOS
O também oncologista Dr. Juliano Sartori abordou a radioterapia, os tratamentos imunobiológico e as drogas-alvo. Segundo ele, nos últimos anos, a oncologia tem passado por uma revolução de novos tratamentos. Estes avanços ocorreram principalmente pelo aumento do conhecimento da biologia da doença. “Conforme entendemos mais dos mecanismos de crescimento e surgimento do câncer, identificamos mais pontos fracos na doença que podem se tornar alvos de tratamentos”, afirmou o médico. O Dr. Juliano Sartori falou dos medicamentos surgidos na década de 70 e a descoberta dos receptores HER2 e as drogas-alvo anti-HER2, com o surgimento de vários medicamentos que agem atacando esse receptor.
A psicóloga Sabrina Primo Brusco abordou os aspectos psicológicos envolvidos no câncer de mama e como podem influenciar no tratamento. De acordo com Sabrina, trabalhar como psicóloga não é pensar no diagnóstico, mas sim oferecer um espaço para a escuta individualizada. “Pensar no processo de singularidade e ajudar a paciente a trabalhar com os aspectos de feminilidade, sexualidade e maternidade, uma vez que o seio é visto, culturalmente, com muito afeto”, ressaltou. Enfim, conforme falou, é trabalhar o sentimento que eclodiu na paciente a partir do diagnóstico.
Já a enfermeira Neli Chiapetti Lessa, da Unidade F do Hospital de Caridade, explanou sobre o papel do enfermeiro junto à paciente. Segundo ela, quase sempre se forma um vínculo forte com a paciente e familiares, servindo o profissional como ponte entre eles e o médico, esclarecendo dúvidas e ajudando a enfrentar a realidade. Neli ressaltou, entretanto, que é a paciente que vai definir como vai vivenciar essa realidade e é sua escolha estabelecer uma relação de ajuda. Sabrina e Neli ainda falaram das ações desenvolvidas na Unidade F, como o Grupo de Acompanhamento ao Familiar, Grupos de Sentimento – Cuidando o Cuidador.