A maior empresa que a Intecnial terá que (re)construir

Invariavelmente, a vida impõe a pessoas e empresas que, em determinado momento da existência, diante das bifurcações que se apresentam pelo caminho, se escolha por um deles. Invariavelmente, a vida impõe a pessoas e empresas que, em determinado momento da existência, diante das bifurcações que se apresentam pelo caminho, se escolha por um deles.

Fundada em 1º de outubro de 1968, como empresa prestadora de serviço, a Intecnial escolheu seguir, na primeira bifurcação que se lhe apresentou, por volta de 1972/73, a estrada menos usada – a partir do início dos processos de fabricação. E isso fez toda a diferença.

A trajetória, desde então, foi marcada pela qualidade no trabalho prestado e por eventos importantes, como a instalação da empresa no então recém-criado Distrito Industrial de Erechim (sendo a primeira fábrica a se estabelecer no local, em 1982) e o crescimento registrado na ‘cadeia soja’, na virada dos anos 2000.

A Intecnial transformou-se numa empresa que constrói empresas, sendo reconhecida como tal.

Contratos milionários, com clientes no Brasil e exterior, começaram a ser assinados, fazendo nascer até navios a partir do solo bota-amarela, léguas distante do mar.

Notabilizada por sua excelência, empregou 4.000 trabalhadores e faturou algo em torno de R$ 1 milhão por dia nos períodos de bonança.

Em 2016, porém, afetada, entre outros elementos, pela quebra de contratos de obras com dois grandes clientes, a empresa que constrói empresas afundou naquela que é, até hoje, a sua pior crise.

Crise que continua, aliás. Mas, a partir da aprovação do plano de recuperação judicial (RJ), na última semana, direção, sócios, demais colaboradores e toda uma comunidade voltaram a sonhar.

A retomada, porém, passa necessariamente pelo resgate de parcerias sólidas, transparência e a captação de novos e gordos contratos (o setor de energia parece animador), que só serão adquiridos com a recuperação da credibilidade da marca – ora nauseabunda pelo ferro estereotipado da RJ.

Considerando que o montante total da dívida é, hoje, de cerca de R$ 200 milhões, o superintendente da Intecnial S.A., Airton Folador, estima que o ponto de equilíbrio da empresa só se dará quando o faturamento bater na casa dos R$ 100 milhões, demandando, pois, um crescimento de 40%.

Sob os cuidados do escritório de Dárcio Vieira Marques, foi vencida a etapa jurídica e eliminado o risco da falência. Agora, é preciso, pois, que a empresa mostre (relembre) a mercado e seguradoras, de que sabe fazer, e faz bem feito.

Para chegar ao cinquentenário com força, a Intecnial, diante de uma nova e decisiva bifurcação, terá que construir a maior de todas as suas obras: a que remonta à marca própria.

# Sobre a situação dos trabalhadores da Intecnial que têm valores a receber (algo em torno de R$ 10 milhões, representando 5% do total das dívidas da empresa), a previsão de início de pagamento, conforme o plano de recuperação aprovado, é de 90 dias. Atualmente, a Intecnial conta com 520 colaboradores – sendo 40% deles com algum tipo de atraso. Outros 800 ex-funcionários também esperam pelo ressarcimento de montantes devidos.

# Para saber: A Intecnial S.A. dedica-se a atividades de projeto, fabricação e instalação de bens industriais, desenvolvendo soluções customizadas, de classe mundial, para os setores de Agronegócio, Energia e Logística.

# Para saber 2: Cerca de 30% do biodiesel produzido no Brasil passa por plantas construídas pela Intecnial.

 

Por Salus Loch

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