Prestes a voltar para casa depois de sete dias de internação em razão de problemas respiratórios, o pequeno Arthur Nascimento, de 1 ano e 11 meses de idade, só quer saber do colo dos pais, Suzana de Lima e Alisson Nascimento.
Todavia, durante o período de recuperação, entre 22 e 28 de maio, Arthur acabou dividindo sua atenção, também, com o feijão servido pelo Serviço de Nutrição e Dietética (SND) do Hospital de Caridade de Erechim.
– O Arthur amou o feijão, conta Suzana – que acompanhou o filho durante toda a semana. Ela, por sua vez, confessa que também se surpreendeu com a qualidade da alimentação oferecida.
– Nem parece comida de hospital. Tinha lasanha, panqueca, carnes. Cardápios diferentes todos os dias, um tipo para mim e outro para o Arthur, que ainda foi muito bem atendido no lactário. A equipe da cozinha está realmente de parabéns, assim como todo o pessoal do Hospital, relata a jovem mãe.
Para preparar o feijão do Arthur e as outras 700 refeições servidas diariamente a pacientes e colaboradores, o HC conta com 13 funcionárias que se dividem em cozinha e confeitaria. São três cozinheiras, duas doceiras, sete auxiliares de cozinha e confeitaria e uma higienizadora do setor.
Dietas especiais
Aos pacientes com restrições são oferecidas dietas especiais para cada patologia. O cardápio, neste caso, é elaborado em um fogão separado dos pacientes que recebem dieta livre ou branda.
Na confeitaria são realizados todos os lanches oferecidos aos pacientes internados, além da maioria dos lanches vendidos na lanchonete e também os quitutes dos eventos realizados no Hospital.
Os pacientes internados recebem as três refeições principais (café, almoço e janta), dois lanches intercalados e, mediante requisição, a ceia.
Qualidade e segurança
O setor de Nutrição, sob a responsabilidade da nutricionista Dinaura Copercini, tem o papel de garantir a qualidade e segurança dos alimentos desde o recebimento até o consumo final. Para isso, são elaborados cardápios semanais, bem como a conferência de todos os alimentos – adquiridos, preferencialmente, a partir da produção de Erechim e região. “Existe a preocupação com a manipulação dos alimentos e com a própria estrutura física da cozinha, critérios que devem ser seguidos de acordo com as regras de Boas Práticas para os Serviços de Alimentação, descritos na resolução RDC nº 216/2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária”, observa Dinaura.
Conforme a nutricionista, o almoço é a refeição produzida em maior quantidade devido à demanda da lanchonete do Hospital. “Essa refeição é servida para os funcionários da instituição, familiares e visitantes dos pacientes e público em geral”, explica.
O almoço e a janta para os pacientes são distribuídos pelo setor de copa, que se dirige até a cozinha para a montagem e organização dos pratos nos carrinhos térmicos.
Experiência à mesa
Entre as 13 colaboradoras que trabalham na produção de alimentos do Hospital de Caridade, há profissionais com mais de três décadas de serviços prestados à instituição. É o caso da doceira, Tereza Amélia Cezne, com 31 anos de casa – para quem, a dupla ‘pastel e pão de queijo’ é sucesso de vendas ‘garantido’.
Já entre as cozinheiras, a ‘veterana’ do time é Mira Raquel Borges – com nove anos de HC.
Com 73 anos de idade, sendo 25 anos deles vividos nas cozinhas do Hospital, destaca-se Idélia Zin. Também com 73 primaveras aparece Ivonete Pereira de Lima, que há três anos trocou o trabalho no bloco cirúrgico pelo SDN.
A experiência delas é mesclada com as mãos e o talento de jovens auxiliares de cozinha que amam o que fazem.
O pequeno Arthur Nascimento, com seu rostinho lambuzado de feijão, sabe disso.
Saiba mais
# A rotina de trabalho da equipe de cozinha do HC começa cedo, por volta das 6h30min. Neste período, são iniciados o pré-preparo dos alimentos, como cortes das carnes e legumes. O tempero é feito na véspera, para pegar o sabor.
# De acordo com a nutricionista Dinaura Copercini, os alimentos são retirados do almoxarifado no dia anterior para serem separados de acordo com o cardápio – que é elaborado para a semana.
# A preparação dos alimentos que são servidos é uma tarefa trabalhosa, já que o cardápio do dia tem as adaptações para todos os tipos de dietas. Há também as restrições de preferencia pessoal, como hábitos, religião, etc.
# O cuidado no preparo das refeições é outro ponto priorizado no HC. É fundamental que haja treinamento, disciplina e supervisão para que os funcionários da cozinha possam praticar diariamente boas maneiras e as regras de higiene.
# Os hospitais que optam por possuir uma cozinha e não terceirizar as refeições servidas conseguem, em regra, proporcionar um melhor atendimento às restrições e preferências do paciente.