“Não despendi nem um real em favor das vítimas. Meus bens foram todos bloqueados”, afirma sócio da Kiss

Mauro Londero Hoffmann foi o terceiro réu interrogado no júri do caso Kiss. O empresário informou que, do pouco mais de 1 ano em que atuou efetivamente como sócio de Elissandro Callegaro Spohr (Kiko) na Boate Kiss, seu papel foi apenas de investidor. Kiko era o sócio administrador e quem tomava todas as decisões. “Ele era o Kiko da Kiss. A minha mãe não sabia que eu era sócio da Kiss. Eu não me sentia dono, eu era sócio”.

Mauro também era proprietário de um restaurante e de uma lancheria. A Boate Kiss surge na noite santamariense em 2009. Elissandro Callegaro Spohr também era músico e tocava na Absinto. Era um jovem comunicativo. Quando Kiko assumiu o comando da Kiss, a boate passa a fazer sucesso. Nessa época, Mauro teve um problema com o local onde a Absinto funcionava e surgiram propostas dele se associar à Kiss e à Ballare (outra boate concorrente). “Optei pela Kiss, pela parte estrutural, mas, principalmente, porque eu não tinha tempo para nada. E lá eu não precisaria me envolver. Kiko seria o sócio administrador”.

Ele costumava ir na Kiss nas quintas-feiras. Semanalmente se reunia com Kiko e Ângela Spohr (uma das gerentes da casa) sobre demandas de ordem financeira do estabelecimento. “Todo e qualquer fato administrativo da boate eu não fazia parte. Eu não tinha nem a chave da Boate Kiss”. Havia um grupo de trabalho formado por dirigentes e funcionários, no Facebook, e Mauro não fazia parte. O investimento rendia em torno de R$ 15 mil mensais a ele.

A banda Gurizada Fandangueira já tocou na Absinto Hall. Mas, de acordo com o relato do réu, “nunca constou em contrato nenhum que a banda fazia uso de fogos de artifício”. Falou sobre algumas regras que a casa tinha durante as apresentações musicais, como não tocar hino de time de futebol, e que não fazer uso desses recursos também era uma dessas condições.

Quando soube do incêndio, Mauro correu para a boate. Os táxis estacionados em frente atrapalharam a saída, na avaliação do empresário, mas eles também ajudaram no transporte das vítimas. Esse pode ter sido o motivo de tantas vítimas fatais encontradas nos banheiros. “Porque não conseguiam sair”.

“Era cena de horror”, definiu. “As pessoas ainda saíam vivas de lá. Pouco tempo depois, a gente tomou a proporção (da gravidade dos fatos)”.

Mauro lembra que ficou no local até por volta das 5 horas de domingo e que se apresentou na Delegacia de Polícia posteriomente.

Mauro contou sobre a vida que leva pós tragédia.  “Tive que fugir com a minha família, pois, nas redes sociais, diziam que iam queimar a nossa casa”. De acordo com o empresário, até funcionários seus foram ameaçados. “Sempre tive vontade de ajudar (as famílias). Aqui só temos perdedor. Ninguém ganhou nada”.

Sobre ajuda às vítimas Mauro Londero Hoffmann disse que não teve a oportunidade. “Não despendi nem um real em favor das vítimas. Não porque eu não quis. Meus bens foram todos bloqueados. Meus negócios foram todos fechados”, diz sócio da Kiss.concluiu.

destaque