Pesquisadores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim têm voltado-se cada vez mais à canola, cultura ainda pouco explorada no meio acadêmico e científico nacional principalmente no que se refere ao controle de plantas daninhas e produtividade dos grãos. Os estudos são desenvolvidos no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental e têm como orientadores os professores Leandro Galon e Altemir Mossi. Pelo menos duas dissertações de mestrado, defendidas em dezembro de 2018 e fevereiro de 2019, investigaram o tema.
De acordo com o professor Galon, a pesquisa da acadêmica Daiani Brandler gerou resultados inéditos no Brasil. O estudo sobre interferência e nível de dano econômico de plantas daninhas na cultura da canola demonstrou que é necessário que o produtor efetue o controle das plantas daninhas de 25 a 60 dias após a canola emergir do solo. Efetuar o controle antes desse período não é necessário. Porém, quem passar dos 60 dias e não efetuar o monitoramento, perderá toda a produtividade da canola.
A pesquisa apontou também que a infestação de nabo, azevém e aveia preta alteraram negativamente a altura das plantas, diâmetro de caule, área foliar, número de plantas por metro, a massa seca da parte aérea, o número de síliquas e a massa de mil grãos. A interferência das plantas daninhas reduziu em 94,05% a produtividade da canola quando nenhum método de controle foi empregado.
Outro dado se refere ao número de plantas de nabo que podem ficar em convivência com a canola: até aproximadamente seis plantas por metro quadrado, dependendo do híbrido semeado e do manejo adotado. Para esta análise a equipe da UFFS utilizou seis híbridos diferentes: Hyola 575 CL, Hyola 50, Hyola 76 e o Hyola 571 CL apresentaram maior competitividade com o nabo do que os híbridos Hyola 433 e Diamond. Já a utilização dos híbridos Hyola 50, Hyola 76, Hyola 571 CL e Hyola 575 CL aumentou o nível de dano econômico nas plantas.
O acréscimo na produtividade de grãos, no preço da canola, na eficiência do herbicida e a redução do custo de controle faz com que menos plantas de nabo por metro quadrado sejam necessárias para se entrar com algum método de controle, para evitar perdas de rendimento do produtor.
A outra pesquisa da UFFS, da acadêmica Thalita Pedrozo Pilla, analisou a qualidade das sementes de canola quando submetidas à maturação com herbicidas. No estudo, as plantas que não receberam aplicação dos produtos e que permaneceram no campo até o final do ciclo da cultura apresentaram sementes de melhor qualidade física, fisiológica e sanitária.
Dos seis herbicidas testados, o diquat foi o que apresentou os melhores resultados para a cultura. O momento mais adequado para o seu emprego é na época em que a canola entra na fase de maturidade fisiológica.
– Avaliamos duas épocas: quando a canola começa a ficar com a cor marrom das síliquas, para a colheita, e outra época quando pelo menos 40% do pé de canola está com um marrom mais escuro. Os produtores devem ficar atentos para que a canola não fique muito tempo no campo, o que pode fazer com que se perca grãos pela abertura das vagens – explica o professor Leandro Galon.
Os trabalhos serão agora encaminhados para publicação no meio científico. Segundo Galon, os experimentos feitos são próprios de uma universidade pública como a UFFS. “Em virtude das estratégias de concorrência do mercado, dificilmente uma empresa privada estudaria isso. Proporcionar essas informações é praticamente um serviço que fazemos aos produtores”, destaca.