Uma operação secreta da Brigada Militar (BM) já esperava que um banco na região entre o norte do Rio Grande do Sul e a Serra fosse atacado por assaltantes na modalidade do “novo cangaço” – quando moradores são usados como escudo humano. Esse tipo de ataque, geralmente, é organizado por um grande número de criminosos com armas longas, diminuindo a chance de resposta da polícia.

Ainda antes das 14h de segunda-feira, quando as primeiras pessoas foram feitas reféns, já havia um helicóptero e viaturas do Batalhão de Operações Especiais (BOE) entre os municípios de Muitos Capões, Vacaria e Esmeralda – vizinhos de Ibiraiaras.

O comando da corporação atribui a essa organização a rápida resposta ao assalto em Ibiraiaras, que resultou na morte de seis bandidos e de um dos reféns, o subgerente do Banco do Brasil, Rodrigo Mocelin da Silva, 37 anos. Na ação, foram apreendidos ainda fuzis, pistolas e metralhadoras.

A ordem para a operação partiu diretamente do subcomandante-geral da BM, coronel Eduardo Biacchi, e foi emitida a um grupo restrito de policiais. De acordo com o oficial, a ação é feita desde abril com máximo sigilo para impedir qualquer vazamento de informação. Até esta terça-feira (4), policiais da corporação que não estavam envolvidos ou que não exercem funções de chefia sequer sabiam da existência da chamada “Operação Diamante”.

— É uma tropa para guerra de movimentos, para desestabilizar o crime. É uma rede móvel, que se movimenta, conforme as análises que fizemos de cada período. Vamos mobilizando os policiais de acordo com as informações de inteligência que vamos recebendo — detalhou o subcomandante.

A operação

A operação foi batizada de “Diamante” devido à formação adotada por policiais. A explicação do comando é que “o diamante tem vários pontos, que é o que torna ele cada vez mais precioso”, assim como a ação.

A agência de inteligência em nível estadual da BM, com policiais responsáveis por trabalhar com os bastidores das maiores quadrilhas do Estado para antecipar ações, fez um ranking com as cidades com maior chance de serem atacadas. A partir disso, com o recebimento de denúncias, o subcomandante direciona seus policiais.

Para a operação secreta, três helicópteros da corporação ficam disponíveis. Cada um deles pode monitorar quase que simultaneamente 80 cidades devido à alta velocidade. Além disso, o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e o BOE, considerada a tropa de elite da polícia, também ficam a postos.

Segundo o subcomandante, “infelizmente não foi possível evitar o ataque, mas nos movimentamos rápido, o que não seria possível de outra forma”. O comandante do BOE, tenente-coronel Claudio Feoli, confirma que a atuação em Ibiraiaras “não foi ao acaso” e que o ranking é preparado com 100 números de variáveis.

Combate na selva

Outro fator apontado como positivo na operação de ontem é o combate na selva entre criminosos e polícia. Os agentes explicam que faz parte da estratégia da polícia encurralar os criminosos em um mato. Na segunda-feira, policiais das cidades da região fizeram o cercamento da mata. Só os agentes do Gate entraram no matagal, em número menor do que os criminosos. Os policiais, no entanto, possuem treinamento de selva.

— O que se ouviu a partir da entrada do Gate no mato foram seis ou sete confrontos esparsos na mata, em torno de 45 minutos. É uma mata bastante fechada, que requer técnica bastante apurada para progressão no terreno. O treinamento que esses policiais detêm faz a diferença — considera Feoli.

Ao entrar na mata, os policiais não sabiam a localização dos criminosos, mas a quadrilha teria aberto fogo em direção aos policiais, que revidaram o ataque.

Por volta das 7h desta terça-feira (4), os policiais com treinamento de selva retornaram ao matagal. Há a suspeita de que dois bandidos ainda estejam na região. Até o momento,  nenhum deles foi localizado. Esta foi a terceira vez que houve ataque a bancos em Ibiraiaras.

BM não esperava ataque a banco em Três Palmeiras

Feito quase simultaneamente, o ataque a banco em Três Palmeiras, a 190 quilômetros de Ibiraiaras, também na tarde de segunda-feira (3), não foi antecipado pela Brigada Militar (BM). Neste caso, não houve confronto com bandidos e ninguém foi preso.

Fonte Gaúcha ZH