Falta espaço no Orçamento federal para bancar os subsídios de energia, um dos itens que mais pesam na conta de luz dos consumidores. A afirmação é do secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.
Os subsídios de energia são um dos itens que compõem a conta de luz, cujo crescimento é um dos fatores que mais pesam nos reajustes tarifários, aumentando a conta.
“O orçamento fiscal já tem zero espaço para acomodar despesas novas relevantes. Não se trata de mérito, não é uma discussão se é legítimo ou não. O orçamento público está já bastante tensionado, já tem mil e uma demandas já existentes, que demandam zelo e cuidado”, declarou.
Os subsídios estão reunidos na CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que deve custar R$ 37 bilhões em 2024, dos quais aproximadamente R$ 33 bilhões são pagos pelos consumidores na conta de luz.
A inclusão da CDE no orçamento federal é citada pelo setor elétrico e pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, como uma das soluções possíveis contra o aumento nas tarifas de energia.
No início de abril, depois de reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e representantes da Casa Civil, Silveira afirmou que havia levado três sugestões para o governo. Entre as propostas, está a de transferir essas despesas para o Orçamento, retirando o gasto do limite estabelecido pelo arcabouço fiscal.
Questionado, Ceron disse que “alocar algo fora do teto de gastos não muda a realidade de que é uma despesa pública que vai impactar o primário, que vai demandar um aumento da dívida pública com mais emissão de títulos no mercado, que vai aumentar a inflação”.
O secretário destacou ainda que, caso isso seja feito, haveria a possibilidade de efeito um contrário ao pretendido. “Como a realidade do dia de hoje mostra, o País vive um equilíbrio muito tênue, então, qualquer ruído, seja de fora ou interno, gera consequências imediatas sobre todos os indicadores, como sobre o câmbio. E o câmbio gera inflação, que afeta a população de menor renda. Certamente, não é o objetivo de nenhum gestor público tomar qualquer medida que vai afetar diretamente a população”, declarou.
Entenda a discussão sobre as tarifas
O governo publicou neste mês uma medida provisória com o objetivo de reduzir as tarifas de energia no curto prazo, mas o texto pode ampliar o custo ao consumidor ao longo dos anos.
Diante da repercussão negativa, o Executivo reuniu especialistas do setor para discutir alternativas para uma redução estrutural da conta de luz. A reunião aconteceu no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Três fatores têm pressionado o aumento nas tarifas: crescimento dos subsídios pagos pelos consumidores, custo da contratação de energia e investimentos em transmissão.
Só em 2024, o consumidor vai pagar R$ 32,7 bilhões em encargos nas tarifas de energia, o que representa 12,5% da conta de luz dos brasileiros. Esses recursos custeiam políticas públicas do setor, como a tarifa social e o incentivo a usinas de energia renovável.
Fonte: O Sul