Dia mundial de meio ambiente, comemorar o que?
O Dia 5 de junho, é o Dia Mundial de Meio Ambiente. Foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 15 de dezembro de 1972, durante a Conferência de Estocolmo, na Suécia. Foi durante esta mesma conferência que foi aprovada de igual modo, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o PNUMA. A criação da data, como ponta de lança de um movimento político, cujo objetivo principal foi de marcar a conscientização da população mundial sobre os temas ambientais, principalmente, aqueles que dizem respeito à preservação e a conservação dos ativos e bens naturais. Modernamente busca-se refletir sobre os impactos da ação humana no planeta, inclusive, com repercussões que estão mudando o clima global.
A ideia de instituir data comemorativa é uma tentativa para chamar a atenção para uma temática específica, a fim de promover o debate e conscientizar a sociedade. Particularmente, acredito, ser importante, mas na área ambiental, o temos visto que isso tem tido pouco aderência em produzir, realmente mudanças substantivas. Consertar o que foi quebrado, custa dinheiro!
Além disso, crescemos e reproduzimos uma sociedade “do mais e do melhor”. Duvido muito que a sociedade atual vá abrir mão de consumo e conforto imediato em nome das gerações futuras. Especialmente em um país como o Brasil, em que perdura a ideia de abundância infinita, cujo comportamento social, é agir de forma perdulária, na crença ilusória de os recursos naturais nunca vão acabar.
Quase sempre a temática ambiental causa alguma comoção quando se depara com as cenas mostradas o noticiário do desmatamento, de animais molhados com petróleo ou de incêndios descontrolados.
Dificilmente se conecta a problemática com a realidade cotidiana. No Rio Grande que é um estado rico, coleta apenas 31% do esgoto, e trata 25%, percentual menor do que estados mais pobres do país. E olha que estamos falando disso há muito tempos. Por exemplo, em nossa cidade esse assunto se arrasta sem solução a vista. Se acredita que não há motivos para tanta preocupação.
Afinal, esse assunto não rende votos. O que rende votos é fazer lombada, sinaleira e tapar buracos (que não acabam nunca) e tapinhas nas costas.
Outra questão, é o que fazemos do lixo, cada habitante produz até quilo de lixo por dia. Os produtos que consumimos chega a vir com três embalagens. Via de regra, o lixo é um problema da prefeitura, a obrigação do cidadão é leva-lo até calçada e é só!
Mas o que poderíamos fazer para reduzir volume?
Para evitar desperdício, pois 40% da produção de alimentos vai para o lixo. No mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), ao mais de 250 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados por ano, nos estágios de produção, estocagem, processamento e comercialização.
Qualquer coisa que pensemos em relação ao meio ambiente, há a necessidade de por o pé no freio da economia e no consumo. Precisamos reduzir as expectativas “do mais e do melhor”, isso é uma farsa. Contudo, como colocar esse assunto em evidência de verdade, na medida em que o país tem mais de 13 milhões de desempregados passando sufoco para sobreviver e, mais milhões vivendo em situação de precariedade?
E eles votam, e quase sempre em qualquer promessa que não vai ser cumprida!
No que diz respeito aos agricultores (os pequenos) cerca de 60% estão vivendo na condição de pobreza, cuja renda monetária não chega a meio salário mínimo.
Será que a ideia de proteger o meio é coisa da cabeça de quem está vivendo com as necessidades materiais já atendidas? Pelo visto, estamos diante do enorme dilema, preservar ou aumentar a exploração correndo o risco de matar a galinha com os de ouro!
É o debate da sustentabilidade, conceito polissêmico, politicamente correto, em que serve para tudo e serve para nada, e que poucos parecem saber o que realmente é.
Eliziário Toledo
Sociólogo, mestre em Desenvolvimento Rural (PGDR/UFRGS – 2009), doutor em Desenvolvimento Sustentável (CDS-UnB – 2017), mestrando em Ciência e Tecnologia Ambiental (UFFS – 2018).