UFFS produz estudos de cartografia para compreender disseminação da Covid-19

Mapas utilizam variáveis como faixa etária, densidade demográfica e áreas de concentração de pessoas em Erechim; outro trabalho observa dados mundiais

Pesquisadores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim seguem trabalhando em estudos sobre a pandemia da Covid-19. As novas contribuições vêm dos professores Paula Lindo, Éverton Kozenieski e Reginaldo Souza da área da Geografia, e do técnico do Laboratório de Geotecnologia e Topografia, Bruno Zucuni Prina. Todos estão utilizando a cartografia para compreender melhor a disseminação do vírus tanto no município de Erechim como no estado do Rio Grande do Sul e também no mundo.

Uma das intenções do trabalho de Paula, Éverton e Reginaldo é auxiliar o poder público com dados sobre os territórios, utilizando variáveis como a faixa etária da população, densidade demográfica, áreas de vulnerabilidade social e a localização de pontos que concentram pessoas. Os pesquisadores elaboraram mapas temáticos para subsidiar a compreensão da situação atual da área urbana de Erechim, a partir da organização espacial da cidade. “Para além da quantidade de casos e mortes, nos interessa entender como a doença pode se espalhar, ou seja, se espacializar, para saber quais medidas podem ser planejadas para diminuir sua disseminação”, dizem os pesquisadores.

Um dos dados que chama atenção nos mapas é a localização das pessoas com mais de 50 anos, em Erechim. O grupo etário de 50 a 59 anos, em 2010, representava 10.609 pessoas, distribuídas de maneira homogênea em praticamente todos os bairros. Cabe ressaltar que os pesquisadores elaboraram uma projeção populacional para 2020, considerando óbitos e envelhecimento. No entanto, avaliaram que mesmo havendo mudanças nos últimos 10 anos, a composição e distribuição da referida população possui características parecidas com aquelas de 2010.

A análise destaca também que 12,45% da população erechinense tinha mais de 60 anos em 2010, ou seja, aproximadamente 12 mil pessoas se enquadram na condição de idosos. Em relação aos residentes que possuíam de 60 a 69 anos, o número era de 6.387 pessoas. “Ao olharmos para a distribuição desta população, verificamos uma relativa concentração na área central da cidade”, dizem os pesquisadores.

O mesmo exercício realizado para a população de 70 anos ou mais indica a presença de 5.576 pessoas. Com relação à distribuição destas, é possível observar uma redução da quantidade de pessoas mais idosas da periferia da cidade. A população desta faixa etária reside principalmente no Centro e nos bairros Ipiranga e Morro da Cegonha. “Distinguir e localizar a população com 60 anos ou mais torna-se importante aspecto para definição de ações prioritárias da saúde pública”, alertam os professores da UFFS.

Outro mapa destaca a síntese espacial a partir dos indicadores das áreas prioritárias para ações contra a Covid-19, demonstrando uma lógica de organização do espaço urbano de Erechim com destaque para duas situações: primeiro, para se evitar mortes; segundo, para evitar a transmissão do vírus. O indicador populacional, especialmente sobre a população idosa, define a área prioritária na qual há maior suscetibilidade a óbitos em decorrência do agravamento da doença, ou seja, locais na cidade onde são necessárias ações para evitar contaminação dos residentes idosos.

O mapa também ressalta vias de grande circulação de pessoas e centros de atendimento de saúde e de assistência social, que devido às suas características se constituem em possíveis focos de agrupamento de pessoas, colaborando para a disseminação do vírus. Os primeiros pontos destacados são hospitais, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Estes representam pontos sensíveis para o acolhimento e atendimento quem padece da Covid-19. Tratam-se de referências para a população em situações relacionadas à saúde e à assistência social e também são suportes à qualidade de vida das pessoas pertencentes ao grupo de risco.

Foram evidenciados também outros locais que possuem potencial para acelerar a circulação do vírus nos bairros da cidade. Estes têm características que concentram grande quantidade de pessoas em um mesmo período do dia (como horários de início e fim de aulas, horários de pico, saída e entrada de trabalhadores da indústria e do comércio). O mapa localiza os terminais de ônibus intermunicipal e interestadual, que recebem passageiros de vários municípios do estado e do Brasil; as universidades (UFFS e URI) e o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), que têm fluxos diários de estudantes vindos de Erechim e de municípios da região; o terminal de ônibus urbano, ponto de convergência e integração do transporte público municipal; e o distrito industrial e frigorífico, ponto de concentração de trabalhadores e de fluxos regionais de pessoas.

A intenção do mapa síntese é demonstrar que se trata de um instrumento a ser utilizado para além da localização de pontos e áreas. “O contexto geográfico erechinense apresenta importantes elementos socioespaciais para entender e antecipar possíveis desdobramentos de um espalhamento do novo coronavírus e seus impactos na saúde pública”, ressaltam os pesquisadores. “É possível antecipar e planejar ações que são de saúde pública. Garantir a vida é um dever e direito social. O vírus não escolhe quem infectar, mas a sociedade escolhe quem proteger.”

Outro destaque é o trabalho da acadêmica Thamires Romão, da 7ª fase do curso de Geografia, que produziu mapas do estado com o objetivo de verificar a evolução espacial e temporal do vírus. Na prancha elaborada pela estudante é possível verificar, no mês de março, a presença de casos em mais de 50 municípios, bem como um salto de casos do dia 20 para o dia 25 de março.

No mundo

O técnico de laboratório Bruno Zucuni Prina é doutor em Geografia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ele é responsável pela organização de um mapa online (WebMappings), disponível aqui (https://www.google.com/maps/d/u/0/viewer?mid=1OXKxq9luFa7CY1U0PQdWHOtH-lLVg1lP&ll=-3.81666561775622e-14%2C-22.427178000000026&z=1), que auxilia o entendimento das dinâmicas e proporções que o novo coronavírus está alcançando no mundo, equicomparando com o cenário brasileiro. O trabalho pode traçar cenários futuros a partir da análise de dados pretéritos.

“É uma forma interativa de apresentação de dados cartográficos que facilita inúmeras questões. O acesso aos dados pode ser realizado a partir do acesso à internet com um smartphone, computador ou notebook. A atualização das informações também é facilitada, uma vez que os dados sempre estarão disponíveis no mesmo link”, explica Bruno. “A ideia de trabalhar com WebMappings é motivada por ter sido o assunto central da minha tese de doutorado”.

O ponto central das análises refere-se à evolução exponencial da pandemia. As ferramentas cartográficas facilitam a análise e evolução desses dados, conforme simplificado neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=mycmgZZoWaM&feature=emb_title.

“O que mais chamou minha atenção é a evolução da pandemia, que está aumentando de forma muito acelerada. No dia 5 de março eram 95.324 casos, com 3.275 mortes e 85 países atingidos. Já no dia 14 de abril houve o registro de 1.844

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