Pelo menos representantes de dez sindicatos dos metalúrgicos e do setor de máquinas agrícolas do estado, sindicatos de trabalhadores na saúde, nas indústrias de alimentação, na educação, na agricultura familiar,no comércio, na construção civil,no serviço público e outras entidades, CNM CUT, Federação dos Metalúrgicos do RS, CUT RS, prefeitura, Câmara dos Vereadores de Erechim e cerca de 300 trabalhadores participaram da festa em comemoração aos 70 anos do Sindicato e da posse na nova direção para o período de 2025/2029, no sábado, 15, na Sede Campestre do Sindicato, em Erechim.
A nova presidente, Sandra Weischaupt, metalúrgica da empresa Menno, tem mais de 20 anos de atuação sindical. Nas últimas gestões no cargo de tesoureira, foi eleita para a presidência com a aprovação de 98,33% dos votantes. Esta é a primeira vez nos 70 anos do Sindicato que uma mulher assume a presidência. No discurso de posse, Sandra ressaltou a atuação do Sindicato. “ Somos do diálogo e da porta de fábrica, somos da luta”, disse. Destacou, também, os desafios. “A categoria metalúrgica é composta por 80% de homens e 20% de mulheres, então havia uma certa insegurança em saber como os trabalhadores iriam reagir a uma candidata mulher, principalmente porque ainda existe muito preconceito, muita discriminaçao, a mulher ainda sofre muito dentro das fábricas, tem a desigualdade salarial, a gente faz a mesma função mas ganha menos que o homem, mas a confiança que os trabalhadores tiveram nessa nova diretoria nos dão a certeza de que estaremos sempre juntos, trabalhando pelo coletivo”.
Fabio Adamczuk, presidente nas últimas três gestões, assume o cargo de tesoureiro na nova direção. “Há dez anos eu havia dito que tínhamos o desafio de chegar aos 70 anos do sindicato com uma mulher presidente, porque essa entidade é da classe trabalhadora, de homens e mulheres que levantam cedo para a batalha diária e o dia de hoje é um marco histórico”, ressaltou.
Homenagens
Durante a cerimônia foram homenageados os 10 ex- presidentes já falecidos do Sindicato: João Kienoff, Waldomiro Teodoroniz, Osvaldo Eurico Riegel, Leopoldino Grando, Euculino Menegatti, Avelino Morganti, Adolfo Cosel, Nelly Antonio Dambrós, Fiorindo Cambruzzi e Valdecir Luis Frare. Os últimos três presidentes, Marini Vani ( gestão 1992 a 1998) atualmente secretário regional para a América Latina e o Caribe da Industriall Global Union, Jaime José Basso (gestões de 1998 a 2010) e Fabio André Adamczuk ( gestões de 2013 a 2025) receberam placas de homenagem pela contribuição à entidade.
Desafios e responsabilidades
O cenário atual de desafios para a classe trabalhadora foram ressaltados pelas autoridades presentes. A vereadora Sandra Picolli, que representou a Câmara de Vereadores de Erechim ressaltou a importância do movimento sindical. “Os sindicatos tem sido duramente atacados nos últimos anos e muitos trabalhadores compram esse discurso, muitas vezes atuando contra a entidade que luta pelos direitos deles. A história mostra que os sindicatos foram fundamentais na conquista dos direitos. Houve época em que não se falava em 13º e FGTS, por exemplo. Os sindicatos foram os primeiros a lutar por saúde, pela educação, a lutar pela vaga na creche… Ultimamente se engrandece tanto o empresário que se esquece que a empresa sem trabalhador, não é nada. As empresas contratam para gerar lucro e não tem problema nisso, mas a gente quer que esse trabalhador não seja explorado, que tenha salário digno”, disse.
O prefeito de Erechim, Paulo Polis, ressaltou que a cidade está no topo do ranking de geração de emprego no RS, mas que é preciso qualificar esse emprego. “ Não é uma luta fácil, mas a relação entre o empresário e o trabalhador tem que ser uma via de mão dupla. O empresário tem que subir a régua salarial, fazer com que a participação nos lucros realmente aconteça, olhar diferente para esse trabalhador . Precisamos refletir sobre a qualidade do emprego que estamos gerando”, destacou.
Novas lutas
O fim da escala 6 x 1, a redução dos juros e a isenção do pagamento do imposto de Renda até R$ 5 mil, foram citados pelo presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT,Loricardo de Oliveira, pelo presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, Lirio Segala e pelo presidente da CUT-RS Amarildo Cenci como as lutas mais importantes da atualidade. Cenci destacou a necessidade desse avanço e a campanha que a CUT está produzindo para difundir o projeto da deputada federal Erika Hilton. “ A vida não tem hora extra, é preciso que essa discussão tome toda a sociedade”, disse. Lirio Segalla, da Federação dos Metalúrgicos, chamou a atenção para a necessidade de mobilização para a Campanha Salarial de 2025. “Estamos iniciando mais essa luta, que é sempre um desafio, mas é um momento em que podemos mostrar a união dos trabalhadores e a força dos sindicatos”, destacou. Loricardo de Oliveira, que conduziu a posse na nova direção entregou uma camiseta para a campanha da redução da jornada produzida pela CNM CUT à nova presidente. “Essa camiseta já está com a deputada Erika Hilton, agora vamos fazer essa camiseta chegar aos trabalhadores do Brasil, à tribuna do Congresso em Brasilia, vamos fazer manifestações em frente ao Banco Central para reduzir juros e pressionar o governo pelo envio do projeto e o Congresso pela aprovação da isenção do imposto”, garantiu.
Por Ascom