Chama a atenção de quem passa pela sede da Emater, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, a grande quantidade de veículos novos: são carros zero quilômetro amontoados no estacionamento devido a trâmites burocráticos.

Os 108 Mobi —  ano 2018, motor 1.0 e  cor branca —  chegam ao ficar bege de poeira em dias de calor e cobertos de folhas de árvores quando o tempo é instável. Esses veículos, que poderiam estar sendo usados pelos escritórios da Emater para promover o desenvolvimento rural no Interior, estão parados há cerca de três meses.

— Como a Emater não pode receber diretamente dos governos federal e estadual, é preciso passar pela Secretaria de Desenvolvimento Rural. Aí cabe ao Estado fazer a cessão de uso para a Emater.

Silvana lamenta que a burocracia esteja atrasando a utilização dos veículos.

— Por conta do período eleitoral, a gente não pôde fazer nada com isso. O processo está andando dentro do Executivo. Está no departamento de patrimônio da Secretaria de Administração. Assim que o departamento der ok, podemos usar. O processo já foi e voltou três vezes pedindo explicações sobre o uso dos veículos.

A diretora administrativa da Emater relata que os veículos serão distribuídos nos 108 escritórios da instituição espalhados pelo Interior. Ela garante que o trabalho segue, mesmo sem a frota zero quilômetro.

— Serão levados para os escritórios com maior carência de veículos. Não chega a comprometer o trabalho no campo. Não estamos com nenhum escritório sem veículo. Será uma renovação da frota. Os mais antigos serão substituídos pelos novos.

O convênio é de R$ 4 milhões, incluindo os 108 Mobi, 108 notebooks para os técnicos utilizarem no campo e outros equipamentos menores.

A presidente da Associação dos Servidores da Emater, Isolete Magali Georg Bacca, lembra que os veículos são fundamentais para uso dos técnicos:

— O técnico usa para ir na propriedade. Somente chegando lá que ele pode fazer o planejamento para os pequenos agricultores ao longo do ano. E também a médio e longo prazos. Ele dá toda a orientação. O carro é a ferramenta mais importante.

De acordo com Isolete, a entidade não recebeu reclamações de falta de veículos nos escritórios do Interior.

A secretária do Planejamento, Leany Lemos, que recém assumiu o cargo com a troca de gestão e passa a ser responsável pela administração, disse que não sabe os motivos da demora para liberação dos veículos, mas que esse convênio terá “um trâmite especial”. Lembra, no entanto, que os decretos publicados pelo governo do Estado preveem redução de mil veículos em 60 dias:

— Cada secretaria vai apresentar um plano de gestão de frota, que inclui a racionalização e redução de manutenção e combustível, por exemplo. A frota é enorme. São quase 19  mil veículos do Estado.