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Vivências de indígenas na UFFS são abordadas em documentário produzido por alunos

Depoimentos de acadêmicos do curso de Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo apresentam um recorte da presença indígena nos bancos universitários

Dos 172 acadêmicos indígenas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim, 129 estão vinculados ao curso de Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo: Ciências da Natureza. Este dado revela uma das várias peculiaridades desta Licenciatura, que tem por objetivo a formação de professores para atuar, preferencialmente, em escolas do campo, bem como em outros espaços educativos escolares e não escolares. No último semestre de 2019, como trabalho final da disciplina de Seminário Integrador I, a turma da 1ª fase produziu um vídeo abordando a relação dos acadêmicos com o curso. O pequeno documentário apresenta um recorte de como esta opção formativa está estruturada na UFFS e, também, oferece uma visão sobre a presença dos indígenas nos bancos universitários.

Os alunos gravaram as imagens com o celular, registrando momentos do cotidiano das comunidades indígenas, principalmente na região de abrangência da UFFS – Campus Erechim. Há também depoimentos dos acadêmicos falando sobre a experiência de ingresso na Universidade e o que isto significa para cada um, seja o aluno indígena ou não.

O vídeo foi produzido para a disciplina de Seminário Integrador I, ministrada pela professora Solange Todero Von Oncay. “Este componente curricular tem por objetivo discutir a respeito dos sujeitos do campo, sua formação, seu contexto e organização social”, explica a docente. “Como forma de aproximar as aulas das práticas sociais, valorizando a cultura e o modo de vida das comunidades, surgiu a ideia de pequenas gravações, permitindo que os estudantes estabelecessem um vínculo entre o estudo e suas vivências, reconhecendo-se nas mesmas e sendo sujeitos nesta construção”.

Os acadêmicos participaram do projeto desde o momento de sua concepção. “A ideia era desenvolver um material simples porém capaz de mostrar que determinadas tecnologias podem auxiliar na construção de nossas aulas e no empoderamento de nossos sujeitos”, pontua Solange. “Vários são os fatores que motivaram a construção do vídeo, desde os trechos gravados previamente pelos estudantes, os quais traziam um conteúdo muito significativo, até os depoimentos que iam expressando a proposta do curso, levando à compreensão do regime de alternância”, diz a professora, referindo-se à forma com que está estruturado o curso.

A Licenciatura em Educação do Campo: Ciências da Natureza está organizada em dois tempos que se complementam: Tempo Comunidade e Tempo Universidade. As disciplinas foram pensadas para que os estudantes exercitem e experimentem diferentes intervenções no local de origem (Tempo Comunidade), ressignificando-os no Tempo Universidade e permitindo uma efetiva aproximação entre o ambiente educativo, as práticas docentes e os saberes locais.

Conforme a professora Solange, o vídeo que os acadêmicos produziram também se relaciona com o curso em virtude da valorização da linguagem oral. “Nosso objetivo, mais a longo prazo, é de encontrar formas metodológicas de valorizar o conhecimento presente na linguagem oral e de avançar em métodos de registro e de pesquisa, integrando conhecimentos presentes na cultura indígena em diálogo com o conhecimento acadêmico”, diz.

Outras turmas e professores do curso contribuíram com a produção. O conteúdo da disciplina de Produção Textual, ministrada pelo professor Anderson Goulart, também foi válido: nas aulas, os acadêmicos estavam trabalhando com textos da escritora Sônia Kramer, que abordam a representação e as histórias de vida de professores. Os acadêmicos Rafael Muller e Vanessa Trentin Zoraski, do curso de Licenciatura em Pedagogia, também contribuíram de forma voluntária.

Para sanar dificuldades na gravação, foi ofertada uma oficina de produção de fotos e vídeos, porém, a capacitação aconteceu quando o vídeo já estava em fase de acabamento. “Pretendemos dar sequência nos próximos semestres, no estilo dos vídeos sem edição, incentivando seu uso e tornando mais um recurso pedagógico acessível”, explica a professora Solange.

A docente analisa que a produção possibilitou uma integração maior entre os acadêmicos, auxiliando em uma melhor compreensão da proposta do curso, da Educação do Campo e na relação com a comunidade, valorizando a prática social das comunidades indígenas, seus conhecimentos e cultura. Os estudantes apresentaram o trabalho no dia 8 de dezembro durante o Seminário Integrador, momento que ocorre nos finais de semestre, quando todos os acadêmicos se reúnem para expor seus trabalhos e partilhar seus conhecimentos com os professores e demais estudantes.

O vídeo está disponível no Google Drive: https://drive.google.com/file/d/1HTsBjG5-tvOXsVUeP6j67I4Nk1aErg1n/view.

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