Casamentos caíram pela metade no RS de 2015 para 2018, seguindo tendência nacional

Crise econômica e mudança cultural sustentam queda em registros de cartórios

Em acordo com tendência nacional, os gaúchos estão casando, morrendo e nascendo menos nos últimos quatro anos – e a maior queda é nos matrimônios. Em 2018, a taxa de uniões registradas em cartório a cada 1 mil habitantes no Rio Grande do Sul foi de 2,2, quase metade do índice registrado em 2015, de 4.

A análise de GaúchaZH é um cruzamento dos registros de 2015 a 2018 de todos os cartórios gaúchos, fornecidos pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), e da população estimada do país e de cada um dos 497 municípios gaúchos ano a ano, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Algumas cidades não constam na análise porque não têm cartório – nesses casos, a população se dirige a uma localidade vizinha.

Em 2015, cartórios espalhados pelo Rio Grande do Sul registraram 45,7 mil casamentos homo e heteroafetivos para uma população de 11,2 milhões (quatro a cada 1 mil habitantes). Ano após ano, as celebrações de amor perante o Estado diminuíram, apesar de a população aumentar. Em 2018, para 11,3 milhões habitantes, foram 25,1 mil uniões em cartório (2,2). 

No Brasil, apesar do crescimento da população, os matrimônios também ficaram mais escassos a cada ano, ainda que de forma mais lenta. Em 2015, houve 1,1 milhão de casamentos para 205,4 milhões de habitantes (5,5 cada 1 mil habitantes). Em 2018, foram 781,4 mil celebrações para 208,4 milhões de pessoas (3,7).

— Em 2002, quando entrou o novo Código Civil, viu-se que a união estável vale tanto quanto o casamento. Elas então começaram a aumentar e os casamentos, a diminuir. Outra questão é cultural: há novos modelos de família e, para muitos, a união estável é o suficiente para montar uma família — analisa Arieste Schnorr, presidente da Arpen no Rio Grande do Sul.

Marcos Winck, ex-economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE) e hoje professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), sugere que a queda nos matrimônios também ocorre como consequência da crise econômica:

— Em anos de crise, por mais que os casais se juntem, no fim não fazem festa de casamento, nem se inscrevem no cartório. Não é que haja um número menor de uniões, mas a crise econômica desincentivou as pessoas a formalizá-las.

As cidades mais casamenteiras do RS

  • Ibiaçá: 10,38 pessoas a cada 1 mil habitantes
  • Jari: 8,81 pessoas a cada 1 mil habitantes
  • São Valentim: 6,88 pessoas a cada 1 mil habitantes
  • Cerro Branco: 6,63 pessoas a cada 1 mil habitantes
  • Rodeio Bonito: 6,48 pessoas a cada 1 mil habitantes

As cidades menos casamenteiras do RS

  • Carazinho: 0,08 pessoas a cada 1 mil habitantes
  • Cacequi: 0,16 pessoa a cada 1 mil habitantes
  • Piratini: 0,24 pessoa a cada 1 mil habitantes
  • Uruguaiana: 0,29 pessoa a cada 1 mil habitantes
  • Chuí: 0,30 pessoa a cada 1 mil habitantes

A cidade com maior aumento de casamentos de 2017 para 2018:

  • Cachoeira do Sul: +1.522%, passando de três registros para 47
Fonte: Gaúcha ZH
destaque