Falece religiosa que trabalhou no Hospital de Caridade, no Seminário e em Bairro de Erechim

Faltando 20 minutos para a meia-noite desta segunda-feira, 18, em Passo Fundo, faleceu Ir. Ifigênia Brunetto, da Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, aos 94 anos e seis meses de vida e 64 de consagração religiosa. Registrada e batizada Ângela Augusta, havia passado por cirurgia por causa de fratura no fêmur, em consequência de uma queda, há três semanas. Sua morte se deu na data em que a Congregação comemora 130 anos de fundação por Santa Maria Bernarda, que deixou sua pátria, a Suíça,  para a ação missionária na América Latina.

Após missa de corpo presente, seu corpo foi sepultado no Cemitério Vera Cruz de Passo Fundo, nesta terça-feira, 19 de junho, dia de São Romualdo.

Dados biográficos

Ângela Maria era a quinta dos onze filhos de Benedito Bruneto e Maria Carbonera Bruneto. Nasceu no dia 09 de janeiro de 1924, em Vista Alegre, Getúlio Vargas – RS. Outras três irmãs também seguiram a vida religiosa, uma na mesma Congregação de Ifigênia, Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora; uma Franciscana de Nossa Senhora Aparecida e outra, na Congregação das Filhas do Sagrado Coração de Jesus.

De seus pais, recebeu o ensinamento e o testemunho do bem querer, da partilha, da vida de oração, das boas relações, do cuidado com os bens recebidos de Deus e de grande estima e respeito pelas pessoas.

Ângela Maria frequentou pouco a escola, apenas para aprender a ler, e não continuou porque necessitava ajudar no serviço da casa. Mas esta rudimentar aprendizagem foi o suficiente para despertar nela um grande gosto pela leitura, e leu muito em sua vida. Foi uma autodidata. Sempre estava ao par de todas as notícias e se interessava pela Igreja e pelo mundo.

Inspirada nas duas irmãs que já eram religiosas, buscou seguir o mesmo caminho. Em março de 1952, ingressou no grupo de vocacionadas das Irmãs Franciscanas de Maria Auxiliadora, em Três Arroios. Falecendo a mãe e ficando o pai com cinco filhos menores, ela voltou para casa para ajudá-los. Mais tarde, o pai contraiu segundas núpcias e Ifigênia reiniciou sua formação para a vida religiosa. Fez votos definitivos em 06 de janeiro de 1958, em Três Arroios, assumindo o nome de Ifigênia.

Como religiosa, trabalhou em serviços de cozinha, lavanderia e limpeza no Hospital São Vicente de Passo Fundo; no Colégio  Franciscano São José     de Erechim; no Hospital São Roque  de Getúlio Vargas; no Hospital de Caridade de Erechim; no Seminário N. Sra. de Fátima de Erechim; na residência S. Francisco de Assis, Bairro São Vicente de Paulo em Erechim; na Escola Sta. Teresinha de Estação; na sede provincial da  Congregação em Passo Fundo, em duas oportunidades. Ultimamente, estava na casa de saúde da Congregação em Passo Fundo, junto à sede da Província.

Foi uma irmã simples, disponível, descomplicada, alegre e acolhedora. Sempre pronta a servir onde fosse necessário, fazendo-o com alegria, bondade, dedicação e amor.  Toda sua vida esteve entregue a serviços domésticos. Porém, uma de suas maiores alegrias que guardou no coração foi residir e trabalhar com os pobres no Bairro São Vicente de Paulo em Erechim por seis anos. Ressaltava que com eles aprendeu muito.

Foi promotora das vocações. Sempre gostou de visitar as famílias, os vizinhos, os doentes e idosos, aos quais levava a Eucaristia. Participava com gosto nos grupos de família com os vizinhos e com os leigos da Associação Madre Bernarda. Era querida por todos. Tinha o dom da comunicação. Cultivava e guardava a amizade com as pessoas como grande tesouro. Ninguém passava desapercebido por ela. Por todos se interessava, orava e aconselhava com muita sabedoria. Amou profundamente sua Congregação e seus irmãos e familiares e por eles foi muito estimada.

Chamada carinhosamente de “Figi”, recebeu o reconhecimento por seu carinho e amizade com a denominação de “Projeto Figi” ao sistema de informática da Congregação, mesmo que nunca tenha usado celular e computador.

Passava longas horas diante do sacrário e também com o rosário nas mãos. Lia e meditava longamente a liturgia diária. E todas as noites passava por todos os espaços da casa, da capela, do oratório, para orar diante de cada imagem de santo e pedir-lhe a intercessão. Nos dois últimos anos, na Casa Betânia onde estava em cuidados de saúde, passava por cada irmã enferma e acamada e fazia oração.

Em depoimento pessoal, declarou: “Ame e respeite a todas as pessoas, não faça diferenças, nem exclua ninguém, para não machucar. Dê atenção sobretudo às que são mais pobres e fracas. Isso aprendemos também de Santa Maria Bernarda. E eu me sinto feliz e realizada na vida religiosa. Louvo, bendigo e agradeço a Deus, à minha família e à Congregação, aos amigos e amigas por esta graça, este chamado especial à vida religiosa franciscana. Obrigada, meu Deus. Obrigada, Maria, que sempre foi minha Mãe querida, minha grande protetora e companheira”.

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