Fortalecendo Raízes – Erechim e a Colonização

Dos imigrantes que aqui chegaram, israelitas, negros, poloneses, alemães e italianos foram os que tiveram maior êxito

O Erechim que conhecemos hoje, deve-se muito à corrente positivista existente no final do século XIX. Neste sentido é que, em 1908, Carlos Barbosa cria a Colônia Erechim, com sede em Capoerê. Toda a extensão territorial do Alto Uruguai passa a pertencer ao município de Passo Fundo. Este ato, insere Erechim na política de imigração e colonização que o governo do estado implantava na época. É a colonização oficial, planejada segundo a legislação vigente ora implantada.

Dois eventos colaboraram de forma primordial para o sucesso da colonização: a comissão de terras e a ferrovia. A comissão de terras, além de estar empenhada na demarcação dos lotes e colônias, tinha também a responsabilidade de abertura de estradas, implantação de escolas, assistência médica e religiosa de acordo com as necessidades de cada etnia. Já a ferrovia, dava condições aos que aqui chegavam, de um rápido meio de transporte, tanto para os imigrantes quanto para os itens aqui produzidos.

Neste sentido, o Projeto Fortalecendo Raízes, passa a apresentar alguns eventos e episódios, extraídos de documentos e livros disponibilizados pelo arquivo histórico municipal, já introduzindo as etnias, para posteriormente trabalhar a cultura de cada uma delas individualmente.

Nomes e sedes

Ao longo do tempo, a antiga Colônia de Erechim passou por sedes e nomes diferentes, de acordo com os decretos e necessidades da época:

A Criação da Colônia de Erechim ocorreu em 1908, tendo como sede onde hoje temos o distrito de Capoerê. Em 1909 sua sede mudou-se para Getúlio Vargas, antes chamado de Erechim.

Em 1912, Paiol Grande (onde hoje temos a cidade de Erechim) foi escolhida para ser a sede da Colônia e futuramente do município. Este fato se deve principalmente pelo maior número de pessoas que já habitavam este local. Além disso, a partir de 1916, a comissão de terras também transferiu-se para Paiol Grande, já ocupando o Castelinho, construído em 1915.

A emancipação ocorreu em 30 de abril de 1918, através do decreto nr 2.342, passando a ser chamada de Boa Vista. Posteriormente, em 1922 passou à denominação de Boa Vista do Erechim e em 1938 recebe o nome de José Bonifácio.

Até que em 24 de dezembro de 1944, o decreto nr 720, altera novamente o nome do nosso município, quando passa a utilizar a denominação atual: Erechim.

Comissão de Terras

As primeiras demarcações de terras na região datam de 1904. Ganham maior intensidade após a criação da Colônia de Erechim em 1908, porém é a partir de 1913 e 1914 que tem maior notoriedade, com o desmatamento e escavações para a construção da Avenida Mauricio Cardoso, da Praça Júlio de Castilhos e da Praça da Bandeira.

A Comissão de terras, que em 1916 já ocupava o Castelinho, reservou uma área de 24.031.500 m² para a nossa cidade, sendo que 2.603.650 m² foram destinados para a área urbana.

Muitos foram os serviços prestados pela Comissão de Terras para a nossa cidade, também quando falamos da imigração. Em seus arquivos, registra-se 7.412 imigrantes que aqui chegaram para trabalhar e construir as suas vidas longe de sua terra natal.

Além disso, foi importantíssima no acolhimento e acompanhamento dos que aqui chegavam, através da implantação de escolas, assistência médica e demais necessidades comuns, contribuindo em muito para a instalação e adaptação dos imigrantes a uma nova realidade.

Ferrovia

A estação ferroviária de Erechim foi inaugurada em 03 de agosto de 1910. Ela ligava o estado de São Paulo e o Rio Grande do Sul. Além de consistir em um primordial meio de transportes, ela fora construída também por tratar-se de uma questão de segurança nacional, uma vez que os conflitos eram constantes nas regiões de fronteira.

Também foi de fundamental importância para prosperidade e o progresso da Colônia, servindo como o meio de importação e exportação de produtos, além de um meio mais rápido para as comunicações.

De Erechim, a ferrovia seguiu para Viadutos, Marcelino Ramos, além de um braço para fazendo a ligação com Quatro Irmãos.

Os Povos e os Imigrantes

Porém, ainda muito antes da colonização oficial, nosso território já era habitado pelos nativos, os índios Kaingangs, além de bandeirantes paulistas, fugitivos das Revoluções Farroupilha e Federalista. Além disso, muitos negros aqui chegaram após a assinatura da Lei Áurea, fugindo da escravidão, já que os fazendeiros do Rio Grande do Sul foram os últimos a reconhecer a legitimidade da lei e a liberdade para todos os que eram mantidos como escravos.

A partir da implantação da política de colonização, imigrantes de muitos países deslocaram-se para a região de Erechim e do Alto Uruguai gaúcho, tais como: Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, Polônia, Suécia, Rússia e Áustria. Além destes os israelitas também aqui chegaram em grande número, vindos de vários países da Europa.

Já em 1913, a imigração estrangeira representa mais da metade da população: 56%. Sem um mínimo de conforto, restava aos imigrantes, trabalhar e criar as próprias melhorias necessárias para suas vidas. Aqui encontraram um solo imenso e fértil, fato compreendido muito rapidamente pela maioria.

De todos os povos que aqui chegaram, os que mais tiveram sucesso, com maiores e mais importantes contribuições para o Erechim que conhecemos hoje, estão as seguintes etnias: Negra, Italiana, Alemã, Polonesa e Israelita.

A primeira etnia a ser trabalhada será a cultura negra. A partir do dia 20 de fevereiro, você está convidado para acompanhar, através do Jornal Boa Vista e da Rádio Cultura uma programação especial. O ponto máximo da semana ocorre através de um programa ao vivo transmitido pela emissora, no sábado dia 26, as 12h, contando com a participação e o depoimento de historiadores e representantes de tão importante cultura, e que tanto contribui para a sociedade erechinense.

Fortalecendo Raízes é um projeto cultural financiado pelo FAACE, Fundo de Apoio as Artes e a Cultura de Erechim e uma realização da Fundação de Comunicação para a Educação e Assistência Social.

Fotos: Arquivo Histórico Municipal

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