Expodireto Cotrijal é aberta em Não-Me-Toque com cobranças do agro e anúncio de fundo para enfrentamento da estiagem
Ausência do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, foi sentida em meio a mais um ano de safra com dificuldades pelas questões climáticas. Feira de tecnologias para o agronegócio vai até sexta-feira (14)
Celebrando um quarto de século como referência em tecnologias para o agronegócio, a Expodireto Cotrijal foi aberta oficialmente nesta segunda-feira (10) no Parque da Expodireto, em Não-Me-Toque, no norte do RS. O evento de abertura não contou com a presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Foi a segunda vez em 25 edições que um representante do governo federal não veio ao ato inaugural. Em ocasião anterior, em 2022, a então ministra da Agricultura Tereza Cristina também não compareceu.
Clima agradável atrai público
Em dia de sol tímido e temperatura amena depois das sucessivas ondas de calor que quase derreteram o Estado, o clima brindou os visitantes que compareceram ao primeiro dia de Expodireto.
O alívio no calor, uma marca das edições anteriores, foi celebrado pelo público. De Cruz Alta, o casal José Darci dos Santos, 71 anos, e Terezinha dos Santos, 73 anos, aproveitava os jardins floridos do parque antes de retomar o passeio. Desfrutando de sombra e água fresca, os aposentados adentraram os portões ainda pela manhã com o intuito de garantir o passeio já no primeiro dia.
Dentre os pontos que mais gostaram, destacaram as condições do parque e os espaços para descanso. “Diferente da Expointer, que tem muito mais agito”, compararam.
A movimentação tranquila pelas ruas e estandes se manteve durante todo o dia.
Tecnologia de ponta
Nei Manica, presidente da Cotrijal, realizadora da Expodireto, destacou a qualidade da tecnologia apresentada todos os anos na exposição. O anfitrião disse que a feira é uma oportunidade de os agricultores buscarem conhecimento — tanto em máquinas quanto em desenvolvimento vegetal.
— Temos a certeza, tanto do setor de máquinas e equipamentos quanto da genética, que vamos encontrar muita coisa de Inteligência Artificial que vai ajudar o produtor em agilidade, rentabilidade e tomada de decisão — disse Manica, citando um dos atrativos da edição.
Manica ainda destacou a relevância da mostra para a pauta política. Disse que o desempenho do agronegócio é como um efeito dominó, e que a situação dos produtores precisa ser vista com atenção pelos governos, já que tem reflexos na indústria, na geração de empregos e na renda dos municípios.

Recursos
O governador Eduardo Leite mencionou a necessidade de se pensar alternativas para conviver com os ciclos adversos do clima.
Leite falou da necessidade de antecipar a transição energética e anunciou um fundo de R$ 46,7 milhões para uso da Defesa Civil, com repasse a municípios em situação de emergência e calamidade por estiagem.
- Até 20.000 habitantes: R$ 250 mil
- De 20.001 até 50.000 habitantes: R$ 300 mil
- Mais de 50.000 habitantes: R$ 350 mil
Até 2026, o Rio Grande do Sul terá contado com R$ 350 milhões em recursos de enfrentamento da estiagem e resiliência climática no campo, de acordo com o governador. As medidas estruturantes somam R$ 302,85 milhões.

Antes da fala oficial, Leite recebeu um parabéns acalorado da plateia pelo seu aniversário de 40 anos, celebrados hoje.
Reivindicações
A ausência de Fávaro foi cobrada, especialmente em um ano em que o setor produtivo gaúcho cobra ações em meio a outra estiagem e aos efeitos da cheia histórica — é a quarta safra consecutiva com problemas. Os agricultores buscam uma repactuação de dívidas, a chamada securitização, diante das dificuldades financeiras adquiridas no período.
Por telefone, o ministro do Desenvolvimento Agrário Paulo Teixeira falou com a Rádio Gaúcha. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, Teixeira disse que os pedidos de securitização estão sendo estudados pelo governo, mas alertou que o alongamento do prazo de pagamento das dívidas pode ter efeitos. A ação, de acordo com o ministro, tem impacto em redução do volume de recursos no Plano Safra.

A feira
A programação da Expodireto vai até sexta-feira (14). A expectativa é de que mais de 300 mil visitantes passem pelo parque até o encerramento.
A organização não divulgará balanço financeiro da feira este ano. Em 2024, foram comercializados R$ 7,9 bilhões.
Por GZH