Distribuição irregular de chuvas manteve disparidade no potencial produtivo da soja

A distribuição espacial irregular das precipitações manteve as disparidades no potencial produtivo da soja. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (13/03), em regiões de menor pluviosidade, especialmente no Noroeste e Planalto Médio, a combinação de uma onda de calor intensa (de 03 a 08/03) e a umidade insuficiente no solo ampliou as perdas. Os cultivos apresentaram sintomas de estresse hídrico e térmico.

De modo geral, no Estado, a colheita ainda está em fase inicial, em ritmo lento (5%). Outros 33% estão em maturação; 48% em enchimento de grãos; 12% em floração e 2% em germinação e desenvolvimento vegetativo. Os resultados preliminares confirmam a grande variabilidade no potencial produtivo, influenciada pelo volume de chuvas ao longo do ciclo, pela época de semeadura e pela resposta característica de cada cultivar.

As chuvas de distribuição irregular, registradas no final de fevereiro e no último dia 09/03, beneficiaram os cultivos de soja em regiões onde os volumes foram adequados para reposição da umidade na capacidade de campo do solo. Nessas áreas, observou-se a recuperação da turgescência foliar e a interrupção dos danos fisiológicos decorrentes do déficit hídrico anterior.

Os produtores prosseguiram as aplicações de fertilizantes foliares à base de macro e micronutrientes para estimular o desenvolvimento vegetativo nos cultivos de implantação tardia. Em lavouras estabelecidas em dezembro, priorizou-se a aplicação de reguladores fisiológicos para fixação de vagens e otimização do enchimento de grãos, visando mitigar perdas produtivas residuais.

A área de cultivo inicialmente projetada pela Emater/RS-Ascar totalizava 6.811.344 hectares. No entanto, houve redução de área de 1,2%, ou seja, 6.729.354 hectares em razão principalmente da dificuldade de implantação no momento recomendado. Também em função da estiagem, a produtividade média projetada inicialmente em 3.179 kg/ha sofreu redução (20,3%) para 2.240 kg/ha. A escassez hídrica também ocasionou redução de 17,4% na produção, estimada em 15,07 milhões de toneladas

MILHO

A colheita progrediu brevemente e atingiu 69%, pois os produtores priorizam a operação em outros cultivos, como soja e arroz. Outros 14% estão em maturação; 9% em enchimento de grãos; 4% em floração e 4% em germinação e desenvolvimento vegetativo.

Em decorrência da estiagem, a produtividade foi reestimada pela Emater/RS-Ascar em 6.866 kg/ha, correspondendo à redução de 3,5% nos 7.116 kg/ha projetados na época de plantio. Apesar dessa frustração, a produtividade deverá ser 21,6% maior em comparação aos 5.646 kg/ha, alcançados em 2023/2024 (IBGE).

As lavouras implantadas no final de dezembro e janeiro foram beneficiadas pelas chuvas recentes, embora apresentem, em parte do Estado, sinais de déficit hídrico. Para a Safra 2024/2025, a Emater/RS-Ascar estimou inicialmente o cultivo de 748.511 hectares, reavaliados para 696.587 hectares efetivamente plantados. Assim, a produção do cereal deverá alcançar 4.782.704 toneladas.

MILHO SILAGEM

A colheita do milho de silagem está em estágio avançado, e aproximadamente 80% da área cultivada foi ensilada. Restam 10% das lavouras em desenvolvimento vegetativo, semeadas em safrinha, e 10% entre as fases reprodutivas e o ponto ideal de corte. A maior ocorrência de chuvas desde final de janeiro permitiu a formação adequada de grãos, favorecendo a qualidade da silagem. Contudo, a falta de chuvas entre o final de dezembro e a primeira quinzena de janeiro provocou a diminuição do porte das plantas em algumas lavouras, limitando a produtividade em termos de massa verde.

A produtividade média para safra 2024/2025 foi reavaliada em 36.760 kg/ha, representando redução de 6,8% nos 39.457 kg/ha estimados na ocasião do plantio. Apesar da redução na avaliação inicial, o volume está 17,4% superior ao obtido na Safra 2023/2024 (31.323 kg/ha). Para a Safra atual, a área efetivamente plantada é de 336.531 hectares.

ARROZ

A colheita do arroz avançou para 20% da área cultivada em decorrência das reduzidas precipitações no período, que minimizaram as interrupções operacionais e otimizaram o acesso às lavouras.

A distribuição fenológica atual indica 41% das áreas em fase de maturação, 33% em enchimento de grãos e 6% em floração. Nas parcelas em estágios reprodutivos (floração e enchimento), mantém-se o monitoramento fitossanitário com aplicações preventivas de fungicidas e inseticidas, especialmente em produções com maior investimento tecnológico.

Segundo o Instituto Rio Grandense de Arroz (IRGA), a área efetivamente plantada foi reavaliada para 970.194 hectares. A Emater/RS-Ascar procedeu à reestimativa da produtividade média para 8.376 kg/ha, registrando convergência entre dados observados e projetados. Houve apenas redução de 0,9% em relação aos 8.478 kg/ha estimados na fase pré-implantação das lavouras.

FEIJÃO 1ª SAFRA

A colheita da primeira safra do feijão atingiu aproximadamente 65% da área cultivada no Estado. As lavouras remanescentes, de semeadura tardia, localizam-se nos Campos de Cima da Serra, e seguem na fase de enchimento de grãos e em início de maturação. Algumas áreas foram dessecadas para uniformizar a maturação e facilitar a colheita. As lavouras apresentam sanidade adequada e mantêm o potencial produtivo, que deverá ficar em torno de 2.400 kg/ha. Para a Safra 2024/2025, a Emater/RS-Ascar reestimou a área cultivada para 27.149 hectares e, e produtividade média no Estado para 1.838 kg/ha.

FEIJÃO 2ª SAFRA

A implantação da segunda safra do feijão registrou retração devido principalmente ao déficit hídrico crítico durante a janela ideal de semeadura e à baixa recarga hídrica dos reservatórios, impedindo a irrigação contínua ao longo do ciclo fenológico. Complementarmente, a desvalorização dos preços reduziu a atratividade econômica, desincentivando investimentos. Estima-se que foram efetivamente semeados 11.913 hectares, o que corresponde a uma redução de 46,5% de área em relação à safra anterior. A produtividade está avaliada em 1.527kg/ha.

Por: Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar

Jornalista Taline Schneider

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