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A CIÊNCIA AO ALCANCE DA POPULAÇÃO DE ERECHIM

Há uma imagem tradicional da ciência e de quem trabalha com ela que é muito curiosa. Faça o teste: escreva “cientista” no Google imagens e veja o que aparece. O que se sugere é uma atividade bem restrita a pessoas de jalecos e que manipulam equipamentos e substâncias. Certamente a atividade de laboratório é muito relevante e, graças a ela, tivemos, por exemplo, em curto tempo uma vacina contra a Covid-19.

Porém, há várias formas de se fazer ciência. Não existe ciência sem a pesquisa, que é a atividade de produção do conhecimento. Cada área tem o seu jeito de realizar pesquisa, estando presente na universidade, na indústria, no meio rural, nos hospitais, enfim, em variados lugares. Além de seu princípio científico, ou seja, organizado por uma teoria e por método, a pesquisa tem um princípio educativo[1], sendo parte dos currículos escolares e na formação de professores(as).

Dessa forma, pela pesquisa a ciência produz conhecimentos que ajudam o ser humano a entender melhor o mundo que vive. Mas a ciência não é neutra, podendo tanto ser usada para objetivos nobres (como uma vacina para atacar um vírus), como para outros fins, como a construção de bombas e armamentos nucleares de destruição. Assim, a ciência precisa da consciência, que á capacidade de bem encaminharmos o frutos do trabalho humano em prol do bem comum.

Em geral, ainda se tem a imagem de que ser um cientista é ser alguém separado da vida da maioria, ou seja, que fica isolado(a), falando e escrevendo em uma linguagem acessível apenas a quem também tem aquela formação. Se isso não é de todo falso, tendo em vista certa especificidade de área de atuação, por outro lado é verdade que todas as pessoas têm a capacidade de entender o mundo em que vivem. Ou um(a) agricultor(a) não sabe muito de solos, plantas, sementes e colheita, talvez em proporção similar a um(a) estudante universitário(a) de agronomia? Será que uma pessoa que vive em sociedade não dispõe de leituras parecidas com a de um(a) sociólogo(a)?

Portanto, há um “saber de experiência feito”, algo que faz parte da trajetória de qualquer pessoa, pois a própria vida ensina[2]. Além disso, aprendemos com Paulo Freire que, partindo de nossa “leitura de mundo”, passamos a ter a “leitura da palavra” e, por meio desta, aprofundamos nossa capacidade de ler o mundo. E o lugar privilegiado para aprender a palavra é a escola.

Assim, a escola deve ser o lugar da pesquisa e da ciência. Não de qualquer fazer científico, mas consciente. É o lugar das ciências da natureza, assim como das ciências humanas. Pelo trabalho sério de educadores(as), temos a realização de projetos que envolvem o fazer científico, experimental e curioso. Despertar e estimular nas crianças e jovens o gosto pela pesquisa é uma das mais importantes tarefas da escola. Sem isso, o trabalho científico na universidade fica prejudicado.

Nesse sentido, cabe um sério investimento na estrutura das escolas, com bibliotecas, boa internet e laboratórios de diversas áreas do conhecimento. A realização de projetos e de parcerias com universidades e institutos de pesquisa é fundamental para que possamos ir desmistificando a ciência como algo longe das pessoas. Por isso, a UFFS Erechim assumiu o desafio de realizar a I Feira Ciências Sem Fronteiras: Conhecimentos e Diversidades[3], de 16 a 18 de outubro de 2024 no Campus universitário na ERS 135.

Com entrada gratuita, a Feira vai reunir 87 trabalhos de escolas públicas e privadas da nossa região, mostrando um pouco do que é feito na educação básica. É uma oportunidade de toda a nossa comunidade conhecer os projetos e fortalecer os vínculos entre as escolas e a universidade, assim como entre a UFFS e a comunidade regional.

Entre aspas

Nesta semana a UFFS tem programações interessantes para além da Feira de Ciências. Receberemos mais de 1.500 estudantes do ensino médio de escolas públicas de toda a área da 15ª CRE no UFFS Portas Abertas[4], evento que abre a universidade aos seus futuros estudantes, mostrando a estrutura e os cursos disponíveis, formas de ingresso e políticas de permanência, como auxílios econômicos, bolsas de pesquisa, extensão, cultura e ensino, além do Restaurante Universitário que serve almoço e jantar ao preço de R$ 2,50 cada refeição aos estudantes. Não custa lembrar: a UFFS é uma universidade pública federal e gratuita. É a ciência ao alcance da população de Erechim e região.

Thiago Ingrassia Pereira

Professor da UFFS Erechim

Coordenador do Projeto de Extensão “Dizer a sua palavra”: democratização da cultura popular e da comunicação

thiago.ingrassia@uffs.edu.br

[1] De acordo com o livro “Pesquisa: princípio científico e educativo” de Pedro Demo. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=4944076&forceview=1

[2] Para saber mais deste conceito de “saber de experiência feito” na obra de Paulo Freire, acesse o artigo de minha autoria: https://periodicos.furg.br/remea/article/view/6896

[3] Ver: https://feiracienciaserechim.uffs.edu.br/

[4] Ver: https://www.uffs.edu.br/eventos/evento_uffs-1727721714.31

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