O receio de que dentro de poucos anos falte lenha na região do Alto Uruguai, caso novas áreas não sejam implantadas, tem preocupado entidades e indústrias que utilizam a lenha como matéria-prima. Com esta preocupação, a empresa Olfar lançou o Programa Regional de Energia Renovável, que visa à implantação de florestas energéticas com o objetivo de produção de biomassa florestal (cavaco) para geração de energia e calor. O lançamento do programa aconteceu nesta quarta-feira (14/11), no Polo de Cultura, em Erechim, reunindo diretores e funcionários da empresa, produtores, empresários, técnicos da Emater/RS-Ascar, lideranças regionais, prefeitos, entre outros.
A abertura do evento contou com a presença do prefeito de Erechim, Luiz Francisco Schmidt, do gerente da Emater/RS-Ascar, Gilberto Tonello, do presidente da Associação Comercial, Cultural e Industrial de Erechim (Accie), Fábio Vendruscolo, e do presidente da Associação dos Municípios do Alto Uruguai (Amau), Ademir Sakrenzenski. Para o prefeito, o projeto será importante para “atender uma região que necessita produzir e consumir”.
O gerente Tonello observou que a região tem aptidão para expandir o reflorestamento e outras áreas, como a fruticultura, para o desenvolvimento regional. “A Emater vem trabalhando no fomento do florestamento e reflorestamento e é parceira neste projeto. Temos a preocupação se realmente haverá lenha para atender a demanda no futuro”, ressaltou.
Os presidentes da Accie e da Amau também elogiaram o programa e enfatizaram a importância do cultivo de eucaliptos, com o florestamento e reflorestamento, para o desenvolvimento social e econômico da região. As duas entidades garantiram apoio ao programa.
Na sequência, palestrou o assistente técnico regional em Sistemas de Produção Vegetal da Emater/RS-Ascar, engenheiro agrônomo Luiz Ângelo Poletto. Ele apresentou um panorama da situação da silvicultura no Alto Uruguai, no Estado e no país, destacando os benefícios econômicos, sociais e ambientais da atividade.
Segundo ele, na região do Alto Uruguai a área total de plantio é de 21.572 hectares, sendo a maior parte de eucaliptos. Os municípios com maiores áreas são Erval Grande (4.750ha), Erechim (2.300ha), Aratiba (2.205), Benjamin Constant do Sul (1.450ha) e Itatiba do Sul (1.150ha). Já o consumo de lenha, cavacos e toras por empresas atinge três mil hectares ao ano. Somente uma indústria de Erechim consome 850 metros cúbicos de cavaco/dia, exemplificou. Na sua avaliação, o plantio regional deve concentrar a produção destinada a toras, cavaco e pellets. Também apontou como sistema de plantio, o agrossilvipastoril, ou seja, a criação de gado de corte e de ovelhas de forma integrada com a floresta.
Poletto citou vários motivos responsáveis pela redução da madeira na região, entre eles, a queda do preço da lenha, o aumento da área cultivada com soja, as dificuldades de mão de obra, o manejo inadequado das áreas, a competição de preços de madeira oriunda de outras regiões, a falta de incentivo e a falta de equipamentos adequados para a exploração florestal.
A situação do reflorestamento no Estado também não é confortável, já que o Rio Grande do Sul tem 800 mil hectares de área plantada, sendo que 320 mil hectares são de área própria ou arrendada para a indústria de celulose.
O pesquisador da Embrapa Florestas, Erich Schaitza, falou sobre o uso da biomassa florestal na produção de energia no Brasil. Após as palestras, o engenheiro florestal e coordenador do programa, Roberto Ferron, apresentou o Programa Regional de Energia Renovável, que conta com a parceria de produtores rurais e o apoio da Emater/RS-Ascar e Embrapa, entre outras entidades.