Fiocruz: passaporte vacinal e máscara são fundamentais para reabertura
Retomada de atividades deve combinar vacinação e outras estratégias
A combinação da vacinação com medidas como o uso de máscaras, o distanciamento social e a exigência do comprovante de vacinação para acesso a alguns espaços é fundamental para a retomada das atividades, reforçou hoje (15) a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no boletim semanal do Observatório Covid-19.
Segundo os pesquisadores da fundação, a exigência do passaporte vacinal para acesso a locais de convívio fechados ou com aglomeração propicia maior tranquilidade, pois reduz o risco de exposição ao novo coronavírus nesses ambientes. Sobre as máscaras, o boletim sublinha que, se pelo menos de 80% da população estiver com esquema vacinal completo, o uso delas pode ser flexibilizado em atividades ao ar livre que não envolvam aglomeração, mas deve ser exigido em locais fechados ou locais abertos em que haja aglomeração.
“Com menos de 50% da população com esquema vacinal completo, reforçamos a importância do passaporte vacinal como uma política pública de estímulo à vacinação e proteção coletiva, sem deixar de reforçar a importância da manutenção de outras medidas, como o uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento físico e social. A combinação deste conjunto de medidas é fundamental para que possamos ter um processo prudente de retomada das atividades, a exemplo do que vem sendo realizado em Singapura, país exemplar no enfrentamento da pandemia”, diz o texto divulgado hoje pela Fiocruz.
Os pesquisadores ressaltam que Singapura acertou em diversos momentos da pandemia, desde o rastreio de casos suspeitos até a combinação da vacinação com outras estratégias. Apesar de ter mais de 80% da população totalmente vacinada, o país asiático voltou a registrar aumento de casos e internações em setembro e reagiu com novas medidas restritivas e de isolamento. “A atual estratégia do país consiste em revisar suas restrições e realizar ajustes de acordo com a situação epidemiológica, sendo considerada a necessidade do uso de máscaras, da limitação de viagens e do distanciamento físico e social até 2024.”
A condução cautelosa da pandemia em Singapura contrasta com o exemplo da Inglaterra, que se destacou inicialmente com uma vacinação acelerada, mas decidiu suspender todas as outras medidas restritivas de uma só vez, quando tinha apenas 54% da população com esquema vacinal completo. “Atualmente, o país apresenta registros de mais de 500 mortes e entre 150 mil e 200 mil casos confirmados de covid-19 por semana, muitos dos quais possivelmente resultarão na covid longa”, analisam os pesquisadores.
“Os exemplos de Singapura e da Inglaterra nos dão algumas evidências de que trabalhar com a vacina como estratégia isolada não é o mais apropriado, não se devendo naturalizar os elevados valores de óbitos e casos registrados por semana na Inglaterra. Experiências de outros países já vêm demonstrando que o sucesso no controle da pandemia neste novo estágio requer, além da elevada cobertura vacinal, a associação de outras medidas.”
Redução de casos e óbitos
Indicadores de monitoramento da pandemia no Brasil estão em queda contínua desde julho, o que em grande parte é devido ao aumento do número de vacinados. A Fiocruz destaca que estão em queda a proporção de testes positivos, a incidência de novos casos, a ocupação de leitos unidade de terapia intensiva (UTI) e taxas de mortalidade.
Apesar disso, a Fiocruz mostra que o movimento de queda vem perdendo velocidade. Em agosto e setembro, houve redução média de 2% nos casos e óbitos por dia, enquanto no fim de setembro e início de outubro o ritmo diário de queda foi de 0,5% para os casos e de 1,2% para os óbitos.
De acordo com o boletim da Fioruz que ainda são altas as taxas de transmissão do SARS-CoV-2 no país, o que torna fundamental que se continue aumentando a cobertura vacinal para diferentes grupos, combinada com a busca ativa dos faltosos para segunda dose e ampliação de dose de reforço para os grupos vulneráveis.
As internações de adultos com covid-19 em UTIs estão fora da zona de alerta em 25 estados, nos quais a taxa de ocupação não supera os 60%. As exceções são o Distrito Federal, que está na zona de alerta crítico (89%) por causa da redução do número de leitos, e o Espírito Santo, que se mantém na zona de alerta intermediário (65%).