O Dia Internacional da mulher é celebrado nesta segunda-feira, 8. Para lembrar a data em um ano tão atípico, a Rádio Cultura conversou nesta manhã, com duas profissionais da saúde de Erechim. As mulheres são a maioria dos profissionais que estão na linha de frente do enfrentamento da pandemia do coronavírus.
Josilei Colossi, 37 anos, é Enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) covid-19. Trabalha há seis anos na UTI do Hospital de Caridade e não imaginava que 2020 e 2021 seriam anos tão difíceis. Todas as noites, Josilei deixa o marido e os filhos de 14 e 6 anos, para começar a jornada em prol da vida.
“No início da pandemia, trabalhávamos com muitas dúvidas e medos referentes ao modo de contágio, paramentação e cuidado ao lidar com os pacientes contaminados, mas agora, essa insegurança passou. Quase todos os dias auxilio na intubação de pacientes, vejo os olhos deles pedindo socorro”, disse a enfermeira.
Ainda comentou que em meio a solidão, sofrimento, se tornam a família dos pacientes. “Pegamos nas mãos dos pacientes, os encorajamos, acalmamos diante do desespero e nos tornamos a família deles”, explicou. A enfermeira até pensou em desistir, mas voltou atrás. “Pensei, eu tenho meu marido, meus filhos, uma casa para voltar e quero, proporcionar aos internados a mesma sensação, quero que retornem para os seus”.
Aos 29 anos, Anderlise Augusta Viero de Mattos é Enfermeira e Gerente dos Serviços de UTI Geral e Covid do Hospital Santa Terezinha. A rotina da profissional inicia às 7h, mas sem horário para terminar. “Estamos cansados, o desgaste psicológico é grande, mas também seguimos aprendendo a cada dia. Seguidamente falamos que depois deste desafio, estaremos prontos para qualquer coisa”, enalteceu.
Anderlise não vê os pais há meses, ela se afastou das pessoas que tanto ama para prevenir que eles não contraíam a Covid-19. “O momento é desafiador, temos uma família que precisa da gente e por vezes, não conseguimos dar atenção”, lamentou.
Disse ainda que em meio ao sentimento de tristeza, os profissionais da linha de frente se tornam família dos hospitalizados. “Cada paciente carrega consigo uma história, são mães, avós e tias que gostariam de estar com a sua família. Quando vão a óbito não tem a despedida, o último abraço, carinho e nós, sofremos junto”.
Também contou sobre a alegria das altas hospitalares. “Não tem preço poder fazer a diferença na vida de alguém”, finalizou.
Por Carla Emanuele