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Charrua: uma cidade com medo

O conflito indígena que iniciou na metade do último mês de agosto na Reserva do Ligeiro, município de Charrua, já resultou em uma morte, vários feridos, aproximadamente 60 casas incendiadas, carros queimados e praticamente colocou a cidade em estado de sítio. As aulas foram canceladas e retomadas por duas vezes, comércios estariam atendendo com as portas fechadas e no último dia 17, um tiroteio em frente ao ginásio onde estão acampados cerca de 300 indígenas levou pânico à população do até então, pacato município.

A confusão começou em agosto deste ano, quando os indígenas acampados no ginásio foram expulsos da reserva após um violento conflito e se refugiaram no município de Tapejara. No início de setembro, eles tentaram voltar para a área indígena, mas houve novo confronto e outra vez o grupo precisou partir, desta vez se refugiando em Charrua. Como medida de segurança, a prefeitura então cancelou as aulas, já que duas escolas, uma de Ensino Fundamental e outra de Educação Infantil, ficam juntas ao local. Dentro da comunidade do Ligeiro as aulas estão suspensas a mais de 30 dias.

Mesmo sendo competência exclusiva da União a intervenção em questões indígenas, foi na Brigada Militar (BM) que a administração encontrou apoio para que as aulas fossem retomadas no dia 11. Dentro das possibilidades, policiais do 13º BPM reforçaram a segurança na cidade, principalmente nos horários de aula, para garantir a segurança da comunidade escolar. Na mesma semana, BM e Polícia Federal realizaram operação no município e prendeu pelo menos cinco indígenas apontados como lideranças dos grupos rivais. Porém, na noite de domingo (17), tiroteio em frente ao ginásio resultou na morte de um indígena e as aulas voltaram a ser suspensas. No dia 20 a administração voltou a receber confirmação de policiamento no município e o ano letivo foi retomado no dia seguinte. Desde então, nenhum fato violento foi registrado e se ocorreu, não chegou a conhecimento público de forma oficial.

A Funai, que já começava receber críticas no município por uma suposta falta de envolvimento na questão, principalmente após o presidente da entidade cancelar uma visita que faria a Charrua, tem mediado a situação e realizado reuniões com os dois grupos rivais, mas ao que tudo indica, as negociações ainda irão se estender por muito tempo, já que nenhum dos lados demonstra estar disposto a ceder. Ambos querem ficar com a liderança da reserva.

Por Alan Dias/JBV Online 

 

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