Emater projeta safra de grãos gaúcha com quebra de 26,91% em relação à estimativa inicial

Números foram divulgados na manhã de hoje, na Expodireto, e consideram perdas de 41,05% na produção de milho e 31,10% na de soja, quebra menor que a da safra 2021/2022

A estiagem que se abateu sobre o Rio Grande do Sul desde o final do ano passado representa, até este momento, uma perda de 26,91% no volume de grãos que o Estado pretendia colher na safra 2022/2023, segundo os dados divulgados na manhã desta terça-feira pela Emater/RS-Ascar, durante a 23ª Expodireto, em Não-Me-Toque. Dos 33, 84 milhões de toneladas projetadas inicialmente pela Emater, devem ser colhidos 24,73 milhões de toneladas de grãos, entre arroz, feijão (primeira e segunda safras), milho e soja, 9,11 milhões de toneladas a menos em relação à primeira estimativa.

O maior impacto do estresse hídrico foi registrado no milho grão, cuja quebra chega neste mês de março a 40,05%. A Emater visitou 458 municípios com o cultivo e apurou que dos 6,10 milhões de toneladas estimados em setembro do ano passado para a safra de verão devem ser colhidos 3,59 milhões de toneladas. No ranking dos 12 municípios com melhor performance, a maior produção foi registrada em Caxias do Sul, com com 658 mil toneladas, e a menor em Pelotas, 110,5 mil toneladas. A área plantada com o grão também diminuiu, de 831,78 mil hectares para 810,38 mil hectares.

A soja, principal cultura plantada no Estado, tem projeção de perda menor, caindo de 20,56 milhões de toneladas para 14,16 milhões de toneladas, 31,10% a menos. Segundo o diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera, os dados da soja ainda podem sofrer alteração, já que a colheita da oleaginosa ainda é incipiente, em razão do atraso no plantio, provocado pela falta de umidade em dezembro passado. A área plantada com soja no  Rio Grande do Sul se manteve praticamente inalterada em relação à projeção inicial, ficando em 6,51 milhões de hectares, contra os 6,58 milhões de hectares estimados em setembro de 2022.

Apesar de ser a terceira estiagem sucessiva no Estado, os índices de perdas estimados neste ano são menores que os da safra 2021/2022, quando a Emater calculou quebra de 53,2% na produção de milho e 52,1% na de soja.

Para o arroz, a queda estimada em relação aos dados iniciais é de 2,91%, de 7,09 milhões de toneladas para 6,88 milhões de toneladas. A área plantada com o alimento ficou acima do estimado em 3,14%, fechando 889,54 mil hectares, contra 862,49 da primeira projeção. O arroz é uma cultura que sofre tradicionalmente menos com a estiagem, uma vez que se dá, em maioria, nos terrenos irrigados pela várzea.

O produtor de feijão deve colher 49,55 mil toneladas na primeira safra, 4,67% menos que o estimado. Na segunda safra do alimento, o desempenho tende a ser melhor, com uma colheita de 28,12 mil toneladas, contra as 20,43 mil projetadas em setembro passado.

O presidente da Emater/RS, Christian Lemos, ressaltou que a agropecuária do Rio Grande do Sul é desempenhada, marcadamente, pelo agricultor familiar, principal público da assistência técnica prestada pela associação. De acordo com Lemos, os produtores familiares produzem 83% do leite, 52% da proteína animal, 50% do feijão e 46% do milho gaúchos. ” Dos nossos 16 mil associados, 85% são pequenos produtores”, comentou.

O presidente disse ainda que é prioridade para a Emater difundir entre agricultores e pecuaristas do Estado a “cultura da irrigação”, para que o empreendedor tome a decisão de investir não apenas para plantar bem, mas também para garantir a colheita.

Fonte: Correio do Povo

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